terça-feira, 16 de dezembro de 2025

TODAS


“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável, porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado” (1 Tm 4:1-5).


Tudo em nossa vida cristã se inicia aos pés de Jesus e tem como finalidade a glória do seu nome. O ápice da maturidade está em nos anular por completo, buscando tão-somente a manifestação da majestosa presença do Senhor sobre toda terra. Nossa alegria está no reino e em sua expansão, para que alcance os quatro cantos do mundo. Cristo preenche a nossa vida com sua graça e misericórdia.

No entanto, faz parte do amor de Deus usar meios para nos abençoar, para nos fazer feliz. Quando dizemos que nossa alegria é Cristo, não quer dizer que não há felicidade conjugal, profissional etc. Devemos entender que, conquanto nossa alegria seja, de fato, Jesus, ele usa situações e pessoas para expandir nosso senso de gratidão para com ele. Nossa alegria é plena de gratidão por Jesus.

Faz parte do amor de Deus querer nos suprir, dar-nos "presentes" para alegrar nosso coração com as experiências que o Senhor criou para a nossa alegria. Por exemplo, vemos o quanto uma esposa é destacada nas Escrituras como benção do Senhor. A mulher foi criada para preencher o coração do homem. Foi o próprio Criador que deixou um vazio na alma do homem, que tem a silhueta de uma mulher, que apenas ela pode preencher: “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gn 2:18). Igualmente significa dizer que a mulher santa e piedosa tem prazer de pertencer a um homem, a quem ela se dedica a ser auxiliadora em todas as coisas. A sabedoria bíblica também afirma: "O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor" (Pv 18.22).

Embora Jesus seja aquele único que preenche o vazio existencial do coração pecador, há expedientes e experiências criadas pelo próprio Deus como expressão de seu amor para conosco, meios que ele utiliza para também preencher nossa vida. Uma das passagens mais marcantes quanto a isso é aquela que narra a morte do filho adulterino de Davi: "Então, Davi veio a Bate-Seba, consolou-a e se deitou com ela; teve ela um filho a quem Davi deu o nome de Salomão; e o Senhor o amou. Davi o entregou nas mãos do profeta Natã, e este lhe chamou Jedidias, por amor do Senhor" (2Sm 12.24, 25).

Enquanto nesta terra, antes do retorno de Jesus, mesmo o juízo de Deus é permeado de misericórdia. Assim, Bate-Seba, a mulher com quem Davi havia adulterado, é consolada e o consola na intimidade conjugal, ocasião quando concebe Salomão (Heb. "pacificador "), chamado de Jedidias (Heb. "amado de Deus") pelo profeta Natã. O amor de Deus é visto no nascimento dessa criança. Davi havia chorado amargamente a morte do filho adulterino, mas imediatamente se alegrou pelo Senhor ter-lhe dado outro filho, que seria seu sucessor no trono.

Os propósitos de Deus, não raro, nos deixam desnorteados. Como alguém poderia supor que o sucessor que o Senhor escolheu para o trono de Davi seria nascido de uma esposa com quem originalmente o rei havia adulterado? É a graça de Deus, que transforma o mal que os homens produzem, em bem, o que se convencionou chamar de "princípio de José" (o do Egito).

Entendamos, assim, que os caminhos que o Senhor tem para nos abençoar são, por vezes, incompreensíveis, não raro nos deixam perplexos e até atordoados. O Senhor é surpreendente! Nossa sede por Jesus não deve excluir pessoas e situações que o Senhor planejou e criou para nossa benção e até mesmo fortalecimento. São meios estabelecidas pelo próprio Deus para nos edificar e aperfeiçoar. A comunhão dos irmãos, experiência que já vivemos no casamento e na família, é ilustrada por Salomão da seguinte forma: "Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se caírem, um levanta o companheiro; ai, porém, do que estiver só; pois, caindo, não haverá quem o levante. Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? Se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com facilidade" (Ec 4.9-12).

Abstinência e ascetismo não encontram base nas Escrituras e não são em si evidências conclusivas de santidade ou de dedicação ao Senhor. No texto epigrafado, Paulo orienta Timóteo contra pessoas que teriam exatamente esse discurso e pregação, mostrando o dano de tal heresia. Deus criou as experiências humanas para bênção de seus filhos, tendo como único critério para seu usufruto a vida fiel e santa.

É verdade que Jesus nos basta! Porém, isso está longe de dizer que fomos feitos para a solidão. Jesus é o nosso tudo! Devemos viver exclusivamente para a glória dele e trabalhar para o seu reino! Sim, é verdade! Porém o Senhor não deseja que isso seja para nós a privação de tudo o que ele criou para nossa alegria. O que precisamos fazer é nos alegrar em Cristo, não apenas nas bênçãos. Em outras palavras, implica cada benção terrenal, vista nos relacionamentos, experiência e bens, como bênçãos espirituais, louvando sempre e acima de tudo o doador das bênçãos. Tenha um abençoado dia na presença de Jesus 

Nenhum comentário:

Postar um comentário