quarta-feira, 18 de setembro de 2024

SEJA

 "Eu preferiria acreditar em uma expiação limitada que seja eficaz para todos os homens a quem foi destinada, do que uma expiação universal que não seja eficaz para ninguém, exceto se a vontade dos homens for acrescentada a ela." 


Não somos chamados para proclamar filosofia e metafísica, mas o simples Evangelho. A queda do homem, sua necessidade de novo nascimento, o perdão mediante a expiação, e a salvação como resultado da fé, são estes os nossos machados de combate e as nossas armas de guerra. 


(Introdução a Teologia Reformada)


O que o sol é para os céus a doutrina de uma satisfação vicária é para a teologia. Expiação é o cérebro e a medula espinhal do Cristianismo. Tire o sangue purificador e o que resta para o culpado? Negue a obra Substitutiva de Jesus, e você terá negado tudo o que é precioso no Novo Testamento. Nunca, nunca nos permitamos tolerar uma hesitação ou pensamento duvidoso sobre esta toda-importante verdade de Deus.

 C. H. Spurgeon | Unicamente Pela Graça Sois Salvos, Sermão Nº 765.


Expiação Universal? 


"Algumas pessoas amam a doutrina da expiação universal porque eles dizem: é tão bela, tão formosa, é tão bom saber que Cristo morreu por todos os homens.’’ Admito que há algo de belo nesta doutrina, mas a beleza muitas vezes pode ser associada com a falsidade. 

Vou ensinar o que essa suposição envolve: Se Cristo na cruz teve a intenção de salvar a cada pessoa, sem exceção – então Ele intentou salvar aqueles que já haviam se perdido antes que Ele morresse. Se esta doutrina é verdadeira – que Ele morreu por todos os homens, então Ele morreu por alguns que estavam no inferno antes que Ele viesse ao mundo. Porque sem dúvida havia milhares que haviam sido reprovados por causa de seus pecados. Se foi mesmo a intenção de Cristo salvar todos os homens, como Ele foi deploravelmente frustrado, porque temos Seu próprio testemunho acerca do lago de fogo e neste lago tem sido lançados – segundo a teoria da redenção ilimitada (ou universal) pessoas que foram compradas pelo seu sangue. Essa é uma concepção mil vezes mais odiosa e repulsiva do que qualquer conseqüência que associam à doutrina cristã e calvinista da expiação limitada ou particular.

Que Cristo ofereceu uma expiação e satisfação pelos pecados de todos os homens, e que depois alguns desses mesmos homens hão de ser castigados pelos pecados que Cristo já havia expiado, parece ser a mais monstruosa de todas as iniqüidades que poderia ser imputada às deidades mais pagãs e diabólicas. Deus não nos permita de pensarmos assim d’Ele."


Sem derramamento de sangue, não há remissão. (Hebreus 9.22) 


Esta é a voz de uma verdade inalterada. Em nenhuma das cerimônias judaicas, os pecados eram removidos, nem mesmo de modo figurado, sem derramamento de sangue. O pecado não pode, de maneira alguma, ser perdoado sem expiação. Isto deixa evidente que sem Cristo não há esperança para mim. Não existe qualquer outro derramamento de sangue que seja digno de que pensemos nele como um instrumento de expiação pelo pecado. Estou eu, então, crendo em Cristo? O sangue da expiação dele já foi verdadeiramente aplicado à minha alma? Todos os homens se encontram no mesmo nível de necessidade do Senhor Jesus. Mesmo que sejamos virtuosos, generosos, amáveis ou patriotas, a regra não será alterada a fim de nos fazer concessão. O pecado não se renderá a nada menos poderoso que o sangue dAquele que Deus enviou como propiciação.

Que bênção é sabermos que existe um único meio de obtermos o perdão! Por que procuraríamos outro? As pessoas que são religiosas por formalidade não entendem como podemos nos regozijar no fato de que todos os nossos pecados foram perdoados pelo amor de Cristo. As obras, as orações e as cerimônias delas lhes têm oferecido pouquíssima consolação. É bom que estejam inquietas, pois negligenciam tão grande salvação e se esforçam por obterem remissão sem o derramamento de sangue. Alma minha, tome tempo para considerar que a justiça de Deus tem por obrigação o punir o pecado. Veja aquela punição executada no Senhor Jesus e prostre-se em humilde alegria. Beije os preciosos pés dAquele cujo sangue fez expiação por você. Quando a consciência é despertada, recorrer aos sentimentos e evidências em busca de consolação é uma atitude inútil. Este é um hábito que aprendemos no passado. O único remédio para uma consciência culpada é a contemplação de Jesus sofrendo na cruz. "O sangue é a vida" diz a Lei, no livro de Levítico. Devemos permanecer tranquilos na certeza de que o sangue é a vida da fé. E da felicidade e de qualquer outra graça espiritual.


