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quinta-feira, 1 de maio de 2014

O PRIMEIRO MANDAMENTO

O primeiro mandamento Sermão pelo Rev. C. R. Nobre “Eu sou JEHOVAH teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu, JEHOVAH teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos.” (Êxodo 20: 2-5) O reconhecimento de Deus, a idéia ou concepção que o ser humano faz do Criador, é a idéia fundamental de sua vida. Tal reconhecimento é tão essencial para o homem que Deus fez que houvesse um influxo universal, procedente dEle mesmo, nas almas dos homens, dando a intuição de que existe um Deus e Ele é Um (Verdadeira Religião Cristã 8). Por causa desse influxo universal é que todas as raças e povos, em todos os tempos e lugares, tendo uma religião sã, tiveram e têm o reconhecimento original de Deus, embora esse reconhecimento primitivo seja depois apagado em muitos (verdadeira religião cristã 9) por causa das idéias humanas e corporais. Assim, a primeira coisa que o primeiro mandamento determina é que não se deve adorar ídolos. Este é o sentido da letra ou natural do Mandamento. Porque na antigüidade havia um grande número de religiões cujo culto se tornou idolátrico. Erram religiões que tinham simbolismos e correspondências provenientes das Igrejas Antigas e Antiqüíssima, mas que fizeram tais símbolos e representativos se degenerarem em grosseira idolatria, porque perderam o conhecimento acerca do que tais símbolos significavam. A primeira coisa era, portanto, determinar que o homem não tomasse esses ídolos em lugar de Deus, e tampouco tomasse homens, vivos ou mortos, como deus, “como tinha sido feito no mundo asiático e em diversos lugares em torno; muitos deuses das nações não eram outra coisa, como Baal, Astaroth, Chemos, Mikom, Belzebu; e em Atenas e em Roma, Saturno, Júpiter, Netuno, Plutão, Apolo, Palas, etc., dos quais, alguns foram adorados a princípio como santos, depois como deidades, e enfim como deuses” (verdadeira religião cristã 292). Ainda no sentido natural, por este preceito se entende também que ninguém deve ser amado acima de todas as pessoas exceto de Deus, e nada deve ser amado acima de todas as coisas a não ser o que procede de Deus (verdadeira religião cristã 293). Não importa o que seja: uma pessoa, ou um objeto, ou um princípio ou um ideal; aquilo que se ama a ponto de se sacrificar todas as outras coisas, isso é o que se tem como deus, no caso, um ídolo. Como explica verdadeira religião cristã 293: “Pois a pessoa que é amada e aquilo que é amado acima de todas as coisas são uma e outro um deus e um divino para aquele que ama”. Ter algo ou alguém como seu deus é coisa mais comum do que se pensa. Quando ouvimos acerca dessa verdade, a primeira lembrança que nos ocorre é o exemplo de uma pessoa que tem uma verdadeira adoração por outra, a ponto de sacrificar tudo o mais por causa desse amor. E tudo o mais, nesse caso, inclui o sacrifício da própria verdade e do bem. Por causa de um apego ou amor extremo a alguma coisa ou a alguém, chega-se a fechar os olhos para a razão e para o que é realmente bom e verdadeiro. É o caso, por exemplo, dos pais que amam indiscriminadamente um filho mau, e que, por causa desse amor, encobrem os erros e crimes do filho, sem fazer uma separação entre as coisas no filho que são dignas das que são indignas, isto é, as que devem ser amadas e cultivadas das que devem ser corrigidas e removidas como males. E assim há outros exemplos de um amor doentio que fecha os olhos para o que é justo e põe a pessoa, o objeto ou a idéia abstrata que são amados acima de tudo o mais, não importa a que preço. E, no entanto, essa não é a forma mais comum de idolatria. Não é a maneira mais freqüente de se quebrar o primeiro Mandamento. Na verdade, o deus mais comum para grande maioria dos indivíduos è a sua própria pessoa, o seu eu. O homem nasce numa ordem pervertida de amores. Dotado de três espécies de amor: o amor a