sexta-feira, 28 de junho de 2024

PROSPERIDADE



A heresia da teologia da prosperidade se alastrou por muitas "igrejas evangélicas", principalmente nos Estados Unidos e no Brasil, atraindo uma enorme quantidade de pessoas. Todavia, essa teologia é contrária a doutrina bíblica, levando assim as pessoas a viver no engano, um falso evangelho, longe de amar o Deus da bíblia, mas sim em amar os próprios interesses mundanos e pecaminosos.

Acontece também que muitas pessoas acabam se decepcionando, e até mesmo com o próprio Deus, quando as promessas dos falsos mestres dessa teologia não se cumprem, e muitas pessoas acabam confundindo a mensagem da prosperidade com o próprio Evangelho de Cristo, rejeitando, assim, o próprio Evangelho. Por isso, é importante compreendermos como nasceu, como se desenvolveu e o que ensina essa teologia para podermos confrontála com a Palavra de Deus.


HISTÓRIA


A teologia da prosperidade também é conhecida como "confissão positiva", "palavra da fé", "movimento da fé", e "evangelho da saúde e da prosperidade". Esse movimento teve origem nos Estados Unidos, através do evangelista Essek William Kenyon (1867-1948). Kenyon se "converteu" na adolescência e com 25 anos foi estudante no colégio Emerson College, em Boston, conhecido como um centro do "movimento transcendental", que deu origem a vários movimentos heréticos. Uma das fortes influências que Kenyon recebeu nesse periodo foi de Mary Baker Eddy, a fundadora da "Ciência crista".


Um dos principais ensinamentos desse movimento transcendental, também conhecido como "metafisico" (além do mundo fisico/natural), é que a verdadeira realidade está no mundo espiritual. A dimensão espiritual, todavia, controla o mundo terreno Mas as pessoas também podem controlar o mundo espiritual, e conseguem isso através do correto uso da mente. Desta forma, controlando o mundo espiritual é possível que as pessoas ao assimilarem o correto uso da mente, controlarem o mundo material.


Kenyon acredita que essas ideias eram compatíveis com o cristianismo. Ainda mais, acreditava que poderiam aperfeiçoá-lo. Em função disso, por exemplo, ele cunhou expressões como "o que eu confesso e decreto, eu possuo!" Kenyon passou a elaborar esses ensinamentos e a divulgá-los através de pregações nas igrejas evangélicas tradicionais e pentecostais. Também foi um dos primeiros a usar o rádio como estratégia de evangelismo e manteve o programa "Igreja no Ar" para divulgar seus ensinamentos. Também publicou vários escritos.


Mesmo sendo o precursor do movimento da prosperidade, o grande divulgador de suas ideias foi Kenneth Erwin Hagin (1917-2003). Hagin é tido por muitos como o verdadeiro pai desse movimento. Depois de padecer de uma grave doença, da qual obteve a cura em meio a grandes experiências de "fé", dentre as quais se incluem visitas ao céu e ao inferno, Hagin "se converteu". Começou seu ministério como pregador batista, e com 20 anos se tornou pastor da igreja Assembleia de Deus.

Aos 32 anos teve contatos com pregadores dos movimentos de cura, e em 1962 fundou seu próprio ministério associado ao movimento da prosperidade. Hagin divulgou seus ensinamentos através de seu ministério, de programas de rádio, fitas cassete e livros. Hagin dizia ter tido muitas experiências espirituais, dentre as quais contava oito visões de Jesus Cristo. Os ensinos de Hagin influenciaram vários pregadores norte-americanos, que logo se tomaram grandes divulgadores desse movimento. A partir dos anos 80, várias denominações nos Estados Unidos se declararam contra os desvios desse movimento.

Esse movimento chega ao Brasil já com o status de néopentecostal, um dos primeiros difusores desse movimento no Brasil foi Rex Humbard. A "Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno", promoveu algumas conferências para propagar o movimento entre os empresários evangélicos. Nas primeiras organizações do movimento encontram-se a "Igreja do Verbo da Vida" e o "Seminário Verbo da Vida" (Guarulhos), a "Comunidade Rema" (Morro Grande) e a "Igreja Verbo Vivo" (Belo Horizonte). R. R. Soares for responsável pela publicação da maior parte dos livros de Hagin no Brasil. Desde então as igrejas brasileiras sofreram uma verdadeira invasão dos ensinos do movimento da prosperidade, através de pregações, programas de rádio, de televisão, livros, fitas cassete, CDs e apostilas.


ENSINAMENTOS


Os ensinamentos do movimento de prosperidade se resumem basicamente em três, que versam em torno da impossibilidade do sofrimento para os crentes, da riqueza material e da saúde perfeita como consequência da fé. Analisaremos, portanto, esses três ensinamentos principais:


O SOFRIMENTO COMO FALTA DE FÉ


Os adeptos da teologia da prosperidade ensinam que o sofrimento significa falta de fé. Sendo assim, se alguém sofre é porque ainda não se converteu, e se um cristão sofre é porque não tem fé suficiente. O cristianismo, ao contrário, nunca prometeu uma vida alheia a dificuldades e sofrimentos. Jesus disse aos seus discípulos: “Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições, contudo, tenham bom ânimo! Eu venci o mundo” (João 16:33). Essas palavras de Jesus servem também para nós. Jesus não nos promete a ausência de aflições, mas vai nos dar ânimo para enfrentarmos os sofrimentos.


