O LEGALISMO
"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão" (Gálatas 5:1 ACF)
Em Gálatas 5:1, Paulo nos exorta a permanecer firmes na liberdade que Cristo conquistou para nós. Ele faz uma clara distinção entre a vida de
liberdade que recebemos como filhos de Deus e a antiga condição de escravidão espiritual sob a lei. A liberdade em Cristo não é apenas um conceito mas uma realidade vivida que deve ser constantemente defendida e exercida. Paulo adverte
contra a recaída nasvpráticas da lei que, em vez de trazer liberdade apenas impõem fardos pesados que a escravidão traz. A repetição da ideia de não se submeter novamente enfatiza que a conotação espiritual e
a decisão moral também são essenciais. Assim o versículo serve como um lembrete poderoso da nossa responsabilidade contínua de permanecer em nosso novo estado de
liberdade, vivendo como verdadeiros filhos do Rei livres das amarras do
pecado e da lei.
▪︎ O que é legalismo? Pode-se definir legalismo como sendo a postura religiosa que privilegia o cumprimento de regras e normas como caminho para a obtenção de bênçãos divina, inclusive a salvação. Dentre os perigos de uma religiosidade legalista está a ilusão de tornar-se uma pessoa melhor, isto é, alguém superior aos outros pelo simples fato de obedecer rigidamente um determinado conjunto de ordenamentos religiosos. É a respeito dos riscos e consequências de uma fé genuína tornar-se legalista que discutiremos nesse artigo, partindo de alguns exemplos bíblicos.
Introdução
I. LEGALISMO RELIGIOSO
Antes de saber o que é o legalismo religioso de acordo com a Bíblia, primeiramente é importante entender o que significa ser uma pessoa legalista. O legalismo basicamente é uma fidelidade à lei, no sentido de haver um apresso estrito por um código legal.
Então, num primeiro momento o legalismo parece ser algo bom, afinal geralmente presar pela legalidade é presar pela justiça. Mas também é possível que o legalismo acabe distorcendo a própria lei, desvirtuando o seu verdadeiro propósito e criando fundamentos que não existem a partir de interpretações pessoais da lei ou adições a ela. E é justamente dessa maneira que a Bíblia fala negativamente sobre o legalismo religioso.
Quando a Bíblia aponta alguém como legalista, ela não está indicando que a pessoa tem um cuidado minucioso em observar a lei corretamente, mas que a pessoa distorce a lei, acrescenta novas exigências à lei, e aplica a lei de um modo que foge ao seu propósito original. E quando se trata de salvação ou condenação eternas, essa questão do legalismo toma uma proporção muito maior.
Isso quer dizer que, em termos práticos, o legalismo religioso na Bíblia significa o ato de tentar manipular a lei de Deus em benefício próprio, fazer adições a essa lei e, principalmente, rejeitar a doutrina da graça de Deus. É dessa forma que várias pessoas são apresentadas na Bíblia como legalistas que precisavam de correção.
EXEMPLOS DE PESSOAS LEGALISTAS NA BÍBLIA
Quando falamos em legalismo religioso na Bíblia, logo surgem dois exemplos principais: os fariseus e os judaizantes. Os fariseus formavam um grupo religioso entre os judeus que era conhecido por observar a lei mosaica em seus mínimos detalhes. Mas o rigor dos fariseus fazia com que eles se afastassem do verdadeiro significado e propósito da lei de Deus.
Na verdade, os fariseus eram tão legalistas nesse sentido que eles adicionavam regras e tradições humanas sobre a lei de Deus. Então, uma vez que em suas interpretações eles apontavam para exigências que não faziam parte da lei autorizada por Deus, consequentemente eles acabavam trocando a lei de Deus por tradições humanas. Portanto, curiosamente o legalismo dos fariseus os afastavam da verdadeira lei de Deus.
Já os judaizantes formavam um grupo que surgiu nos primeiros anos da Igreja Primitiva e que propagava a ideia de que os cristãos tinham de se enquadrar na observância dos costumes judaicos. Então, quando os gentios eram convertidos a Cristo, os judaizantes diziam que eles também tinham de se tornar judeus e cumpridores das leis cerimoniais de Israel se quisessem realmente pertencerem à comunidade da fé. Um exemplo claro do que pregavam os judaizantes, era a exigência da circuncisão para os cristãos gentios.
A BÍBLIA REPROVA O LEGALISMO RELIGIOSO
A Bíblia reprova tanto o legalismo dos fariseus quanto o legalismo dos judaizantes. Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus condenou o legalismo dos fariseus revelando que eles colocavam fardos pesados sobre os ombros dos homens que nem mesmo eles estavam dispostos a carregar (Mateus 23:4). Esse é um típico comportamento dos legalistas: condenar as pessoas por não fazerem aquilo que eles também não fazem.
