Uma das grandes tentações da vida é organizar tudo ao redor, exceto aquilo que está mais próximo de nós: a nossa própria casa. Um dos grandes perigos é alinhar compromissos, investir em projetos e até dedicar-se a causas nobres, deixando para trás o próprio lar. A Escritura nos adverte que a piedade começa no ambiente familiar. Antes de pensarmos em servir fora, somos chamados a exercer amor, cuidado e fidelidade dentro de casa.
O apóstolo Paulo é direto: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente.” (1Tm 5:8). Palavras duras: a negligência doméstica não é apenas uma falha relacional, mas uma negação prática da fé! Assim, Paulo mostra que a fé verdadeira se expressa primeiro na forma como tratamos aqueles que Deus colocou sob nossa responsabilidade. Amar os de fora sem amar os de dentro é incoerência espiritual.
Na mesma carta, Paulo também ensina: “Mas, se alguma viúva tiver filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus.” (1Tm 5:4). A piedade, portanto, tem um “primeiro” lugar: o lar. É no seio da família que se prova a autenticidade da fé. O cuidado com os pais, o respeito entre cônjuges, a criação piedosa dos filhos, tudo isso é culto a Deus.
Essa ordem bíblica nos lembra que a espiritualidade não é medida apenas pela frequência ao culto, pelo serviço comunitário ou envolvimento com a missão, mas pela vida no lar.
Isso nos chama a cultivar relacionamentos cheios de graça em nossas casas. Significa ouvir mais, perdoar prontamente, ensinar com paciência e suprir as necessidades não apenas materiais, mas emocionais e espirituais da família. Talvez Deus o esteja chamando hoje a reorganizar afetos e práticas em sua família. Ponha sua casa em ordem, pois isto é agradável diante de Deus.
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