O ser humano é um ser em contínua comunicação. Nossos sentimentos e percepções aguardam por alguém que as escutem. Há uma enorme carência de escutadores. Praticamente ninguém tem tempo para escutar. As palavras precisam ser ditas, pois elas carregam vida. Quando permanecem presas, transformam-se em pressão interna, em nó no peito, em cansaço que não se explica. Guardar o que precisa ser dito não é sinal de maturidade, é muitas vezes medo disfarçado de prudência. Há sentimentos que pedem expressão para não se tornarem dor crônica. O coração humano não foi feito para armazenar silêncios que gritam. Aquilo que não encontra voz busca outro caminho, e quase sempre esse caminho machuca. Falar é um ato de coragem, escrever também. Ambos são formas de respirar por dentro. Quando nomeamos o que sentimos, damos contorno ao caos interno e permitimos que a alma se organize. As palavras não precisam ser perfeitas, precisam ser verdadeiras. Dizer o que se sente não é ferir, é esclarecer. Não é confrontar, é cuidar. Há relações que adoecem não pelo excesso de palavras, mas pela falta delas. O silêncio prolongado cria distâncias que o tempo sozinho não consegue atravessar. Expressar-se é um gesto de amor próprio e também de responsabilidade afetiva. É permitir que o outro saiba onde pisa, é dar chance ao diálogo, é abrir espaço para o entendimento. Escrever, por sua vez, é um encontro íntimo consigo mesmo. No papel, a alma encontra liberdade para se mostrar sem interrupções, sem julgamentos imediatos. Muitas curas começam quando as palavras finalmente encontram lugar. Não se trata de falar tudo a todos, mas de não se trair por dentro. Escolher calar por medo aprisiona; escolher falar com consciência liberta. A vida se torna mais leve quando as palavras fluem, quando os sentimentos são reconhecidos, quando o coração não precisa mais gritar em silêncio. O sufocamento emocional nasce do acúmulo. A liberdade nasce da expressão. E quem aprende a dar voz ao que sente descobre que viver é também esse exercício de respirar pela palavra, permitindo que a alma siga inteira, sem pesos desnecessários.
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