domingo, 21 de dezembro de 2025

SAGRADO

 São canções que lembram outros natais, trocas de presentes e muita solidariedade, pois todos merecem celebrar o Natal. É um tempo de muitos sinais, mas também de muitas orações. Mas a oração não se limita aos momentos formais nem às palavras bem organizadas. Ela acontece no modo como atravessamos a vida, na frequência com que escolhemos existir. Cada pensamento alimentado, cada emoção cultivada, cada atitude tomada em silêncio carrega uma vibração que se expande para além de nós. A alma reza quando escolhe a paciência em vez da irritação, quando opta pela escuta em vez do julgamento, quando oferece gentileza onde poderia haver dureza. Não é preciso ajoelhar-se para estar em oração; basta alinhar o coração com o que é verdadeiro. Aquilo que vibra dentro de nós molda o ambiente ao redor. Emoções nutridas em excesso se tornam clima, tornam-se campo, tornam-se resposta. Por isso, cuidar do que se vibra é também um ato espiritual. A vida responde não apenas ao que pedimos, mas principalmente ao que emanamos. Há pessoas que rezam com palavras bonitas, mas vivem na tensão, na pressa, na impaciência. E há outras que quase não falam, mas espalham paz apenas por existir. A vibração é coerência. É o encontro entre o que se sente, o que se pensa e o que se vive. Quando esse alinhamento acontece, a oração deixa de ser esforço e se torna estado interior. A fé se manifesta no jeito de caminhar, de lidar com o imprevisto, de acolher o outro, de suportar a dor sem endurecer. Tudo vibra. O medo vibra. A confiança vibra. A gratidão vibra. E cada vibração carrega uma mensagem silenciosa que sobe como prece. Quando escolhemos conscientemente o que alimentar por dentro, transformamos a própria existência em diálogo constante com o sagrado. A oração em movimento não pede perfeição, pede presença. Não exige controle, pede intenção. E, aos poucos, a vida vai se ajustando a essa frequência mais elevada, onde o coração aprende que viver bem também é rezar, e que cada gesto consciente se transforma em ponte entre a alma e Deus.

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