TANTOS

  Os pássaros simplesmente cantam. É um fenômeno recente ter tantos pássaros nas grandes cidades. Imagino a ginástica que eles fazem para delimitar um espaço, num universo de sons e de ruídos sonoros. Ainda bem que eles são persistentes, pois os centros urbanos precisam do cantar dos pássaros para continuar dando à vida a naturalidade que ela merece. Sou saudosista da natureza com tudo o que ela proporciona. Lembro do privilégio de ter convivido diretamente com a vida do interior e agradeço por ter sido ensinado a cuidar do universo criado. Sinto admiração pelas diferentes espécies de pássaros. Mas o cantar dos sabiás é uma melodia que alegra meu coração. Que eles se multipliquem. Quando deixamos os pássaros serem pássaros eles voam com liberdade. Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. Não é diferente com as pessoas: todos necessitam do respectivo espaço para pode respirar livremente. Em todos os tempos, o desejo de liberdade se faz presente nos diálogos, na letra das canções, nos refrãos repetidos com insistência e nas diferentes formas de escrita. Pensando bem, todos querem ser autênticos e para tanto necessitam de espaço. Os meios multiplicados pela tecnologia facilmente roubam a espontaneidade e rotulam aqueles que gostariam de viver originalmente. Uma sociedade que garante dignidade às crianças e segurança, em todos os sentidos, para os diferentes públicos está destinada à felicidade e à paz. É urgente deixar as pessoas serem pessoas, principalmente no âmbito das escolhas. Afinal, saber escolher é uma expressão profundamente livre. O canto dos pássaros me recorda os diferentes sonhos acalentados ao longo dos anos. Mas o sonho que merece ser sempre sonhado é o da liberdade, que garante o poder de voar, mesmo quando os rumos não estão bem definidos. Que bom que existe o infinito como horizonte ilimitado. Além dos pássaros, é importante deixar o ser humano voar. O infinito nos aguarda.