quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

DESPERTAR

 Já fui tachado de sonhador, utópico e até de louco. Acho que sempre acertaram. Não fui feito para a acomodação e nem para a indiferença. Ser assim até pode incomodar os mais próximos, mas ajuda na construção de algo novo. Enquanto muitos duvidam e sentem medo, eu vou continuar acreditando que a vida é feita de muitas realizações criativas. Algumas não dão certo, mas todas ajudam para que o mundo seja diferente. Sim, a vida é feita de imprevisibilidades. Por mais que desejemos organizar cada detalhe, sempre haverá algo que escapa às nossas mãos. E quando a paz se apoia apenas no que funciona perfeitamente, ela se torna frágil, quebrando-se diante de qualquer imprevisto. A maturidade espiritual começa quando percebemos que a estabilidade não nasce de circunstâncias impecáveis, mas de um coração treinado na confiança. Permanecer firme diante da incerteza é exercício diário. Não é negar o medo, mas não permitir que ele conduza. É aceitar que as respostas podem não vir no tempo esperado, que os planos podem mudar de direção, que as pessoas podem agir de modo diferente do que imaginamos. Apesar disso, há um eixo interior que pode permanecer intacto. Esse eixo é a fé, a entrega, a capacidade de sustentar o espírito mesmo quando o chão parece mover-se. Quando deixamos de exigir garantias, abrimos espaço para enxergar o presente com mais clareza. O controle nos torna rígidos; a confiança nos torna flexíveis. E a flexibilidade é o que permite atravessar tempestades sem romper por dentro. A paz verdadeira não depende do cenário; ela se constrói no interior, onde a alma aprende a respirar fundo antes de agir, a silenciar antes de temer, a observar antes de se desesperar. A incerteza deixa de ser ameaça e passa a ser convite: convite para amadurecer, para confiar, para perceber que não somos donos do futuro, mas participantes dele. O despertar acontece quando entendemos que a vida não precisa estar perfeita para que o coração esteja em paz. Basta que ele esteja ancorado no que é essencial. E, ancorados assim, descobrimos que mesmo no caos há luz, e mesmo na dúvida há caminho. 

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