Na sequência, Jesus apontou que com o seu legalismo, os fariseus não estavam preocupados com a glória de Deus, mas apenas queriam o reconhecimento humano. Nesse ponto, é fácil perceber que Jesus mostrou que o legalismo e a hipocrisia estão intimamente ligados. Mais do que isso, Jesus ainda acusou os legalistas fariseus de fecharem o Reino de Deus diante das pessoas com suas tradições humanas que, ao invés de trazerem liberdade, traziam escravidão (Mateus 23:5-13).
O legalismo religioso dos judaizantes também foi duramente combatido pelo apóstolo Paulo. Tal como os legalistas fariseus do tempo de Jesus, os judaizantes também ensinavam um tipo de salvação pelas obras. Os judaizantes tentavam fazer adições ao Evangelho, como se a obra de Cristo fosse insuficiente. Mas a partir do momento que apenas um único detalhe é modificado no Evangelho, esse deixa de ser o Evangelho de Cristo e passa a ser um falso evangelho.
O PERIGO DO LEGALISMO RELIGIOSO
O legalismo religioso apresenta um perigo muito sério ao crente, uma vez que ele perverte o significado do que é ser obediente ao Senhor e nega a doutrina da salvação pela graça. Sim, a Bíblia ensina que os cristãos devem viver sempre de acordo com a vontade de Deus revelada.
Mas a verdadeira obediência requerida pela Palavra de Deus tem em sua base o amor e a gratidão ao Senhor, e também a preocupação com a glória divina. Jamais a obediência cristã deve ser vista como um mecanismo para se obter o favor divino mediante obras meritórias. Portanto, o legalismo é um comportamento inimigo da graça de Deus.
O legalismo não promove mudanças profundas, apenas deixa supostamente bonito o exterior ao produzir aparência de sabedoria e piedade cf. (Colossenses 2:23). É por isso que o legalismo não tem nada a ver com a santificação. Por mais rigoroso que o legalismo religioso possa ser, ele jamais será capaz de gerar relacionamento e comunhão com o Senhor ou comprar o favor divino.
(Daniel Conegero)
"As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne" (Colossenses 2:23 ACF)
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REFLEXÃO
II. LEGALISMO NAS ESCRITURAS
O apóstolo Paulo teve que intervir na igreja de Gálatas com um discurso veementemente contundente. Aqueles nobres irmãos tornaram-se insensatos (Gl 3.1), porque depois de ouvirem o Evangelho de Cristo, preferiram darem ouvidos a homens que os induziam a um “outro” evangelho, um evangelho falso misturado com a lei, que no lugar de gerar vida, gerava morte. No capítulo 3 da epístola, Paulo é taxativo, ele não trata do assunto de forma amena, pelo contrário, ele escreve dizendo: “Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo expostos crucificado? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sóis assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gl 3.1-3).
As palavras do apóstolo expressam a indignação em lidar com um assunto que deveria ter sido muito bem absorvido pelos crentes de gálatas. Porém, o Evangelho de Cristo estava agora ocupando um segundo plano, sendo posto de lado pelos amantes das regras.
É um grande perigo quando o Evangelho é subjugado a práticas de preceitos e regras religiosas, e passa a figurar em um lugar menos elevado na fé cristã, pois o grande mal do legalismo é achar que as suas obras são “o suficiente” para salvar-se a si mesmo, anulando assim, o sacrifício da cruz de Cristo e desprezando a graça de Deus, esquecendo-se assim o que o apóstolo Paulo escreveu aos irmãos de Éfeso dizendo:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).
O próprio Senhor Jesus Cristo, repreendeu os religiosos fariseus de sua época por suas atitudes próprias de legalismo fantasiado de piedade. Chamou-os de hipócritas e afirmou dizendo:
"Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que fechais aos homens o reino dos céus; e nem vós entrais nem deixais entrar aos que estão entrando" (Mateus 23:13 ACF)
O legalismo traz consigo sérias conseqüências e desdobramentos difíceis de serem revertidos. Muitas igrejas consideram importantes as atitudes legalistas, pois permitem que os membros controlem uns aos outros pelas atitudes exteriores, apresentando personagem que em torno de um grande publico até encanta, mas por detrás das cortinas, causa perplexidade. Esquecemos às vezes, que o coração humano, homem nenhum, pode legislar (Jr 17.9), e que na maioria das vezes, por detrás de atitudes legalistas, esconde-se ódio, competitividade, vaidades, invejas, pré-conceitos raciais, injustiça social, mentiras, manipulações religiosas e tantas outras coisas que estão alojadas nos porões da alma.
