O início da maior parte de nossos diálogos acontece normalmente com perguntas. Gostamos de indagar sobre os diferentes assuntos que envolvem o cotidiano. Mesmo tendo muitas coisas em comum, as diferenças, quando comunicadas, ajudam para que os laços do pertencimento se fortaleçam. Num determinado momento da nossa infância, as conversações se resumiam em infinitas perguntas. Admirável a paciência das mães que dificilmente cansavam de responder as repetidas e desnecessárias perguntas. Os anos vão sendo somados e os horizontes se ampliam, as perguntas acabam abrindo espaço para profundas reflexões. Porém, onde o orgulho estaciona a exigência de respostas se impõe. É do senso comum não ter respostas para todas as perguntas. Mesmo assim, sempre gostei do dinamismo das perguntas que abre espaço para ampliar o conhecimento. Ninguém deveria exigir respostas, mas nem por isso deixar de perguntar. A chegada da sabedoria, no entanto, possibilita a desistência de determinadas perguntas. Uma pessoa sábia é lúcida na hora de elaborar perguntas, não fica medindo o grau de conhecimento e nem espera, como resposta, verdadeiros tratados. Confesso que já desisti de algumas perguntas, pois as respostas não fariam nenhuma diferença. Por gostar da profundidade do ato de existir, aguardo respostas espontâneas, cheias de vida, repletas de possibilidades. Creio que a formulação de perguntas pode transmitir a intensidade de vida que cada um carrega consigo. O ideal é aprender a lidar com o mistério que habita as profundezas do ser. Somos maiores do que nossas perguntas, pois a vida, em muitos momentos, dispensa perguntas e respostas. A sabedoria, cedo ou tarde, permite uma experiência incrível: a contemplação. Como é bom olhar para a vida e simplesmente agradecer por não ter nenhuma exigência, apenas motivos para sentir a grandiosidade do existir. Que a sabedoria possa chegar e permanecer em nosso coração.
terça-feira, 24 de setembro de 2024
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