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sábado, 1 de julho de 2017

DECISÕES

Vez ou outra paro e penso na minha infância, minha adolescência. Mocidade boa aquela, dos muitos “piques”, a molecada na rua, do fruto colhido direto da árvore do vizinho. A ausência da vida on-line de hoje nos vídeos-games, celulares, computadores, tablet’s, redes sociais e afins, era perfeitamente substituída (sem traumas) pelas conversas na calçada, jogos de tabuleiros, zuações e apelidos (sem que ninguém quisesse se matar por bullying), risadas diversas, os pés descalços, amizades sem interesse, o palpitar no coração tímido por aquela gatinha ou gatinho (pra elas), era impagável. Quem não se lembra dos inúmeros parques de diversões espalhados pela cidade? Alguns pagava-se a entrada e quase a totalidade dos brinquedos eram liberados. Outros, a entrada era livre e você tinha de arcar com cada atração que desejasse experimentar. A única preocupação que realmente nos tirava o sono era o frio na barriga pelas notas escolares no final do ano. Não querendo errar a mão numa pitada de saudosismo, mas, com o intuito de traçar um paralelo no passar do tempo em nossas vidas, trago a reflexão de que, pra muitos de nós, a brincadeira NÃO acabou, apenas e tão somente, substituíram-se os brinquedos. Os tempos mudam, as prioridades idem. Juntamente com as rugas, as contas chegam. Igualmente proporcional com a maturidade, as responsabilidades (Lc12:48b). Mas, essa maturidade que nos levou ao campo das responsabilidades com algumas coisas, nos tornaram demasiadamente irresponsáveis com outras tantas. Por que julgamos sermos maduros pra votar em nossos governantes, dirigir um veículo, assumir uma casa, dar ordens em subordinados ou em crianças, abrirmos um negócio próprio, termos um cartão de crédito com limite alto, mas, sermos tão imaturos com outras, como por exemplo, no tratar/lidar/relacionar-se com as pessoas? Por que o coração de pessoas que se aproximam de nós (por uma afinidade, uma circunstância, um relacionamento amoroso, sei lá…) tem se transformado em verdadeiros parques de diversões, onde entramos gratuitamente (pois, a pessoa é aberta demais) e lá “pagamos” pra brincar com seus sentimentos, trocando favores por amor (ou paixão)? Por que também ao contrário, arcamos com os custos de se entrar num relacionamento e já dentro, achamos que todos os brinquedos são livres, tudo está no pacote e que quando estamos de “saco cheio” de brincar, simplesmente saímos fora, por quê? Por que transformamos vidas alheias em castelos fantasmas com as nossas muitas máscaras horripilantes e ao final, tratamos como se fosse “apenas uma ilusão de ótica”? Por que nosso humor vai ao céu de alegria, de satisfação e na curva seguinte despenca em depressão e maus tratos aos que estão ao nosso redor, feito uma montanha russa? Por que tratamos pessoas como alvos e atiramos na busca de um grande prêmio? Nos bate-bate da vida, a velocidade até pode ser reduzida, mas, o coração alheio não merece tais pancadas. De repente, para alguns de nós, o amor se tornou um negócio lucrativo, um escambo. Tornamo-nos tão desconfiados com tudo e com todos, que amar verdadeiramente (numa amizade ou relacionamento amoroso) se tornou sinônimo de caretice, démodé ou otarice; bem como, ser honesto, verdadeiro, íntegro, franco, ingênuo e tardio em querer ser esperto e tirar vantagens em tudo. Ninguém nunca foi chamado pra: “Bora brincar de ser verdadeiro?”. Vai ver o ingresso é muito caro pra essa brincadeira. Pobre de nós! Que a nossa brincadeira de amar verdadeiramente não seja corrompida por um amor de brincadeira.

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