domingo, 16 de junho de 2024

HIPOCRISIA

 A MÁSCARA DA HIPOCRISIA 


Jesus foi mais duro em suas palavras com os hipócritas do que com ladrões e prostitutas. Estes tinham consciência de que eram desprezíveis. Aqueles também o eram, mas procuravam impressionar com qualidades que não possuíam. Uma prostitua maquiada é menos perigosa do que um hipócrita disfarçado.


Somos quem somos, não o que aparentamos ser. Mas, na realidade, nos admiram e amam pelo que aparentamos. Não é nossa personalidade que é amada, mas a máscara que a encobre. O personagem que representamos no palco da vida, com os cosméticos da vaidade e sob as luzes da autoglorificação, é diferente do “eu” que existe no recesso da nossa intimidade, sem as máscaras da hipocrisia. Nossa verdadeira identidade surge quando estamos sozinhos, longe de casa, da cidade, dos amigos, da igreja, vigilância. Essa personalidade real não é conhecida no palco, mas no recesso da solidão. É conhecida somente quando tiramos as indumentárias de teatro e ficamos totalmente nus sem os cosméticos de uma falsa aparência. Nada há pior do que sermos por fora aquilo que não somos por dentro. Michael Green tinha carradas de razão quando disse que piedade exterior e corrupção interior formam uma mistura revoltante. Na verdade, a hipocrisia é a mentira mais ruidosa.


Essa máscara da hipocrisia pode ser vista na vida de um grande homem: o rei Davi. Ele vivera uma vida bonita. Fora um pastor de ovelhas, um homem de coração íntegro, de conduta irrepreensível, de vida ilibada, de alma piedosa. Amava a Deus. Era um adorador. Tinha sede de Deus. Deus era o deleite da sua alma, o prazer do seu coração, a razão do seu louvor, a esperança da sua vida. Davi era um poeta consagrado, um musicista talentoso, um compositor inspirado que misturava o seu trabalho com a liturgia cultural da sua vida. Era um homem bonito por fora e por dentro. Era o homem segundo o coração de Deus. O Senhor mesmo o chamou dos prados de Belém para ser rei sobre Israel. Deus o burilou e fez dele um grande líder. Deu-lhe riqueza, poder, fama e muitas vitórias.


Davi liderou exércitos, conquistou cidades, edificou um império e manteve-se puro e íntegro. Mas, um dia Davi deixou de vigiar e caiu. Tudo o que ele havia construído, veio abaixo numa noite de paixão e luxúria. Sua queda foi repentina, mas com avisos claros. Ele caiu, mas não sem sinais vermelhos apontando-lhe os perigos. Antes de cair nos braços da amante, Davi caiu nos braços da ociosidade. Antes de deitar-se com a mulher do próximo, ele abafou a voz da consciência. Antes de mandar matar o marido da sua amante, ele matou a sensibilidade da sua alma.


Davi não só adulterou, mas tentou esconder o seu pecado. Ele não queria perder a pose de rei, não queria que as pessoas soubessem de seu abominável adultério e do seu hediondo crime de mandar matar o marido de Bate-Seba. Por isso, botou uma grossa máscara e continuou levando a vida como se tudo estivesse normal. O tempo passava e Davi ainda guardava no abismo do coração o seu pecado secreto. Por dentro estava arrasado, por fora mantinha as aparências. Sua máscara estava bem ajustada. Chegou até mesmo ao desplante de dar uma demonstração de generosidade pública, cansando-se com a viúva desamparada. Estava mesmo determinado a fingir, ainda que seus ossos estivessem secando e seus gemidos lhe consumissem o vigor durante as vigílias da noite. Davi estava se acostumando com a máscara da hipocrisia e assim viveu até o dia em que o profeta Natã foi lhe visitar.


Natã antes de confrontar Davi, desperta a sua consciência anestesiada. Contou-lhe uma história cheia de profundas emoções. Falou-lhe de um fazendeiro rico e sem piedade que ao receber um ilustre visitante, em vez de matar uma das suas muitas ovelhas para banquetear-se com o amigo, vai à casa do vizinho pobre e mata a sua única ovelhinha, que ele criara com tanto amor, que crescera junto com os seus filhos. Davi irou-se ao ouvir tão clamorosa injustiça. Ele não podia tolerar que no seu reino alguém agisse de forma tão cruel e logo sentenciou: “Este homem deve morrer.”, Natã não se fez esperar, e disse: “Davi, tu és este homem”.