A expressão mais clara do legalismo nas Escrituras vem das histórias dos antagonistas nos Evangelhos, os fariseus. De fato, graças a eles, temos o termo “farisaico”, definido como “severa autojustiça hipócrita”. Nenhuma dessas três coisas é uma coisa boa. Em conjunto, temos uma coisa muito ruim. Outra definição nos informa que o termo “farisaico” significa um compromisso extremo com a observância religiosa e ritual – além da crença. Ambos os aspectos da definição são cruciais, o primeiro é o esforço e a ansiedade pelo céu, a segunda parte nos leva de volta à citação de Lutero e nossa aversão à graça – simplesmente não pode ser tão simples quanto a crença.
▪︎ Cristo confrontou essa tendência de ser farisaico em todas as páginas dos evangelhos. Um desses lugares é a parábola sobre o fariseu e o coletor de impostos em Lucas 18. “Graças te dou porque não sou como os demais homens”, ora o fariseu. Isso é autojustiça. O fariseu ainda afirma que jejua e dizima. Isso é obediência exterior.
Nessa parábola, o fariseu é contrastado com o cobrador de impostos, que simplesmente ora: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” Aqui há clamor pela graça.
Alguns versos depois, o governante rico vem até Cristo. Ele também se comporta como um fariseu afirmando sua autojustiça. Parece que em todo lugar que Cristo vai, ele encontra fariseus.
Ironicamente, os fariseus, embora pensassem o contrário, não estavam verdadeiramente preocupados com a lei de Deus. Na verdade, eles criaram todo um sistema de regulamentos para permitir que eles contornassem a lei de Deus. Eles eram especialistas em criar brechas, eles tinham um sistema de leis feito pelo homem para evitar a lei divina. E eles levaram Israel para o caminho errado. Por isso, vemos por que Jesus, tão veementemente, se opôs a eles e os chamou de falsos pastores de Israel, como na série de “desgraças” desencadeadas em Mateus 23.
▪︎ Antes de sua conversão, Paulo foi um desses falsos pastores. Paulo era o legalista consumado. Na verdade, seria difícil encontrar outra pessoa tão zelosa pela lei. Ele tinha conhecimento de causa quando declarou: “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei”, (Rm 3.20). Ele tinha conhecimento de causa quando lamentou: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição”, (Gl 3.10).
Paulo também teve experiência pessoal com graça. Assim, ele declarou com alegria: “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei”, (Gl 4. 4, 5). É impossível estudar Paulo sem entrar em contato com a graça. Assim, lemos em Romanos 5, que todo o nosso esforço chega ao fim em Cristo. Só podemos alcançar a paz com Deus pela fé em Cristo – o único que guardou a lei perfeitamente.
● Ainda na carta aos Gálatas, o Apóstolo Paulo fala sobre a liberdade cristã, que se contrapõe ao legalismo:
"Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará. E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos a esperança da justiça. Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor" (Gálatas 5:1-6 ACF)
▪︎ Amados, quem verdadeiramente conhece e se entrega a Jesus Cristo se torna livre: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (...) Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (João 8. 32 e 36).
Nós, que aceitamos e seguimos o Evangelho de Cristo, recebemos a salvação unicamente pela Graça de Deus (Efésios 2.8) e nos tornamos livres da escravidão da lei (de Moisés), da religiosidade e do pecado. Cristo, o nosso Senhor, nos comprou por bom preço, para que não sejamos servos de homens (1 Coríntios 7.23).
A palavra “Graça” significa o favor imerecido de Deus em favor da raça humana. Nós simplesmente não merecemos a salvação, mas Deus nos oferece este dom (da salvação) gratuitamente, por meio da fé no Evangelho de Jesus Cristo (Romanos 6.23). Não há nada que possamos fazer para merecer a salvação, ou seja, por mais que nos esforcemos, somos imundos e impuros diante da santidade e da justiça de Deus, conforme bem epigrafado em Isaias 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades como um vento nos arrebatam.”.
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III. LEGALISMO NA VIDA
O oposto do legalismo não é licença, é liberdade. Lutero chamou a Epístola aos Gálatas de sua “Katie”, “Estou comprometido com ela”, ele dizia. Isso é um elogio que tem dois aspectos. Reflete o quanto ele amava sua esposa e reflete o quanto ele amava profundamente a mensagem de Gálatas. É a “Epístola da Liberdade”.
Em nossa tentativa de descobrir as raízes do legalismo, devemos olhar, em última análise, para nossas próprias vidas. Incurvitas nos impede de ver nossa verdadeira necessidade, nos engana em nos fazer pensar que somos basicamente bons e só precisamos ser melhores. O legalismo é verdadeiramente condenatório e bastante prejudicial. O legalismo pode até nos catapultar para o seu oposto, para uma vida de licença e uma vida, em última instância, de rebelião.
