Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste (Cl 1.16-17).
É comum observarmos no meio evangélico certa dicotomia entre doutrina e prática. Acreditamos, muitas vezes, que "teologia" é mero conhecimento, como se fosse possível a separação entre teoria e prática nas coisas que concernem a Deus. O verdadeiro teólogo é o que pratica aquilo que conhece, bem como, não existe teólogo mais notável do que o piedoso. Conhecer a Deus profundamente é a mais pura teologia.
Uma pessoa não pode ser meramente estudada, mas conhecida por relacionamento. É pelo contato direto com alguém que realmente sabemos quem ele é. É verdade que o Senhor nos deixou sua Escritura para aprendermos dele e de suas obras. Porém a revelação de Deus foi dada para nos dar a experiência da Palavra, para guiar e orientar nosso relacionamento com o Senhor. É realmente experiência, não apenas informação!
Deus nos criou para termos o privilégio de nos relacionar com ele. Uma vez que o conhecimento de um ser pessoal se dá por relacionamento, há três fortes razões para conhecer e ter contato com o Deus tripessoal.
Isso é interessante, pois, embora único Deus, é constituído por três pessoas, cada uma com suas peculiaridades, no que se convencionou chamar economia da Trindade. Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em poder e glória, mas assumiram funções peculiares, mas não exclusivas, no ser de Deus. O Pai é reconhecido como Criador, o Filho como Salvador, e o Espírito como o executivo, aquele que opera todas as coisas.
No entanto, conquanto se perceba essas características nas Pessoas divinas, não são realizadas individualmente. Podemos observar isso já na obra da Criação, quando vemos o comando divino: “Façamos...”. É uma obra plural, na pluralidade do único Deus. O Pai está criando, mas o Filho se manifestando como luz, contendo todo o plano e propósito da criação nele, e o Espírito executando a obra, pairando sobre a face das águas. A água, desde o início, anuncia a presença do Espírito, assim como a luz se refere a Cristo. Também temos o exemplo da salvação: o Pai “abre mão” e envia seu Filho; o Filho dá a sua vida; o Espírito aplica a redenção na vida dos eleitos.
No entanto, o fato das Pessoas da Trindade estarem mais ligadas a aspectos peculiares: criação, salvação e execução, sendo iguais em poder e glória e capazes das mesmas coisas, faz com que nosso relacionamento com elas ocorra em vieses ligeiramente diferentes. Percebamos que tal ocorre não porque são essencialmente diferentes, pois não são, mas porque estão ligados a necessidades diferentes de nossa existência. Quando pensamos na provisão, pensamos no Pai que cuida; quando pensamos da redenção, pensamos no Filho que salva; quando pensamos em poder e capacitação, pensamos no Espírito. Conquanto sejam Pessoas distintas no ser de Deus, jamais nos esqueçamos que se trata de um único Deus, cujas pessoas me manifestam inseparáveis em um único ente divino.
Por isso, se pensamos no Pai, não é como se pedíssemos licença ao Filho e ao Espírito para falar apenas com o Pai. Na doutrina da Trindade, falar com um é falar com os três. No entanto, quando falamos com um, este representa as três Pessoas, pois não há como separá-las. A evidência bíblica sugere que as orações devem ser dirigidas ao Pai, o que não isenta que peçamos a ele que aja por meio de seu Santo Espírito como expressão da ação do Deus trino, por exemplo, ou que dirijamos louvores a Jesus como aquele que representa as três pessoas no momento da adoração. Conhecer o ser tripessoal de Deus é a maior de todas as bênçãos! É a grandeza e a majestade de Deus que aquietam o nosso coração.
Depois do salmista convidar o povo para contemplar o poder do Senhor: “Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra. Ele põe termo à guerra até aos confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo”, ela exorta: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl 46.7-11). É o senso da grandeza e da majestade de Deus que acalma o nosso coração mesmo nas maiores tormentas. O seu poder e a sua soberania são para nós lugar de refúgio e descanso. É como se simplesmente disséssemos à nossa alma: “Ele dá conta!”.
Há grande importância e valor na vida com o Senhor já para esta vida, exatamente quanto à paz e quietude em nosso coração, por descansarmos na soberania divina, o senso de que esse inigualável e único ser tripessoal é onipotente, onisciente e onipresente. Desfrutamos de confiança inabalável! Que maravilha é pertencermos a ele, nos relacionarmos com ele, estarmos eternamente em sua presença, aquele que criou todas as coisas, em quem tudo subsiste, aquele que submete todos os poderes ao seu controle. Tenha um abençoado e confiante dia na presença de Jesus
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