sábado, 12 de abril de 2025

SONORO


 O ser humano é um ser integral. Quando uma parte é afetada ou desnutrida, o todo percebe e sofre. A racionalidade abre horizontes e instiga o crescimento. O sentir profundo praticamente determinada se os dias serão iluminados ou não. Mas é a espiritualidade que ergue, promove a esperança e reúne os melhores motivos, para buscar as vitórias de cada dia. No entanto, as pessoas, no final de tudo, são seus afetos. Dias atrás, encontrei uma pessoa em situação de rua, que estava muito irritada, pois, enquanto dormia, roubaram os seus chinelos. Xingava todos que passavam, na busca por culpados. Quando me viu, transformou o semblante, esboçou um sorriso e relatou, sim, a indignação pelo ocorrido, mas sem irritação. Por mais dura ou agressiva que possa ser uma pessoa, todas necessitam de afeto. Melhoramos muitos meios e condições de vida, apesar de que falta muito para que todos sejam contemplados com a dignidade. No entanto, sem medo de errar, afirmo que somos extremamente carentes afetivos. Qualquer elogio, quando sincero, nos derruba, isto é, nos devolve a inocência. Um sorriso muda o dia triste de alguém, um simples ‘oi’, através de um encontro ou de uma mensagem eletrônica, devolve a alegria e o desejo de viver. Os grandes faróis da vida são, sim, os afetos. É evidente que devem ser afetos oriundos de uma personalidade bem constituída e amadurecida. Um ‘obrigado’ é sonoro e tem sabor, capaz de devolver alegria e vibração. Não vamos permitir que nossos afetos adoeçam e se transformem em fonte de insignificância existencial. Sejamos capazes de dizer, com o coração: eu te amo. 

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