A máscara da hipocrisia levou Davi a enxergar a gravidade do pecado de outrem, mas não os seus. Ele condenou aquilo que ele mesmo estava praticando. Essa é a vida do hipócrita: enxergar o cisco no olho do próximo e não ver o argueiro no seu. O hipócrita é implacável com os outros e condescendente consigo. Ataca o pecado como um escorpião no deserto, mas esconde o seu pecado. Tem capacidade de vasculhar a vida alheia, mas não de fazer um auto-exame. O grande rei Davi tornou-se hipócrita. Passou a viver uma mentira, a representar um papel, a ser um ator, a usar uma máscara para esconder a sua verdadeira identidade. A sinceridade do povo que acreditava em sua integridade, reprovava a sua hipocrisia. Seu coração corrupto o enganou até que, confrontado, libertou-se das algemas do pecado.


COMO REMOVER AS MÁSCARAS


Se as pessoas nos conhecessem como Deus nos conhece ficariam escandalizadas. Se as pessoas pudessem ler todos os nossos pensamentos, ouvir todas as vozes que abafamos dentro de nós e auscultar todos os desejos do nosso coração afatar-se-iam de nós com assombro. Somos, muitas vezes, um ser ambíguo e contraditório. Queremos uma coisa e fazemos outra. Exigimos dos outros aquilo que nós mesmos não praticamos. Condenamos nos outros aquilo que não temos coragem de confrontar em nós mesmos. Para manter nossas aparências usamos máscaras, muitas máscaras. Se você diz que nunca usou uma máscara, é muito provável que esteja acabando de afivelar a máscara da mentira em seu rosto. Algumas máscaras são muito atraentes. Encantam as pessoas. Elas passam a nos admirar não por quem somos, mas por quem aparentamos ser. O profeta Samuel ficou impressionado com Eliabe, filho mais velho de Jessé, e pensou que estava diante do ungido de Deus. Mas, o Senhor lhe corrigiu dizendo: “Não atenteis para a sua aparência, eu vejo o coração”. Vamos, aqui descrever três máscaras que ostentamos:


1°. A máscara da piedade. O apóstolo Paulo em 2Coríntios 3.12-18 fala que nós não somos como Moisés, que colocava véu sobre a face, para que as pessoas não atentassem para a glória desvanecente do seu rosto. Moisés foi um homem ousado. Enfrentou com grande galhardia Faraó e seus exércitos. Liderou o povo de Israel em sua heróica saída do cativeiro. Porém, houve um dia em que Moisés deixou de ser ousado e colocou uma máscara. Foi quando desceu do Monte Sinai. Seu rosto brilhava. Então, colocou um véu para que as pessoas pudessem se aproximar dele. De repente, Moisés percebeu que o brilho da glória de Deus estava se desvanecendo de seu rosto. Porém, ele continuou com o véu. Ele não queria que as pessoas soubessem que a glória estava acabando. Moisés manteve o véu para impressionar as pessoas. Ele usou a máscara da piedade. Muitas vezes as pessoas ficam impressionadas com a beleza das máscaras que usamos. Elas ficam admiradas da propaganda que fazemos da nossa espiritualidade. Pensam que por trás do véu existe uma luz brilhando, quando na verdade, esse brilho já se apagou a muito tempo.


2°. A máscara da autoconfiança. O apóstolo Pedro era um homem de sangue quente. Falava muito e pensava pouco. Um dia, disse a Jesus que estava pronto a ir com ele para a prisão. E mais: ainda que todos os demais discípulos o abandonassem, ele jamais faria isso, pois estava pronto a morrer por Jesus. Pedro pensava que era melhor e mais consagrado do que seus condiscípulos. Era do tipo de crente que confiava no seu taco. Dizia com todas as letras: a corda nunca roe do meu lado. Mas, aquela máscara tão grossa de autoconfiança não passava de um fina camada de verniz de consumada covardia. Quando foi colocado à prova, Pedro dormiu em vez de vigiar. Pedro abandonou Jesus em vez de ir com ele para a prisão. Pedro seguiu Jesus de longe, em vez de estar ao lado de seu Mestre. Pedro negou a Jesus em vez de morrer por ele. Não é diferente conosco. Passamos uma imagem de que somos muito firmes e fiéis. Até fazemos propaganda de nossa fidelidade incondicional a Jesus. Mas, não poucas vezes, essa autoconfiança não passa de uma máscara para impressionar as pessoas.


