domingo, 14 de julho de 2024

FRAGIL

 

A graça pressupõe nossa total inabilidade de alcançar a perfeição. Não há como abraçar a graciosa disposição divina em nos receber como filhos sem que admitamos quão frágeis e errantes somos. A graça só basta para quem não se basta. A graça só banca quem reconhece sua bancarrota. A graça só cobre quem não encobre de ninguém a sua humanidade. A graça só encontra liga em nossa fraqueza. 


Enquanto insistirmos numa espiritualidade performática, não experimentaremos o real sentido da Graça. Enquanto não nos dispusermos a estendê-la aos demais, sem “poréns”, nem cláusulas ocultas, não a conheceremos em sua radicalidade e visceralidade. 


Graça que é graça não recorre a expedientes moralistas. Graça que é graça não sabota a existência de ninguém. Mesmo quando o que julgávamos que fossem nossos mais louváveis acertos se revelam como nossos mais trágicos erros, a graça não nos abandona. 


Apesar de não nos remover os espinhos alojados em nossa carne, a graça nos capacita a suporta-los com resiliência. Sem a graça nossa existência seria insuportável.


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