sábado, 17 de agosto de 2024

ONDE

 A infância e a juventude são os períodos onde é possível cultivar laços de amizade, que se estendem ao infinito. Lembramos saudosamente dos colegas de escolas, da turma de amigos e daqueles que comungavam dos mesmos gostos. Não tenho dúvida de que a nossa existência se torna significativa, na medida em que cultivamos laços de pertencimento. Acontece que não podemos morar somente em nós. Podemos e devemos morar também nos outros. Onde morar torna-se relativo. Os endereços são muitos e variados. O segredo reside na companhia: com quem dividimos nossos dias. Tenho acompanhado verdadeiros dramas de pessoas que não se dedicaram à compreensão de quem era a outra pessoa. Nem sempre, quando optamos tem volta. Vejo uma infinidade de perdas pela precipitação na hora da escolha, quase sempre causada pela carência. Estamos fixos na máxima de que o outro vai nos completar. Concordo com quem afirmou que não somos metade, somos inteiros. É imprescindível estar bem consigo mesmo para dividir uma amizade ou uma vida afetiva. Enquanto seres da mesma condição humana, o respeito deve ser sempre o balizador de todas as formas de relação. Primar pela dignidade é algo inerente ao ato de existir. Mas, num mundo de tantas manifestações, é necessário saber ser seletivo. Nem todas as pessoas concordam com nossas posturas e expressões existenciais. Logo, não é com todos que podemos permitir acesso à privacidade. Cuidar-se afetivamente tem sido uma condição para evitar a fragilidade e desnecessários sofrimentos. Antes de pertencer aos outros, pertencemos a nós mesmos e precisamos preservar nosso afeto e dignidade. Infelizmente, nem todos estão no mesmo processo de humanização. Muitos não se preocupam em tornar-se gente e, consequentemente, pouco entendem de sentimentos. A saída é ser seletivos, sem desrespeitar ninguém. Viver é uma conquista diária.

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