CÂNONES DE DORT


CAPÍTULO 2 


A MORTE DE CRISTO E A REDENÇÃO DO HOMEM POR MEIO DELA 


1. Deus é não só supremamente misericordioso mas também supremamente justo. E como Ele se revelou em sua Palavra, sua justiça exige que nossos pecados, cometidos contra sua infinita majestade, sejam punidos nesta vida e na futura, em corpo e alma. Não podemos escapar destas punições a menos que seja cumprida a justiça de Deus. 


2. Por nós mesmos, entretanto, não podemos cumprir tal satisfação nem podemos livrar a nós mesmos da ira de Deus. Por isso Deus, em sua infinita misericórdia deu seu Filho único como nosso Fiador. Por nós, ou em nosso lugar, Ele foi feito pecado e maldição na cruz para que pudesse satisfazer a Deus por nós. 


3. Esta morte do Filho de Deus é o único e perfeito sacrifício pelos pecados, de valor e dignidade infinitos, abundantemente suficiente para expiar os pecados do mundo inteiro. 


4. Essa morte é de tão grande poder e valor porque quem se submeteu a ela, é não apenas verdadeira e perfeitamente santo homem, mas também o Filho único de Deus. Ele é Deus eterno e infinito junto ao Pai e ao Espírito Santo. Assim devia ser nosso Salvador. Além disto, Ele sentiu, quando morria a ira e a maldição de Deus que nós merecemos, pelos nossos pecados. 


5. A promessa do Evangelho é que todo aquele que crer no Cristo crucificado não pereça mas tenha vida eterna. Esta promessa deve ser anunciada e proclamada sem discriminação a todos os povos e a todos os homens, aos quais Deus em seu bom propósito envia o Evangelho, com a ordem de se arrepender e crer. 


6. Muitos que têm sido chamados pelo Evangelho não se arrependem nem crêem em Cristo, mas perecem na incredulidade. Isto não acontece por causa de algum defeito ou insuficiência no sacrifício de Cristo na cruz, mas por causa de sua própria culpa. 


7. Mas aqueles que verdadeiramente crêem e, pela morte de Cristo, são libertos e salvos dos seus pecados e perdição, recebem tal benefício apenas por causa da graça de Deus, que lhes é dada, em Cristo, desde a eternidade. Deus não deve a ninguém tal graça. 


8. Pois este foi o soberano conselho, a vontade graciosa e o propósito de Deus o Pai, que a eficácia vivificante e salvífica da preciosíssima morte de seu Filho fosse estendida a todos os eleitos. Daria somente a eles a justificação pela fé e por conseguinte os traria infalivelmente à salvação. Isto quer dizer que foi da vontade de Deus que Cristo por meio do sangue na cruz (pelo qual Ele confirmou a nova aliança) redimisse efetivamente de todos os povos, tribos, línguas e nações, todos aqueles e somente aqueles que foram escolhidos desde a eternidade para serem salvos, e Lhe foram dado pelo Pai. Deus quis que Cristo lhes desse a fé, que Ele mesmo lhes conquistou com sua morte, junto com outros dons salvíficos do Espírito Santo. Deus quis também que Cristo os purificasse de todos os pecados por meio do seu sangue, tanto do pecado original como dos pecados atuais, que foram cometidos antes e depois de receberem a fé. E que Cristo os guardasse fielmente até ao fim e finalmente os fizesse comparecer perante o próprio Pai em glória, "sem mácula, nem ruga" (Ef 5:27). 


9. Este conselho, procedendo do amor eterno de Deus aos eleitos, tem sido poderosamente cumprido, desde o começo do mundo até hoje, ainda que as "portas do inferno" em vão tentem frustrá-lo. O conselho de Deus também continuará a ser cumprido. No devido tempo os eleitos serão unidos em um só rebanho, e sempre haverá uma Igreja de crentes fundada no sangue de Cristo. Esta Igreja ama firmemente seu Salvador (o qual como noivo deu na cruz sua própria vida por sua noiva), O serve com perseverança e O glorifica agora e para sempre. 


REJEIÇÃO DE ERROS 


Havendo explicado a doutrina ortodoxa, o Sínodo rejeita os seguintes erros: 


Erro 1 - Deus o Pai destinou seu Filho à morte na cruz sem um decreto definido de determinadas pessoas. Mesmo que a redenção por Cristo conquistada de fato nunca tivesse sido aplicada a nem uma só pessoa, o que Ele alcançou pela sua morte podia ter sido necessário, proveitoso e valioso e podia permanecer perfeito, completo, e intacto em todas as suas partes. 


