sábado, 12 de abril de 2025

TRAUMAS

 A forma como lidamos O cotidiano é o palco de muitos encontros, onde as alegrias e as tristezas são partilhadas, sob a orquestração da confiança. É interessante perceber que os humanos andam, nestes últimos tempos, mais propensos à abertura do coração, para falar dos seus sentimentos, acertos e sofrimentos. Num dia desses, sem nenhuma formalidade, a pessoa abriu o coração e disse: ‘Não sou feliz. Quando eu não possuía nada, a pobreza gerava tristeza. Hoje tenho tudo e continuo triste.’ O diálogo ficou pela metade, mas com a promessa de encontrar um tempo para complementar o que não fora dito. De um jeito ou de outro, todos estamos marcados por algum trauma, real ou imaginário. Guardamos palavras, gestos, olhares e atitudes positivas ou negativas. Faz parte da essência humana ser frágil em algum aspecto, mesmo tendo que ser uma const fortaleza. Quando vejo pessoas caminhando na contramão da naturalidade, sempre penso no potencial escondido e, também, nas feridas abertas pela dor. Acolher, sem a pretensão de julgar, é o mínimo que pode ser feito. O respeito é um amor silencioso, que insiste em se fazer presente, nos diferentes e inesperados encontros que a vida oportuniza. Por mais doloridos que possam ser os traumas, a vida não pode deixar de avançar, mesmo quando devemos dobrar as esquinas da humildade e dar um outro rumo aos passos. Nem todos conseguem compreender os próprios traumas e, então, correm o risco de viver dias nublados, apesar do brilho do sol. Assumir os próprios traumas é ser capaz de viver serenamente, vislumbrando a autenticidade advinda do amor próprio. Os traumas, quando bem compreendidos e tratados, pavimentam os caminhos por onde a maturidade escolhe passar e deixar as marcas de sua beleza. Ninguém é mais ou menos feliz pela quantidade de traumas, mas pelo modo como lida com aqueles registros, que parecem não terem alcançado a cicatrização. Traumas sempre teremos. A proporção depende da capacidade de continuar vivendo e aprendendo com algumas dores, que sempre vão doer um pouco. Ainda bem que a vida segue, enquanto o aprendizado faz de tudo para nos tornar humildes e agradecidos. 

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VITORIA

Às vezes, a razão porque marcamos passos é bem clara; outras, por mais que desejemos detectar o por que de não chegar lá, não conseguimos. ...