Deus, o amor ao próximo e o amor a si mesmo, a ordem original da criação era que o amor a Deus estivesse por cima, constituindo a cabeça; o amor ao próximo no meio, fazendo o peito e os lombos; e o amor a si abaixo e por último, fazendo a base de sustentação e os pés. Entretanto, a ordem se perverteu com a queda da raça humana e fez com que todo homem nascesse com o amor de si em primeiro lugar e no alto, o amor ao próximo no meio e o amor a Deus abaixo dos pés. A regeneração consiste exatamente na transformação dessa ordem e sua disposição na ordem primitiva. No livro “Apocalipse Explicado” se lê o seguinte: “Aquele que ama a si próprio acima de todas as coisas afunda no corpo os seus pensamentos e afeições, e assim (afunda-se) em seu próprio, e daí não pode ser elevado pelo Senhor. E quando alguém se afunda no corpo e no seu próprio, está em prazeres e idéias corporais que pertencem somente ao corpo e em densas trevas em relação as coisas mais altas, enquanto aquele que é elevado pelo Senhor encontra-se na luz. O que não está na luz do céu mas em densas trevas, desde que nada vê de Deus, nega a Deus e reconhece como deus ou a natureza ou algum homem, ou algum ídolo, ou mesmo aspira ser ele mesmo adorado como um deus. Daí segue que, aquele que ama a si mesmo acima de todas as coisas adora outros deuses” (Apocalipse Explicado 950). Esta explicação do Primeiro Mandamento é ainda segundo o sentido literal, pois qualquer um que lê a letra da Palavra, sendo esclarecido pelo Senhor, pode deduzir que qualquer coisa ou pessoa que se ame acima de todas as coisas è, para aquele que ama, o seu ídolo ou seu deus. É isto que o Decálogo proíbe no sentido da letra. Mas o sentido espiritual deste Mandamento diz: “não se deve adorar outro Deus se­não o Senhor Jesus Cristo, porque Ele mesmo é JEHOVAH, que veio ao mundo e fez a Redenção, sem a qual nenhum homem poderia ser salvo, nem anjo algum (verdadeira religião cristã 294). A crença numa trindade de pessoas divinas è, por conseguinte, contra o Primeiro Mandamento em seu sentido espiritual, pois quem crê que há três Pessoas divinas, cada uma delas sendo deus em si, como os que crêem que um é o Deus Pai Criador e outro o Filho, Jesus Cristo, o Salva­dor, e outro ainda o Espírito Santo, Consolador, esses têm, não o reconhecimento de Deus, mas uma idéia absurda sobre Deus que não pode ser compreendida nem admitida na racionalidade. As Escrituras trazem uma série imensa de passagens pela qual os cristãos podem ver que não há outro Deus a não ser o Senhor e Salvador Jesus Cristo. No Antigo Testa­mento, nos profetas, nos Evangelhos e até nas cartas apostólicas, há ensinamentos claros para quem quiser ver, que o nosso Senhor Jesus Cristo do Novo Testamento é o Senhor JEHOVAH em Quem aguardávamos desde a antigüidade, como diz o profeta Isaías 25:9. É Aquele em cuja salvação nos alegraríamos quando viesse como Deus encarnado, quando Se fizesse carne e habitasse entre nós. Por isso, diz verdadeira religião cristã (296), “todos os que reconhecem e adoram um outro Deus que não seja o Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Qual é o Próprio JEHOVAH Deus em uma forma humana, pecam contra o Primeiro Preceito. Semelhantemente aqueles que se persuadem de que há três pessoas divinas de toda eternidade existindo efetivamente”. Mas a explicação do sentido espiritual vai mais além, porque há um significado particular em cada vocábulo deste mandamento, como em toda a Palavra. O que tiramos de ensinamento da letra e do espírito deste preceito é isto: que Deus deve ser amado acima de todas as coisas e que o Senhor e Salvador Jesus Cristo é este Deus. Mas busquemos nos “Arcanos Celestes” a explicação mais detalhada deste preceito, como foi dado no livro de Êxodo, cap. 20, vers. 2 a 6. “Eu Sou JEHOVAH teu Deus” significa o Senhor quanto ao Divino Humano reinando universalmente em todas e cada uma das coisas do bem e da verdade”. Na Palavra, o