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terça-feira, 23 de setembro de 2014

OS BERIANOS

A Bíblia faz um belo elogio aos judeus de Beréia. Diz que eles foram mais nobres que os tessalonicenses. O que ocorreu foi que, quando Paulo e Silas chegaram à cidade pregando o evangelho, os bereanos não os rejeitaram de pronto, como haviam feito alguns judeus, em outros lugares. Entretanto também não os acolheram sem reservas. Eles se dispuseram a ouvir os apóstolos, sim, mas foram examinar as Escrituras para ver se o que eles diziam “batia” com os escritos sagrados. E estavam corretos em agir dessa maneira. Paulo e Silas haviam aparecido ali com uma novidade. Pregavam que o Messias prometido pelos profetas era Jesus, o Nazareno. Ensinavam que ele fora crucificado, morrera, mas ressuscitara três dias depois. Afirmavam também que tudo que ocorrera com Jesus era o cumprimento das profecias bíblicas. Com base nesse fato, proclamavam a salvação por meio de Cristo. Então os bereanos foram “conferir”, para se certificarem se realmente o que Paulo e Silas diziam era verdade. E constataram que era. Resultado: muitos deles creram no Senhor Jesus e foram salvos. Esses bereanos constituem um ótimo exemplo para nós hoje. Nesses últimos anos, a igreja de Cristo tem visto surgir em seu meio inúmeras “novidades”. Temos recebido diversos ensinamentos sobre novas idéias e práticas eclesiásticas. E qual tem sido nosso critério para avaliar tudo isso? Aí é que temos um problema. Analisando-se o que ocorre na igreja, percebemos que os critérios empregados para a avaliação de tais novidades, nem sempre são muito confiáveis. Se os submetermos a uma análise séria, veremos que não “passam no teste”. Refiro-me a critérios do mundo que nós, os evangélicos, viemos assimilando no decorrer dos anos e pelos quais temos feito avaliações do que se diz ou se faz na igreja. Eles parecem bíblicos. Possuem uma ligeira semelhança com os princípios de Deus, mas na verdade são falsos. Vejamos alguns desses critérios. 1. Aquilo que soa bonito. Existem algumas novidades, algumas idéias que, à primeira vista, apresentam um belo “sonido”. São vistosas e parecem corretas, mas na realidade expressam uma inverdade. Se as cotejarmos com a revelação bíblica, veremos que destoam bastante da Palavra de Deus. Certa vez ouvi alguém dizer: “O importante é ser feliz!” Será que é mesmo? Na realidade, isso não é um conceito bíblico; é um pensamento do mundo. E no entanto há muitos crentes hoje em dia que o repetem, como se fosse uma verdade cristã. Aliás, o que é pior, estão aplicando-o em sua vida. Alguns até usam esse argumento para justificar atos errados. Será que é certo um homem abandonar a esposa e os três filhos e ir morar com outra mulher, alegando que só esta o faz feliz? É certo uma mulher se separar do marido, homem fiel e temente a Deus, em busca do que chama de “minha felicidade”? É bem possível que essas duas pessoas tenham tomado tais atitudes baseadas na idéia de que “o mais importante é ser feliz”. Erraram. Nos dois casos, o certo seria esses crentes se manterem fiéis ao compromisso que assumiram com seus respectivos cônjuges diante de Deus. Quem tem aquele tipo de atitude ou o considera correto, está indo contra a vontade do Senhor. O que é “importante” em termos bíblicos? É que a vontade de Deus seja feita na Terra. E fazer a vontade de Deus é que nos torna felizes. Essa felicidade carnal que tanto buscamos, talvez até tomando decisões erradas, é pura ilusão. Outro tipo de frase a que precisamos estar atentos são as afirmações que se fazem com o nome de Deus. Algumas delas não possuem respaldo na Bíblia. Muita gente menciona Deus para dar força a idéias que elas próprias formulam. Um exemplo disso é aquela já bem conhecida. “Ah, Deus é pai! E um pai não manda o filho para o inferno!” Essa afirmação e outras semelhantes, embora pareçam muito “nobres”, contradizem a revelação bíblica. São invenções humanas. Todavia, como têm um sonido bonito e agradável, parecem certas. No entanto são totalmente antibíblicas. Nem tudo que parece agradável aos nossos ouvidos é perfeitamente correto. Existe muita idéia falsa por aí, vestida com uma “aparência” bonita. O crente só deve acolher no coração aquilo que se harmoniza com a Palavra de Deus. Por isso é necessário que tenhamos o cuidado de sempre nos voltarmos para a Bíblia, para conferir com ela tudo que ouvimos. 