Colocar em ordem os relacionamentos familiares é um dos mais importantes passos na vida cristã. Muitas vezes, pensamos que a fé será provada em grandes feitos públicos, em missões distantes ou em obras notórias, mas a Escritura nos ensina que ela se revela, antes de tudo, no espaço mais íntimo: dentro de casa. É ali, nos relacionamentos mais próximos, que o evangelho precisa ser vivido e aplicado.
“Se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam, primeiramente, a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus” (1Tm 5:4).
Paulo ensina que a piedade começa no lar. Ele não diz que filhos e netos devem servir de exemplo primeiro na sociedade ou na igreja, mas que aprendam “primeiramente, a exercer piedade para com a própria casa”. A expressão “exercer piedade” (eusebeo) indica zelar de forma muito cuidadosa. É um ensino que valoriza a fé em sua dimensão prática. O cuidado com os pais, o amparo aos mais velhos, o ensino aos filhos e o amoroso zelo com o cônjuge não são apenas responsabilidades sociais, mas expressão direta da fé cristã. Neste caso específico, o apóstolo ainda acrescenta que esse cuidado é uma forma de “recompensar” os progenitores, reconhecendo o amor e o esforço que, um dia, lhes foi dedicado. E conclui: “isto é aceitável diante de Deus”. Ou seja, tal atitude não é apenas correta diante dos homens, mas agradável ao Senhor.
A aplicação é clara. Deus nos chama a priorizar os de casa. Não é sinal de maturidade espiritual se a igreja percebe zelo e cuidado em nossas palavras e ações, mas os nossos familiares veem frieza e negligência. A piedade verdadeira deve começar nos relacionamentos familiares.
E como isso acontece de forma prática? Com gestos de honra aos pais e avós. Com palavras de encorajamento ao cônjuge. Com paciência e discipulado aos filhos. Com reconciliação diante de ofensas. A piedade se expressa em atitudes simples: uma ligação, um abraço, um pedido de perdão, uma conversa na sala, um prato de comida partilhado.
Ao contrário do que é frequentemente falado, reformar os relacionamentos familiares não tem início em decisões pessoais e listas de tarefas. Tem início em um quebrantamento na presença de Deus, que leva o nosso coração a amar e demonstrar amor para aqueles que Ele colocou ao nosso lado. Este é um dos nossos maiores privilégios. Não devemos perdê-lo!
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