A morte de Cristo torna a salvação uma possibilidade ou uma certeza?
Alguns tem sugerido que a morte de Cristo obteve a redenção suficiente para todos os homens, se eles simplesmente cressem nEle. Esse benefício, entretanto, é dado somente a alguns, porque apenas alguns creem. Cristo, dizem eles, obteve a salvação que é suficiente para todos; contudo, na verdade, salva apenas alguns.
Sem dúvida, pagar um preço pela redenção de um escravo não é o mesmo que libertar realmente o escravo. Obter salvação e dar salvação não são exatamente a mesma coisa. No entanto, há várias coisas que agora precisam ser bem entendidas. São as seguintes:
1. Para Cristo obter a nossa redenção e dá-la a nós podem ser dois atos diferentes, mas não se pode argumentar que, consequentemente, eles precisam estar relacionados a dois grupos diferentes de pessoas. Cristo não teve dois propósitos secundários em Sua morte!
2. A vontade de Deus - de que Cristo obtivesse a salvação para os pecadores - não dependia da condição dos pecadores crerem. A vontade absoluta de Deus era que a salvação fosse obtida e dada.
3. O recebimento da salvação depende da nossa fé. Contudo, essa mesma fé nos é dada por Deus sem condições, como espero mostrar mais tarde.
4. Aqueles para os quais Cristo obteve benefícios através da Sua morte devem realmente recebê-los. Afirmamos isso porque:
a. Se Cristo apenas tivesse obtido os benefícios e não pudesse dá-los, então a Sua morte talvez não salvasse ninguém!
b. Teria Deus apontado um Salvador sem decidir quem deveria ser salvo? Poderia Ele apontar um meio sem estar certo do fim? Isso seria contrário aos ensinamentos das Escrituras!
c. Se umas coisa é obtida para mim, certamente deve ser minha por direito, e tudo o que for meu por direito há de ser meu de fato. Portanto, a salvação que Cristo obteve há de pertencer àqueles para quais Ele a obteve. Se é dito: "Sim, mas é deles sob a condição de crerem", eu reitero novamente:"Todavia, a fé também é dada por Deus".
d. As Escrituras sempre colocam juntos aqueles para os quais Cristo obteve a redenção e aqueles a quem Ele a aplica.
i. Isaías 53.5: Cristo cura aqueles pelos quais Ele foi ferido.
ii. Isaías 53.11: Cristo justifica aqueles cujos pecados carregou.
iii. Romanos 4.25: Cristo justifica aqueles pelos quais foi entregue.
iv. Romanos 8.32-34: Deus dá a todas as coisas àqueles pelos quais Cristo morreu.
Aqueles pelos quais Cristo morreu não podem agora ser condenados.
Cristo agora intercede por aqueles por aqueles pelos quais Ele morreu. A partir de todos esses argumentos, fica firmemente estabelecido que todos aqueles aqueles para os quais Cristo obteve a redenção inquestionavelmente a recebem. A salvação não se tornou possível para todos os homens por meio da morte de Cristo; ela se tornou real a todos a quem foi dada.
Permita-me agora fazer quatro declarações que verdadeiramente confirmam esse assunto. Falarei com mais detalhes sobre estes pontos posteriormente neste livro.
1. Deus enviou Cristo para morrer por causa do Seu amor eterno para com os Seus eleitos.
2. O valor da morte de Cristo é incomensurável, suficientemente para tudo o que se propôs que fosse feito através dela.
3. O propósito do Pai era trazer, de todas as nações, muitos filhos para a glória, a saber, Seus eleitos, com os quais Ele decidiu fazer uma nova aliança.
4. Tudo o que foi comprado pela morte de Cristo para aquelas pessoas, no devido tempo, certamente, torna-se delas. Posto que essas coisas foram obtidas para elas, Cristo tem razão em pedir que seja feito assim.
Nota adicional
Se mantivermos o ponto de vista de que a morte de Cristo torna possível a salvação de todos, mas, na verdade, salva apenas aqueles que creem, então estaremos realmente dizendo que:
1. Deus deveria salvar todos os homens. Isso nós negamos. Deus deve fazer somente aquilo que Ele escolhe livremente fazer.
2. Deus não pode fazer o que Ele quer, a menos que os homens cumpram certas condições. Isso nós negamos. Isso detrai da glória de Deus.
3. O amor de Deus é melhor demonstrado por Ele amar todos os homens igualmente do que por amar apenas alguns homens. Negamos isso e argumentaremos o assunto mais completamente na Parte 4, capítulos 2 e 4.
4. Deus enviou o Seu Filho para morrer porque Ele amou todos os homens igualmente. Negamos isso, porque não é bíblico. Muitas passagens bíblicas descrevem claramente pessoas que não são o objetivo do amor que enviou Cristo para morrer. Por exemplo: Provérbios 16.4; Atos 1.25; Romanos 9.11-13; 1 Tessalonicenses 5.9; 2 Pedro 2.12; Judas 4.
5. A fé, que a condição para se receber a salvação, não é obtida para nós pela morte de Cristo. Todavia, as Escrituras ensinam que nossa fé é um dos benefícios obtidos para nós por Cristo.
6. Em Sua morte, Cristo foi substituto para toda a humanidade. Negamos isso, pois se Ele fosse o substituto para todos, então todos seriam salvos.
7. Cristo morreu por aqueles a quem o Pai sabia que não seriam salvos, uma vez que o Pai conheceu de antemão todas as coisas. Não vejo o que se lucra com tal argumento!
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