quinta-feira, 17 de abril de 2025

HUMILDADE


 Para ser verdadeiramente humano, ao meu ver, é necessário encontrar-se com a humildade. Quem dá a estatura ideal ao ser humano é a humildade, que não diminui os corações sinceros, mas os torna do tamanho ideal. A humildade é uma das virtudes mais silenciosas e, por isso mesmo, mais sublime. Ela não aparece, não brilha, não sobe ao palco, mas sem ela nenhum gesto verdadeiramente amoroso se sustenta. Quem é humilde não precisa diminuir-se, apenas reconhece que servir é mais importante do que ser servido. É nesse espírito que compreendemos um dos gestos mais marcantes da fé cristã: o lava-pés. Celebrado na liturgia da Quinta-feira Santa, ele não é um simples ritual, mas uma lição encarnada. A toalha amarrada à cintura e a bacia com água não simbolizam apenas higiene, mas um amor que se ajoelha, que desce sem se diminuir, que acolhe sem exigir nada em troca. Jesus, o Mestre e Senhor, se inclina diante daqueles que ainda não entenderam a profundidade do que estavam vivendo. Servir não é renunciar à própria dignidade, é reconhecer a dignidade do outro, mesmo quando ela está escondida sob a poeira do caminho. Há uma beleza imensa nos gestos que não gritam, mas tocam. Quem serve com sinceridade transforma o ambiente ao redor e, sem perceber, planta sementes de paz e fraternidade. O mundo tenta ensinar que poder é dominar. O Cristo, no entanto, revela que a verdadeira grandeza está em amar. Os pés que Ele lavou não eram dignos; eram humanos, frágeis, propensos ao medo e à negação. Mesmo assim, Ele os lavou. Essa é a pedagogia do amor: não se retira quando o outro falha, mas se oferece ainda mais. Servir não é ocupar-se apenas do necessário, é encantar-se com o essencial. Quando o serviço é amor, ele deixa de ser obrigação e se transforma em missão. A grandeza do lava-pés não está no gesto em si, mas no espírito que o move. E é nessa escola da humildade que aprendemos que o que há de mais belo no mundo não é ser exaltado, mas estar disposto a amar de joelhos.

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