Os sofrimentos podem até cumprir um propósito de Deus na vida do seu povo. Deus pode empregar sofrimentos para:


Disciplinar seu povo: ‭Hebreus 12:4-6

Na luta contra o pecado, vocês ainda não resistiram até o ponto de derramar o próprio sangue. Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele dirige a vocês como a filhos: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho”.


O crescimento do seu povo: "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo, pelo contrário, alegrai- -vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando" (1 Pedro 4.12-13)


Atos 14.21-22

‭"Eles pregaram as boas-novas naquela cidade e fizeram muitos discípulos. Então voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, fortalecendo os discípulos e encorajando-os a permanecer na fé, dizendo: “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus”.


A RIQUEZA MATERIAL COMO SINAL DE FÉ 


A teologia da prosperidade ensina que os filhos do Rei não podem ser pobres. Portanto, a prosperidade financeira é um direito do cristão e deve ser alcançada por meio da fé. Essa mensagem promete riqueza fácil, o que muitas pessoas estão buscando. Além disso, corre-se o grande perigo de se colocar as riquezas materiais em primeiro lugar, de forma que as pessoas passam a buscar a Deus não por causa da salvação, mas por causa daquilo que Deus pode oferecer como bênçãos materiais.


A Biblia nos alerta em várias passagens sobre o perigo das riquezas. Por exemplo, o apóstolo Paulo adverte: "Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruina e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males, e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores" (1 Timóteo 6.9-10). Da mesma forma Jesus nos adverte que, ao buscarmos as riquezas, não estamos buscando a Deus. 


"Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotara a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lucas 16.13).


Em vez de nos incitar a buscar as riquezas, a Palavra de Deus nos exorta a buscarmos o Reino de Deus em primeiro lugar buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mateus 6.33).

O cristão genuíno aprende a viver em qualquer situação, seja de riqueza, seja de pobreza, e aprende, em qualquer situação que se encontrar, a confiar no Senhor e colocá-lo como seu único objetivo em sua vida. Desta maneira, aprendemos pela Biblia que Deus não trata os pobres com desdém nem que as pessoas se encontram em estado de pobreza por causa de falta de fé (Deuteronômio 15.11, Marcos 14.7, Gálatas 2.10).


A DOENÇA É FALTA DE FÉ 


A teologia da prosperidade promete ainda a cura de qualquer enfermidade, desde que a pessoa tenha fé. Assim, qualquer tipo de doença é encarado como falta de fé. Isso é bastante complicado, principalmente no caso de pregadores e lideres evangélicos que são prontamente desqualificados quando apresentam qualquer enfermidade ou deficiência.


Um dos textos mais usados pelos pregadores desses movimentos é o seguinte: "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades, o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados" (Isaias 53.5). Segundo os adeptos desses movimentos, pelo fato de Jesus ter carregado todas as enfermidades, os verdadeiros cristãos não podem ficar doentes. Isso contrasta com as próprias paginas da Bíblia, que nos apresentam verdadeiros homens de Deus que tinham algumas enfermidades:


• Eliseu não foi curado de sua enfermidade (2 Reis 13.14-20).


• Paulo: mesmo que não possamos definir com clareza qual era seu "espinho na carne", ele orou e pediu a Deus que o curasse, e não foi atendido (2 Coríntios 12.7-10).


• Timóteo: o jovem pastor Timóteo tinha enfermidades estomacais (1 Timóteo 5.23; 2 Timoteo 4.20).


• Epafrodito: companheiro e ajudador de Paulo, adoeceu mortalmente (Filipenses 2.25-30).


Essas pessoas citadas eram verdadeiros homens de Deus, que, todavia, tiveram enfermidades das quais não foram curados. Certamente isso não quer dizer que Deus não realiza a cura de nenhuma enfermidade. O próprio ministério de Jesus se caracterizou, dentre outras coisas, por curar várias doenças. Jesus, ao ler a passagem de Isaías sobre isso, disse que aquelas palavras se cumpriram nele: "O Espirito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me para proclamar libertação ans cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4.18-19).


Mas, neste caso, observamos duas coisas entre os movimentos de cura e a Palavra de Deus:


1- O propósito de Deus nem sempre é a cura. O fato de Jesus ter sarado as nossas enfermidades significa que na ressurreição não teremos mais nenhuma enfermidade e nem mesmo a ameaça da morte (Apocalipse 21.4) Mas, nesta vida, estaremos sujeitos as doenças, e mesmo alguém que porventura nunca tenha ficado doente, certamente morreu ou irá morrer um dia.


2- Podemos perceber uma diferença da atitude de Jesus e dos apóstolos em relação aos hereges desses movimentos quando realizam curas. Essa diferença está na preocupação quanto à propaganda! Jesus, quando realizava uma cura, pedia que não se contasse a ninguém o feito realizado. Podemos ver isso em diversas passagens. O motivo para tanto era o fato de que Jesus não queria que as pessoas o seguissem por causa dos seus feitos ou das curas, mas devido a uma fé sincera e desinteressada. Ao contrário, os hereges desses movimentos fazem exaustivas propagandas de seus feitos e acabam atraindo muitas pessoas em função dos falsos milagres, e não por causa do amor a Deus.


Essa abordagem sobre os hereges da teologia da prosperidade foi sintética e resumida, mostrando os principais ensinamentos desses movimentos heréticos que contradizem a Palavra de Deus.

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