terça-feira, 1 de abril de 2025

FRAGILIDADE

 

Cresci num ambiente onde a palavra tinha valor, o que era dos outros não se mexia e não havia dúvidas entre o certo e o errado. Sinto saudades dos valores humanos que foram esquecidos por muitos. Nossa vida é feita de muitas apostas e a principal delas é apostar na sinceridade do outro. Algumas coisas, quando se rompem, não voltam a ser como antes. A confiança é uma delas. Ela nasce inteira, mas, uma vez abalada, passa a caminhar com cautela, medindo passos e silêncios. A confiança não se impõe, se conquista. Ela cresce no terreno da verdade, na constância dos gestos, na simplicidade de quem diz e faz com coerência. Quando alguém confia, entrega um pedaço do peito, um espaço seguro onde espera não ser ferido. Mas basta uma rachadura para que algo se perca para sempre. Perdoar é possível, recomeçar também. Mas acreditar da mesma forma, com a mesma entrega e pureza de antes, é outra história. A confiança é como vidro: mesmo colado, nunca mais será o mesmo. E não se trata de orgulho ou mágoa, mas de uma proteção silenciosa que nasce depois da decepção. A vida nos ensina a sermos mais atentos com o tempo. Aprendemos a olhar com mais profundidade, a escutar com mais calma e a não oferecer o coração inteiro sem antes reconhecer quem está diante de nós. Não por desconfiança, mas por amor-próprio. A confiança, quando ferida, leva consigo a leveza, a liberdade, a inocência do primeiro acreditar. Ainda assim, quando conseguimos ser verdadeiros, consistentes e transparentes, há sempre a chance de reconstruir. Pode não ser como antes, mas pode ser mais consciente, mais maduro, mais forte. A confiança é frágil, sim, mas também é nobre. E quando bem cuidada, tem o poder de sustentar os vínculos mais profundos da vida. A confiança é como um sustentáculo para o amor. 

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