GRATIDÃO

 

A minha infância foi de muitos aprendizados. Creio que muitos, como eu, vieram de famílias humildes e batalhadoras. Aprendemos a valorizar o que tínhamos e, acima de tudo, a agradecer o que recebíamos dos outros. A gratidão é uma lição que muitos de nós aprendemos desde cedo, não através de grandes acontecimentos, mas nas pequenas coisas do dia a dia. Quando se cresce em meio a limitações, aprendemos a valorizar o que nos é oferecido com tanto esforço e dedicação. O que havia no prato, o que se podia vestir, o que era acessível – tudo isso era recebido com um sentimento de gratidão, pois sabíamos o quanto aquilo significava para quem nos oferecia. Essa simplicidade moldou e continua moldando nosso caráter. Aprendemos que não é o tamanho ou o valor material das coisas que importa, mas sim o amor e o cuidado que estão por trás de cada gesto. Uma refeição simples, uma roupa nova em datas especiais ou até mesmo os pequenos sacrifícios que nossos pais faziam nos ensinavam sobre o real valor da vida. A gratidão não vem do excesso, mas do reconhecimento do que já temos, da consciência de que cada coisa foi conquistada com dedicação. Ser grato é um ato poderoso que nos lembra de onde viemos e nos conecta ao que realmente importa. Quando olhamos para trás e vemos tudo o que recebemos, mesmo que tenha sido pouco em termos materiais, percebemos a riqueza que foi depositada em nós por meio do amor e da generosidade. Gratidão não é algo que vem apenas quando a vida nos sorri com abundância, mas principalmente quando aprendemos a valorizar o pouco com grande coração. Num tempo de tanta pressa e velocidade, talvez seja hora de para um pouco para agradecer pelas lições que as limitações nos trouxeram e pelo quanto aprendemos a valorizar o que a vida nos dá. Uma origem humilde pode ser fonte de muitas realizações.