AFETO

A cultura da paz, tão necessária num mundo de tantos conflitos, dá alguns sinais, mas a urgência se faz visível diariamente. Acontece que foram muitos séculos sem uma preocupação com a dimensão emocional do ser humano. A dureza fazia parte do cotidiano e os abraços eram praticamente desconhecidos. Não era comum alguém dizer ‘eu te amo’ para uma pessoa amiga ou um membro da família. Os sentimentos não eram expressos espontaneamente. Ainda bem que as relações estão mais humanizadas e assinaladas pela sensibilidade. Porém, o caminho ainda é longo, pois não entendemos claramente que é preciso ser muito forte para ser doce. É bem mais fácil ser agressivo, indelicado e grosseiro, num mundo que não prima pela doçura nas relações humanas. Fico impressionado com a pouca preocupação que as pessoas têm no uso das palavras, nas atitudes e nos gestos. Até mesmo o olhar de certas pessoas é agressivo. Se todos somos necessitados de afeto, não tem motivo para ser grosseiro ou indiferente. A educação da sensibilidade sinto como prioridade, pois os maiores problemas do cotidiano surgem dos maus relacionamentos. Andamos com pouca paciência e não nos importamos com o universo que o outro carrega dentro de si. Não podemos deixar que a indelicadeza vire rotina. Ainda é tempo de reverter esse quadro e fazer da cultura da paz o nosso jeito de ser e de viver. Poderá demorar um pouco, mas a convivência humana alcançará a tão desejada doçura. Ninguém sai ganhando estabelecendo a grossura como padrão de tratamento. Pelo contrário, todos saem machucados e sofridos dos ambientes que desconhecem a sensibilidade. Muitas das doenças que surgem diariamente praticamente resultam da falta de afeto nos relacionamentos pessoais e profissionais. Estamos necessitados de doçura e de afetividade. O amor vai nos curar, sim. Precisamos desta cura para confirmar que vale a pena viver e que o mundo pode ser diferente.