sábado, 17 de agosto de 2024

SOLIDAO

 A solidão se abatia como uma noite escura, onde parecia que até o próprio Senhor havia se afastado, deixando apenas o eco de súplicas não respondidas. Era como se o deserto espiritual se alastrasse, cada passo mais árido, cada oração mais silenciosa, como se o céu estivesse fechado. A alma, atormentada, se sentia impotente, lembrando-se das palavras do salmista: “Até quando, Senhor? Esquecer-te-ás de mim para sempre?” (Salmo 13:1). A angústia fazia o coração gemer, como se estivesse preso nas correntes da dúvida e do medo, sentindo-se como o profeta Elias, que fugiu para o deserto, exausto e desolado, clamando: “Basta, Senhor; toma agora a minha vida” (1 Reis 19:4).


A presença de Deus, outrora sentida como um conforto, parecia distante, e o silêncio divino ecoava como uma prova. A impotência diante das provações lembrava Jó, sentado nas cinzas, sem forças para responder aos que o acusavam, sem entender os desígnios do Altíssimo. O peso da ausência celestial esmagava o espírito, deixando-o prostrado, como se a força da vida estivesse se esvaindo. E ainda assim, no meio dessa escuridão, havia uma fagulha de esperança, uma lembrança de que mesmo no vale mais profundo, o Senhor nunca abandona os Seus. A alma clamava, apesar de tudo, sabendo que Ele “cura os quebrantados de coração e lhes ata as feridas” (Salmo 147:3). 


Essa luta interna, essa sensação de estar perdido e sozinho, era, na verdade, um chamado para confiar ainda mais, para encontrar, na impotência humana, a força divina, e para lembrar que, mesmo quando não entendemos, “o Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam” (Naum 1:7).

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