Nossa existência é visitada continuamente pelo mistério. Mais do que conhecimento dos mínimos detalhes, somos convocados à admiração. Tudo é tão perfeito e pleno que não alcançamos uma definição aproximada da vida. Tenho consciência de que viver é saber lidar com o mistério, mesmo quando nos comparamos com os outros. A comparação é uma das maiores armadilhas da existência. Olhar para os outros e medir a própria história a partir dos passos alheios é caminho certo para a angústia. Cada pessoa carrega um enredo diferente, marcado por dores, escolhas, oportunidades e aprendizados singulares. Acreditar que existe uma idade certa para tudo é ignorar a beleza da diversidade dos caminhos humanos. Não há prazo definido para amar, aprender, mudar de rota ou florescer. O tempo da vida não se conta em marcos sociais, mas em experiências verdadeiras. Estar atrasado só faz sentido quando olhamos para uma régua que nunca foi feita para nós. O coração, no entanto, sabe reconhecer seu próprio ritmo, e quando nos reconciliamos com ele, a vida se torna mais leve. É claro que há pressões externas que nos dizem o que já deveríamos ter conquistado, como deveríamos estar vivendo, que posição deveríamos ocupar. Mas se seguirmos essa lógica, viveremos para corresponder expectativas e não para realizar o que realmente nos faz sentido. A verdadeira maturidade está em aceitar que o nosso caminho não precisa ser igual ao de ninguém. Às vezes, um passo que parece tardio aos olhos dos outros é, na verdade, o momento exato em que estamos prontos para recebê-lo. A pressa em se adequar pode nos roubar a autenticidade, enquanto a paciência em respeitar o próprio tempo nos aproxima daquilo que é mais nosso. Cada recomeço, cada mudança, cada conquista tem um momento certo de acontecer, e não cabe ao mundo determinar quando será. O que cabe é viver com inteireza, sabendo que a vida é única e não comporta comparações. A única pressa que devemos ter é a de viver com verdade. No mais, tudo tem seu momento. E o que parece atraso, muitas vezes é apenas o ritmo perfeito da nossa história.
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