Refutação - Esta doutrina é uma ofensa à sabedoria do Pai, ao mérito de Cristo e é contrária à Escritura. Pois o nosso Salvador afirma: "... dou a minha vida pelas ovelhas." e "eu as conheço..." (Jo 10:15, 27). E o profeta Isaías fala acerca do Salvador: "... quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos." (Is 53:10). Finalmente, este erro invalida o artigo de fé pelo qual confessamos a Igreja universal de Cristo. 


Erro 2 - Não era propósito da morte de Cristo que Ele confirmasse de fato a nova aliança da graça pelo seu sangue. Mas era somente propósito que conquistasse para o Pai o mero direito de estabelecer de novo uma aliança com o homem, seja de graça seja de obras, conforme a vontade do Pai. 


Refutação - Isto contradiz a Escritura que ensina que Cristo se tornou o Fiador e Mediador de uma aliança superior, isto é, da nova aliança. Um testamento só se concretiza em caso de morte (Hb 7:22 e 9:15, 17). 


Erro 3 - Por sua satisfação ao Pai, Cristo não mereceu para ninguém a salvação segura nem a fé pela qual esta satisfação para salvação é efetivamente aplicada. Ele obteve apenas para o Pai a possibilidade ou a vontade perfeita, para tratar de novo com o homem e para prescrever novas condições conforme sua vontade. Depende entretanto da livre vontade do homem para preencher estas condições. Portanto poderia acontecer que ninguém ou todos os homens preenchessem tais condições. 


Refutação - Aqueles que ensinam este erro desprezam a morte de Cristo e não reconhecem de maneira nenhuma o seu mais importante resultado ou benefício. Eles evocam do inferno o erro pelagiano. 


Erro 4 - A nova aliança da graça, que Deus o Pai, mediante a morte de Cristo, estabeleceu com o homem, não consiste nisso que nós estamos justificados diante de Deus e salvos pela fé se ela aceita o mérito de Cristo. Ela consiste no fato de que Deus revogou a exigência de perfeita obediência à lei e considera agora a própria fé e a obediência de fé, ainda que imperfeitas, como a perfeita obediência à lei. Ele acha, em sua graça, que elas sejam dignas da recompensa da vida eterna. 


Refutação - Os que ensinam isto contradizem a Escritura: "...sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé..." (Rom 3:24, 25). Eles introduzem, junto com o ímpio Socino, uma nova e estranha justificação do homem diante de Deus, contrária ao consenso da Igreja inteira. 


Erro 5 - Todas as pessoas têm sido aceitas por Deus, de tal maneira que estão reconciliadas com Ele e participam da aliança. Por isso ninguém está sujeito à condenação ou será condenado por causa do pecado original. Todos estão livres da culpa deste pecado. 


Refutação - Esta opinião contraria a Escritura que ensina que nós somos "por natureza filhos da ira" (Ef 2:3). 


Erro 6 - Deus, por sua parte, quer dar a todas as pessoas igualmente os benefícios conquistados pela morte de Cristo. Entretanto algumas obtêm o perdão de pecados e a vida eterna, e outras não. Esta distinção depende de sua própria livre vontade que se junta à graça que é oferecida sem distinção. Mas não depende do dom especial da misericórdia que opera tão poderosamente nestas pessoas, que elas, diferentes de outras, se apropriam desta graça. 


Refutação - Os que ensinam assim abusam da distinção entre aquisição e apropriação da salvação para implantar esta opinião nas mentes de pessoas imprudentes e sem experiência. Enquanto eles simulam apresentar esta distinção da maneira correta, procuram induzir na mente do povo o perigoso veneno dos erros pelagianos. 


Erro 7 - Cristo não podia nem precisava morrer, nem morreu de fato, por aqueles a quem Deus amou supremamente e elegeu para a vida eterna, visto que estes não precisavam da morte de Cristo. 


Refutação - Esta doutrina contradiz o apóstolo, que declara: O Filho de Deus "me amou e a si mesmo se entregou por mim." (Gl 2:20). Igualmente: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu..." por eles (Rom.8:33, 34). E o Salvador assegura: "...dou a minha vida pelas ovelhas." (Jo 10:15). E mais: "O meu mandamento é este, que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos." (Jo 15:12, 13).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DIA

 UM NOVO DIA   A última pregação de Moisés foi possivelmente a mais emblemática, pois tinha como missão orientar o povo a seguir onde ele nã...