2. Aquilo que toca nossa emoção. Outro critério que empregamos para aceitar uma novidade é o da emoção. Se algo nos toca profundamente, proporcionando-nos sensações agradáveis, logo o consideramos espiritualmente correto. Entretanto o mero fato de algo nos dar uma sensação boa não significa que seja necessariamente certo ou biblicamente válido. Um bom exemplo disso era a prática dos judeus do tempo de Jesus que diziam aos pais que tudo que pudessem dar aos seus progenitores iriam consagrar a Deus. (Ver Marcos 7.11-13.) Ora, é muito bom consagrar algo a Deus. Dá-nos a sensação de estarmos agindo certo. Contudo, no caso que citamos, essa consagração era contrária aos desígnios do próprio Deus, pois feria um princípio divino: “Honra a teu pai e a tua mãe”. Jesus condenou tal prática, e repreendeu aqueles que a adotavam. 3. Aquilo que é difícil. Outra idéia errônea muito comum em nosso meio é achar que tudo que é difícil agrada a Deus. Volta e meia, escutamos alguém usar o critério da “dificuldade” para argumentar em favor de alguma idéia. Dizem, por exemplo: “Ah, dar uma esmola é muito fácil. O difícil é a gente ajudar o próximo a conquistar seu lugar ao sol.” A frase em si é correta. Dar esmola é mais fácil que dar uma ajuda trabalhosa. Contudo isso não significa que o “fácil” aí seja errado e somente o “difícil”, certo. Não é errado dar esmolas. Jesus mandou que déssemos esmolas. Acima de tudo, porém, ele ordenou que amássemos nosso próximo como a nós mesmos. Então a atitude correta, nessa questão – e em qualquer outra que se relacione com nosso próximo – é amar, seja dando uma esmola ou ajudando-o de uma forma mais “difícil”. É verdade que muitas das ordenanças bíblicas são realmente “difíceis” para a nossa carne. Contudo não é por isso que elas são válidas e sim porque vêm de Deus. Vemos então que, ao avaliar algum fato, temos de julgá-lo pelo que ele é, à luz das Escrituras, em vez de aceitá-lo ou rejeitá-lo simplesmente porque se trata de algo difícil ou fácil. 4. O que “dá certo”. Esse critério de avaliação acha-se muito em voga em nossos dias. Se algo dá certo, pensamos, então deve estar correto. Isso é muito perigoso. Existem muitas práticas que podem “dar certo” e não ser biblicamente válidas. Até o diabo pode deixar que algo dê certo para nos levar ao engano. Essa questão tem muito que ver com métodos. É a idéia de que “os fins justificam os meios”. Isso é contrário ao ensino bíblico. Muitos dos métodos empregados no mundo não condizem com a santidade divina. É verdade que eles aparentemente “dão certo”. Contudo não servem para o povo de Deus. E se os empregarmos certamente não teremos a bênção do Senhor. Vejamos um exemplo. Suponhamos que alguém use de mentiras e subterfúgios para levar multidões para os templos. Esse método pode até “dar certo”. E é verdade que queremos ver nossas igrejas cheias de ouvintes ansiosos para buscar o Senhor. Contudo o método usado não atende a um critério bíblico. Nesse caso, certamente haverá um desvio de propósitos, e não atingiremos o fim desejado – a salvação de almas. Como cristãos, nosso objetivo não pode ser o “sucesso a qualquer preço”. Portanto é muito necessário que sejamos extremamente cautelosos com essas questões. É preferível sofrermos perdas aparentes e transitórias a adotarmos práticas que ferem os princípios bíblicos. Também aí precisamos ser “bereanos”. 