A realidade é que não somos bons. Quão irônico é que parte das “boas novas” do Evangelho é que não somos bons em nada. E porque não somos bons, nunca podemos olhar para nós mesmos, mas devemos olhar para aquele nascido de mulher, nascido sob a lei. Ele é o único justo. Ele guardou a lei e suportou sua punição por aqueles que confiam nele. Deus derrama sua graça livremente sobre nós por causa do que Cristo fez por nós. Cristo nos libertou (Gálatas 5.1).
O legalismo é, por definição, uma tentativa de acrescentar algo à obra completa de Cristo. É confiar em outra coisa senão em Cristo e em sua obra completa e permanente diante de Deus. A refutação do legalismo no Novo Testamento é primariamente uma resposta às perversões da doutrina da justificação somente pela fé. A maioria dos oponentes do Salvador eram aqueles que acreditavam que eles eram justos em si e por si mesmos, com base em seu zelo e compromisso com a lei de Deus. Os fariseus, saduceus e escribas exemplificavam, por suas palavras e ações, o legalismo doutrinário nos dias de Cristo e dos Apóstolos. Enquanto eles faziam apelos ocasionais à graça, eles se autojustificavam, truncavam e distorciam o significado bíblico da graça. O apóstolo Paulo resumiu a natureza do legalismo judaico quando escreveu:
▪︎ "Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus. Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê" (Romanos 10:3-4 ACF)
Compreender a relação entre a lei e o evangelho para nossa justificação é fundamental para aprender a evitar o legalismo doutrinário. As Escrituras ensinam que somos justificados pelas obras do Salvador, não pelas nossas. O último Adão veio para fazer tudo o que o primeiro Adão deixou de fazer (Rm 5. 12-21; 1Co 15. 47-49). Cristo nasceu “sob da lei, para remir os que estavam sob da lei” (Gl 4. 4,5). Ele veio para ser nosso representante a fim de cumprir as exigências legais da aliança de Deus, a saber, prestar a Deus obediência perfeita, pessoal e contínua em nome de seu povo. Jesus mereceu perfeita justiça para todos aqueles que o Pai lhe havia dado. Nós, através da união de fé com ele, recebemos um status de justiça em virtude da justiça de Cristo imputada a nós. Em Cristo, Deus provê o que ele próprio exige. As boas obras pelas quais Deus redimiu os crentes, para que pudéssemos caminhar nelas, de modo algum contribuem para nossa justificação. Elas são apenas a evidência de que Deus nos perdoou e nos aceitou em Cristo.
No entanto, o legalismo doutrinário também pode penetrar em nossas mentes pela porta dos fundos da santificação. O apóstolo Paulo deixou claro em (Gálatas 3.1–4), que os membros da igreja na Galácia se deixaram enganar e acreditaram que sua posição diante de Deus dependia, em última análise, do que eles alcançaram “na carne”, na continuação de sua vida cristã. É possível, para nós, começarmos a vida cristã crendo em Cristo e em sua obra salvadora e, então, cairmos na armadilha de imaginar que é inteiramente nossa responsabilidade terminarmos o que ele começou. Na santificação, não menos do que na justificação, as palavras de Jesus são verdadeiras: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15.5).
O legalismo doutrinário na santificação é as vezes alimentado por pregadores apaixonados que enfatizam o ensinamento de Jesus sobre as exigências do discipulado cristão ao mesmo tempo em que se divorciam deles ou minimizam o ensino apostólico sobre a natureza da obra salvadora de Cristo pelos pecadores. O renomado teólogo reformado, Geerhardus Vos, explicou a natureza dessa forma sutil de legalismo quando escreveu:
“Prevalece ainda uma forma sutil de legalismo que roubaria do Salvador a sua coroa de glória, conquistada pela cruz, e faria dele um segundo Moisés, oferecendo-nos as pedras da lei em vez do pão da vida do Evangelho. . . [legalismo é] impotente para salvar”.
Em Colossenses 2.20–23, o apóstolo Paulo toca em mais uma forma de legalismo doutrinário que entra pela porta dos fundos da santificação. Ele escreve:
▪︎ "Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne" (Colossenses 2:20-23 ACF)
Aqueles que abraçaram essa forma de legalismo doutrinário proíbem o que Deus não proibiu e ordenam o que ele não ordenou. Eles impõem a si mesmos e aos outros um padrão de santidade externa, ao qual Deus não estabeleceu em Sua Palavra. Essa é uma das formas mais predominantes e perniciosas de legalismo na igreja hoje. Muitas
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