A partir da minha experiência existencial, posso dizer que ninguém me disse claramente que a felicidade era de minha total responsabilidade. Claro que a convivência exerce uma influência em nossa realização, mas não posso esperar pelos outros para ser feliz. Carregamos uma força extraordinária e determinante dentro de nós. Olha só: a mente humana tem o poder de moldar não apenas o modo como olhamos para o mundo, mas também a forma como vivemos nele. Cada pensamento lançado em nosso interior funciona como uma semente, que, silenciosa, vai crescendo até transformar-se em fruto. Quando alimentamos ideias de amor, gratidão e confiança, cultivamos um jardim de serenidade, onde há espaço para a vida florescer com beleza. Mas, quando insistimos em semear ressentimentos, medos ou negatividade, as ervas daninhas tomam conta, roubam espaço e sufocam a paz. O cuidado com a mente é como o cuidado de um jardim: exige atenção constante. Não basta plantar boas sementes um dia e abandoná-las depois. É preciso regar com disciplina, podar os excessos, retirar o que não faz bem, dar espaço para que a luz entre. Assim também é com os pensamentos. A cada manhã, recebemos a chance de escolher o que plantar dentro de nós. E a colheita, cedo ou tarde, refletirá nossas escolhas. A sabedoria está em lembrar que o jardineiro é cada um de nós. Não podemos controlar tudo o que chega até a mente, mas podemos decidir o que permanece. Há ideias que precisam ser acolhidas, e há outras que precisam ser descartadas antes de enraizar. O segredo de um coração em paz está nessa seleção silenciosa, nesse cuidado diário. Cada amanhecer é um convite para voltar os olhos ao próprio interior e perceber: que sementes tenho regado? As flores da confiança e da fé, ou as ervas da insegurança e da amargura? A resposta está nas nossas atitudes, pois o que cresce dentro de nós transborda em palavras e gestos. Escolher ser jardineiro consciente é transformar a própria vida em espaço de beleza, onde até as lutas se tornam aprendizado. Eu já fiz minha escolha: cuidar das orquídeas.
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