A vida é feita de muitos movimentos. A sensação é de corremos muito e não damos conta de tudo. As tendências apontam para um aceleramento do mundo. Certamente, teremos que nos desdobrar para atender todas as demandas e, mesmo assim, muita coisa ficará por ser feita. Mas não é a pressão externa que deve determinar nosso ritmo. Se a vida é feita de escolhas, tenho escolhido viver de forma mais leve, fazendo o que é possível. Então, o cansaço não é sinal de fracasso, é sinal de humanidade. Ele surge quando damos mais do que conseguimos sustentar por dentro, quando seguimos insistindo sem perceber que a alma também precisa de pausa. Parar, nesses momentos, não é desistir do caminho, é cuidar do instrumento que caminha. A pausa consciente permite reorganizar pensamentos, alinhar sentimentos, compreender o que precisa ser mantido e o que precisa ser solto. Pensar e refletir são gestos de maturidade, pois evitam que sigamos repetindo passos apenas por teimosia. Descansar é parte do processo, não um intervalo inútil. É no repouso que o corpo se refaz, que o coração se acalma e que a mente reencontra clareza. Há forças que só retornam quando nos permitimos parar sem culpa. E, mesmo no descanso, é importante lembrar que há asas. Asas não significam ausência de peso, mas capacidade de ir além dele. Elas representam a força interior que permanece, mesmo quando momentaneamente recolhida. Retomar o voo não exige pressa, exige confiança. O recomeço acontece quando aceitamos o próprio ritmo e escolhemos seguir sem violência interna. Jamais desistir não é seguir sem parar, é seguir com consciência. Há dias em que avançar é levantar voo; há outros em que avançar é permanecer em silêncio. Ambos fazem parte da travessia. A vida não pede heroísmo constante, pede fidelidade à própria essência. Quem respeita o cansaço aprende a voar melhor depois. Quem se escuta, se preserva. E quem se preserva, encontra fôlego novo para continuar. A alma que sabe parar também sabe quando é hora de abrir as asas novamente, porque não perdeu a direção, apenas cuidou da força. E assim, passo a passo, pausa após pausa, o voo continua, mais sábio, mais inteiro e mais verdadeiro.
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