sábado, 28 de setembro de 2024

MISSÃO

 A missão é para a glória de Deus


A compreensão teológica da missão para Deus e sua glória, e não para os homens e seus planos, nos remete ao aspecto volitivo da missão, as entranhadas motivações que nos levam a fazer o que fazemos. A soli Deo gloria permeia os ensinos teológicos em todas as áreas do conhecimento bíblico, incluindo a eclesiologia e a missiologia e, assim, tanto a igreja quanto a missão existem para que Deus seja exaltado.

 

À medida que a glória de Deus é a primeira e mais profunda motivação para sermos quem somos e fazermos o que fazemos, passamos a desprezar outras motivações, como a competição, o reconhecimento, o sucesso ou a realização pessoal. Se Ele, e não nós, é o motivo último de nossa própria existência, o que fazemos deve se tornar um reflexo daquilo que somos, e o que somos deve ser definido por Cristo, em Cristo e para Cristo, como gritou o apóstolo: “logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim [...]” (Gl 2:20). Assim, a primeira missão da igreja não é proclamar o evangelho, compreender a missão ou socorrer o aflito, mas morrer – Cristo vive em mim.

 

A glória de Deus como finalidade máxima de vida e missão é uma doutrina bíblica extremamente necessária em nossos dias, sobretudo devido à forma como o ser humano percebe a si mesmo. A presente sociedade exalta egos e aplaude sucessos. Promove a competitividade e cria vencedores. Tornou-se utilitária e triunfalista em um mundo de extrema polarização de ideias. Em muitos aspectos, a igreja e a missão têm se tornado subservientes perante as forças do mundo na medida em que entram nas raias de competição entre si, de exaltação dos líderes e de meritocracia ministerial.

 

O panteão dos maiores e melhores não encontra lugar na teologia de Cristo. Somos, ao contrário, chamados à uma vida de quebrantamento e humildade, servindo primeiro o outro. Assim, o maior desafio missionário não é plantar igrejas, mas amar. E a teologia da glória de Deus como finalidade máxima de vida e missão realinha a quem devemos exaltar, engrandecer e dar graças – somente à Ele. À medida que a centralidade de Cristo influencia nossa vida pessoal, nossa mensagem e nossa missão, viveremos para a glória de Deus.

 

Paulo apresenta esse assunto em Romanos 16:25-27. “[...] àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho” (fala de Deus), “conforme a revelação do mistério” (o mistério é o Messias prometido a todos os povos), “e foi dado a conhecer por meio das Escrituras Proféticas” (meio de revelação), “segundo o mandamento do Deus eterno” (meio de eleição), “para a obediência por fé” (meio de salvação), “entre todas as nações” (a extensão do plano salvífico de Deus)... e ele segue para nos apresentar o motivo mais profundo nesse indescritível e maravilhoso plano divino, afirmando no verso 27: “Ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos. Amém!” É a glória de Deus!

 

Esse é o maior e mais importante motivo para nos envolvermos com o propósito de fazer Jesus conhecido até a última fronteira do país mais distante, ou da família na casa vizinha: a glória de Deus.

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