Senhor Se chama JEHOVAH quanto ao Divino Bem, ou o Divino Amor, que é Sua Essência Mesma. Por isso “JEHOVAH” é o Divino Ser. E Se chama “Deus” quanto à forma como o Bem se manifesta, isto é, a Divina Verdade, a Divina manifestação do Amor. Esta manifestação do Bem através da verdade só é compreensível a nós na pessoa do Senhor Jesus Cristo, pois Ele é a encarnação de JEHOVAH. O Senhor Se manifestou e Se apresentou efetivamente ao homem na Sua forma Humana, que é o Divino Humano, o Senhor Jesus Cristo. Por isso, esta primeira apresentação que o Senhor faz aqui de Sua Divina Pessoa é a apresentação dEle mesmo em Seu Humano, o Senhor Jesus Cristo, Pai, Filho e Espírito Santo. É assim que Deus Se dá a conhecer e assim que deve ser reconhecido nos céus e nas terras. É dito que é o Senhor universalmente reinando porque Ele assim reina no homem em cada uma e todas as coisas de seu pensamento e de sua vontade. O Senhor reina desse modo quando o homem não somente crê que toda verdade e todo bem procedem dEle, mas também se compraz de que as coisa sejam assim (AC 8865). “Que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” significa a libertação do inferno. A “terra do Egito” significa a infestação causada pelos infernais, e “casa da servidão” significa o cativeiro espiritual (AC 8866). Essa obra de libertação o Senhor fez quando veio ao mundo e Se fez carne, glorificando o humano que tomou no tempo e redimindo por esse meio os homens que estavam aprisionados em espírito pelas falsidades infernais e os males que elas insinuavam. A manifestação Divina tem um uso específico, que é o de esclarecer e salvar o homem. Ele veio ao mundo e operou a redenção. Semelhantemente, Ele quer Se revelar plenamente ao homem como o Divino Humano, dar ao homem a faculdade da luz e por esse meio conduzir o homem na regeneração, que é a libertação e a salvação dos infernos. “Não terás outros deuses diante de Mim” significa que as verdades não devem ser tiradas de nenhuma outra fonte se não o Senhor. Esta significação é evidente pelo fato “Deus”, ou o vocábulo “Deus” na Palavra significar a Divina Verdade. Aqui, porque é dito “deuses”, quer dizer portanto as “verdades”. Não podemos atribuir a verdade a ninguém mais a não ser ao Senhor, que é a Verdade Mesma. As verdades tiradas de outra fonte são aquelas em que o Senhor não está, como nos explicam as Doutrinas Celestes neste ponto: “O Senhor não está nas verdades com o homem quando o homem nega o Senhor e Seu Divino, e também quando O reconhece e não obstante crê que o bem e a verdade não são provenientes do Senhor, mas dele mesmo (o homem)” (AC 8868). É o caso, por exemplo, quando a pessoa atribui a bondade a alguém, enquanto toda bondade só deve ser atribuída a Deus, pois, como Ele disse, “não há bom senão Um” (que é Deus). Mateus 19:17. Se acreditarmos nesta verdade, então não temos razão para atribuir a nós mesmos os bons usos que fizermos, pois terão sido feitos em Deus e por Deus em nós. Outras “verdades em que o Senhor não está são aquelas que são tiradas da Palavra, especialmente do sentido de sua letra, e são explicadas em favor do domínio e do ganho próprios. Em si mesmas, são verdades, porque são provenientes da Palavra, mas tornam-se, ao contrário, falsidades em sua boca. Nessas verdades o Senhor não está, pois nelas a essência, a intenção é indigna e maldosa. É essa espécie de abuso ou perversão das verdades que este manda­mento espiritualmente nos proíbe, com esta expressão “não terá outros deuses diante de Mim”, porque agora entendemos “não elaborar verdades por um princípio ou intenção errôneos e maldosos. “Não farás para ti imagem de escultura”, como continuação do ponto anterior, significa que o homem não deve tirar de sua própria inteligência. Isto faz aqueles que “de co­ração atribuem tudo a si mesmos e sua capacidade e inteligência e nada ao Divino. São tomados pelo orgulho de que são sábios ou bondosos e pensam