3°. A máscara da hipocrisia. Os fariseus eram os santarrões que tocavam trombetas acerca de sua espiritualidade. Faziam propaganda de sua piedade. Julgavam-se melhores do que os outros. Achavam que só eles eram fiéis. Quem não concordasse com eles, estava riscado do seu mapa. Eram especialistas em ver um cisco no olho de outra pessoa, mas não enxergavam a trave que estava em seus olhos. Porém, toda aquela aparência de santidade não passava de uma máscara de hipocrisia. A espiritualidade dos fariseus era só casca, apenas propaganda falsa. Jesus chamou os fariseus de hipócritas, ou seja, atores que representam um papel. Disse, ainda que eles eram como sepulcros caiados, bonitos por fora, mas cheios de rapina por dentro. Precisamos humildemente entender que somente pelo poder do Espírito Santo poderemos remover essas máscaras. Vamos começar a fazer isso?


Conclusão 


A HIPOCRISIA DA BONDADE APARENTE 


“Máscaras é tudo aquilo que esconde a verdadeira identidade. Tentamos vender uma imagem positiva. Fazemos propaganda enganosa. Burlamos o princípio da integridade. Sacrificamos a verdade é alçamos a voz para gritar e proclamar não o que somos, mas o que aparentamos ser. Vestimo-nos com peles de ovelha, enquanto bate em nosso peito um coração de lobo”.


E uma das máscaras que o autor mais denuncia, é a máscara da Piedade. Pois segundo ele: “Falar uma coisa e viver outra é a mais consumada hipocrisia. Isso é mentira em grau superlativo. Viver uma mentira em nome da Verdade é uma blasfêmia; é conspirar contra a Palavra de Deus que é luz. A mentira e a farsa são filhas das trevas. A luz da falsa piedade é uma luz falsa, uma ilusão de ótica, um engano consumado".


● Charles Finney em sua Teologia Sistemática tem um capítulo muito especial sobre “Os Atributos do Egoísmo”, ele salienta que o principal dos seus atributos é a Bondade. Sim, é quando fazemos o bem querendo receber elogios, na intenção de ser lembrado, ovacionado e conhecido pelo feito. Fazer o bem como auto promoção é uma das formas mais danosas de hipocrisia e orgulho. Vivemos um tempo que até as supostas religiões cristã e líderes que se reputam como representantes de Deus na terra, fazem o “bem" ou utilizam o dinheiro dos fiéis para fazerem atos de bondade que são postos em redes sociais para promover tais líderes e tais instituições.


Enquanto Jesus diz nos Evangelhos, que quando dermos ofertas ou fazemos o bem, “a mão direita não pode ver o que fez a mão esquerda”, ou seja, quem se promove no bem que faz não é cristão nem possui o espírito do evangelho, é tão somente um hipócrita e presunçoso querendo receber aplausos dos homens.


O que é hipocrisia? É uma encenação, um disfarce, um engano. E quem são os hipócritas? Os hipócrita são atores que representam papéis bem diferentes daquilo que são na vida real. Por isso, Jesus quando usa a palavra “hipócrita” está retirando do teatro grego, onde os atores utilizavam máscaras para encenarem. Os hipócritas fazem papéis de outras pessoas. Eles se apresentam como pessoas distintas das suas verdadeiras personalidades.


● Willian Shakespeare: “Uma gota do mal, uma simples suspeita, transforma o leite da bondade no lodo da infâmia". 


A bondade não pode ser imposta por ninguém, muito menos por uma instituição civil ou religiosa, pois como bem afirmou 


● Anthony Burgess: “O homem que escolhe o mal é, de certa forma, melhor do que aquele à quem a bondade é imposta”.


● Leonardo Boff: que diz que “É melhor possuir uma boa conduta que ter uma religião”. 


A conduta diante dos familiares, no trabalho e com amigos é o que empresta valor e significado a existência humana. Não a religião que professamos. 


● Abrahan Lincoln ao dizer: “Quando pratico o bem, sinto-me bem; quando pratico o mal, sinto-me mal. Eis a minha religião".


Pense nisso!


Quando tu aprenderes a dar sem esperar nada em troca, receberás sem ser necessário retribuíres.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

PAIS

 QUANDO OS PAIS ENVELHECEM: deixe-os envelhecer com o mesmo amor que eles te deixaram crescer, deixe-os falar e contar repetidas vezes histó...