5. Aquilo que é ensinado ou praticado por alguém famoso ou bem-sucedido no mundo. Essa é outra enganosa forma de avaliação. Temos a tendência de achar que se uma pessoa famosa ou bem-sucedida na vida disse ou fez algo, aquilo deve ser válido. Basta um exame superficial desse critério para vermos que se trata de um engano. Todo homem é falho. Embora alguém possa ter fama e poder, isso não significa que tudo que ele (ou ela) diz ou faz é correto. Um exemplo interessante é o texto de João 7.45-49. Os principais sacerdotes enviaram alguns guardas para prenderem a Jesus. Contudo estes não conseguiram pôr as mãos nele. Quando voltaram aos sacerdotes, explicaram que nunca tinham ouvido ninguém falar como ele. E então os fariseus, querendo difamar Jesus, indagaram: “Creu nele alguém dentre as autoridades?” A resposta obviamente é “Não!” O argumento deles aí é que Jesus não poderia ser o Cristo pois as autoridades não creram nele. A verdade é que nem tudo que os ricos, famosos e poderosos deste mundo fazem pode servir de exemplo para nós. Podemos imitá-los somente naquilo em que eles estiverem agindo de acordo com a Palavra de Deus, não pelo que eles são, mas por sua fidelidade a ela. 6. Aquilo que tem sucesso. Muitas vezes avaliamos certos líderes pelo sucesso que obtêm, isto é, pelo número de seguidores que têm ou de livros que vendem. Entretanto nem sempre o fato de alguém contar com um grande número de adeptos significa que o que ele faz é certo. Estamos vendo, por exemplo, certos indivíduos de sucesso no mundo que levam uma vida caracterizada por muitos erros e pecados. Então o sucesso, por si só, não é um “selo” de validade. O mundo valoriza a “quantidade”, mas Deus vê o “coração”, isto é, a qualidade. Não quero dizer com isso que não exista valor na quantidade. Claro que há. O que estamos procurando mostrar é que o “número”, por si só, não é indício de que algo esteja correto e deva ter nossa aprovação. O que temos de fazer é, à luz do ensino da Bíblia, verificar o valor intrínseco de cada situação, o que há por dentro dela, no seu âmago. Só depois de fazer essa análise teremos condições de aceitá-la, se “passar no teste”. Caso contrário, precisaremos rejeitá-la. 7. O que é conservador. Em nosso meio, há pessoas que crêem que o crente tem de ser sempre conservador. Contudo esse critério também pode ser enganoso. É possível um indivíduo ter idéias e atitudes conservadoras e mesmo assim não amar a Deus. Não confundamos o conceito “conservador” com “bíblico”. Os dois termos não são sinônimos perfeitos. É fato que muitos dos princípios divinos possuem características conservadoras. Contudo a recíproca não é verdadeira. Existem alguns irmãos nossos, muito amados por sinal, que só querem louvar a Deus com os cânticos dos hinários denominacionais. Não vemos na Bíblia nenhum ensinamento que defenda essa exclusividade. É certo que os hinos do passado são válidos como forma de adoração a Deus. Contudo existem também muitos cânticos modernos que ressaltam a graça divina, o poder do Senhor Jesus, as maravilhas da vida consagrada a Deus. Tais hinos, acredito, constituem um perfeito instrumento de louvor, pois glorificam ao Senhor. É preciso que se reconheça, porém, que existem alguns desses corinhos que não parecem ter nada que ver com o evangelho de Cristo. A letra não exalta o Senhor, não focaliza uma verdade bíblica, não edifica em nada. Tais hinos podem agradar à carne, mas não merecem ser utilizados no louvor do Deus eterno. Entretanto, usando um critério bíblico de avaliação, veremos que muitos dos cânticos compostos em anos mais recentes possuem um conteúdo bíblico. Podemos perfeitamente usá-los na adoração a Deus. Parece estar claro, então, que a igreja hoje tem muitos motivos para imitar os bereanos. Essa prática seria bastante saudável para nós, pois nos ajudaria a evitar alguns tropeços. Não há dúvida de que precisamos ficar “de olho” na Bíblia, para conferirmos nela as “novidades” que nos aparecem. Aliás, com relação a isso, o apóstolo Paulo nos faz uma advertência muito séria. Ele disse que, nos últimos dias, algumas pessoas seriam enganadas por darem ouvidos a “ensinos de demônios” (1 Tm 4.1). E afirmou ainda que tais cristãos iriam se desviar da fé. Portanto é da maior importância que nos apeguemos com firmeza à Palavra de Deus, pois “bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Rm. 14.22). Então, irmãos, sejamos os novos bereanos do século XXI. Isso pode acabar sendo para nós uma forma de segurança espiritual. Pode nos livrar de cometermos erros graves. Assim seremos como aqueles bereanos, não correndo o risco de rejeitar nosso Salvador!

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