que, se têm alguma sabedoria, ela deve pertencer a Deus; e se praticam alguma ação boa, fazem-no pela misericórdia de Deus. Iludem-se com sua própria imagem de inteligência e de bondade, desejando que tais coisas sejam sempre reconhecidas pelos outros, ou seja, desejando no íntimo serem peque­nos deuses e que os outros lhes prestem adoração. Isto é, no sentido espiritual, fazer para si imagem de escultura. É desses que diz o profeta Jeremias: “Todo o homem se embruteceu e não tem ciência; envergonha-se todo fundidor de sua imagem de escultura; porque sua imagem fundida mentira é, e não há espírito nelas” (10:14). Faz imagem de escultura para si a pessoa que vive em busca do reconhecimento alheio, do elogio para suas ações e suas palavras supostamente boas e sabias. “Não te encurvarás a elas, nem as servirás” significa que nenhum culto Divino é para ser prestado a essa espécie de imagem que o ser humano tem a tendência de fabricar para si. Essa espécie de culto é o que se presta a um ser humano finito quando ele é louvado, engrandecido ou elogiado por algo que pertence, na verdade, ao Senhor e não a homem algum. Elogiar a bondade ou a inteligência de quem se nutre e se compraz com esses elogios pode ser uma gentileer humano finito quando ele é louvado, engrandecido ou elogiado por algo que pertence, na verdade, ao Senhor e não a homem algum. Elogiar a bondade ou a inteligência de quem se nutre e se compraz com esses elogios pode ser uma gentileza do ponto de vista social, mas é um mal espiritual, tanto para quem recebe quanto para quem presta tal tipo de culto. “Porque Eu, JEHOVAH teu Deus, sou Deus Zeloso”. Quando o Senhor nos adverte e proíbe que se reconheça outro Deus além dEle; quando adverte e proíbe que o homem ponha a si mesmo ou a outrem como objeto de amor acima de todas as coisas; e quando adverte e proíbe que se transfira para outrem o culto que é devido a Ele só por ser Ele a origem de todo Bem e toda Verdade, esse zelo pelo qual Ele age pode parecer uma ira ou um ciúme irado. Mas essa aparência é por causa de um sentimento oposto que há no homem. De fato, o Senhor não deseja louvores ou homenagens por causa de Si, e tampouco usurpa alguma primeira posição nos corações humanos por causa de Si. Realmente, Ele não necessita de nossa louvação. O zelo do Senhor é, em si, amor e compaixão. Por esse zelo Ele busca proteger o homem de lançar nos males, porque, quando o homem chega a compreender que só Deus é, e que todo o bem e toda verdade procedem de Deus, pois Ele é a Vida Mesmo, quando faz isto o homem está em verdadeira humilhação, e se esvazia do seu próprio, abrindo passagem para o influxo dos céus, o influxo que traz a verdadeira consciência e a verdadeira vida humana. É pelo princípio do evangelho de que “aquele que se exaltar será humilhado e o que se humilhar será exaltado”. Precisamos reconhecer a Deus e a Ele só, como nosso Criador, Redentor, e Regenerador, e Ele na Pessoa Divina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Desse reconhecimento é que temos de atribuir a Ele, só, toda bondade e toda verdade, pois só Ele é o Bem Mesmo e a Verdade Mesma, e só Ele é digno de louvor. Este reconhecimento penetra intimamente em todas e cada uma das coisas que seguem, em todos os atos da e seguem, em todos os atos da vontade e todas as idéias do pensamento, e por Ele o homem pode ser guiado por essa presença Divina. Este reconhecimento estará implicado nas outras nove leis que se seguem nos Dez Mandamentos. Será a essência e a razão das coisas ali prescritas para serem feitas e das que devem ser evitadas, se o homem quiser ter vida. É isto que veremos na seqüência, pela misericórdia do Senhor. Que Ele nos conceda a graça de alcançarmos este verdadeiro conhecimento e reconhecimento de Sua Pessoa Divina, nosso Deus Jesus Cristo, e que a Ele só rendamos nossa verdadeira e sincera adoração. Amém.

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