NOSSA DECLARAÇÃO EM MEIO À DOR
O que falar em meio à dor? Vimos ontem que o Salmo 63 foi escrito por Davi no deserto de Judá em um dos momentos mais angustiantes de sua vida. Possivelmente ele escapava de Saul antes de se tornar rei, ou fugia de seu filho Absalão, quando esse se revoltou contra o próprio pai.
À semelhança de Davi, às vezes, experimentamos a solidão do deserto, o constrangimento nos relacionamentos e a incerteza sobre o amanhã. A vida nesses momentos torna-se mais lenta, opaca e pesada. E nosso coração, inclinado ao pecado, pode se apegar a uma erva daninha da espiritualidade: o descontentamento.
Davi possuía diversos motivos para abraçar o profundo descontentamento, mas tomou outro caminho: o da confiança, gratidão e louvor. Nenhum descontentamento, por mais enraizado que esteja, resiste à sincera gratidão e louvor a Deus.
Faça da canção de Davi a sua declaração em meio à dor: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória. Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam. Assim, cumpre-me bendizer-te enquanto eu viver; em teu nome, levanto as mãos” (Sl 63:1-4).
Em nossa vivência cristã experimentamos dois momentos bem demarcados, e Jesus Cristo estará conosco em ambos. O primeiro é breve e passa como o vento. O segundo é eterno. O primeiro é marcado pela esperança e o segundo, pelo esplendor. No primeiro buscamos a Deus e no segundo estamos ao seu lado. No primeiro enfrentamos quebras, lutas, enfermidades e angústias. No segundo não haverá choro, decepções, dor nem morte. No primeiro somos peregrinos, caminhantes e forasteiros, não temos morada certa. No segundo chegamos ao lar.
Enquanto caminhamos pelo dia do sofrimento, que a nossa alma tenha mais sede de Deus do que de água. Que Ele seja o nosso tudo. Então nada nos faltará.
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