Por que Jesus cuspiu no chão e passou barro nos olhos do cego? (João 9)
A cura do cego de nascença em João 9 é um dos milagres mais ricos em significado espiritual. Jesus não impôs as mãos, não apenas falou a palavra, nem tocou nos olhos do homem de forma direta. Ele cuspiu no chão, fez barro com a saliva e ungiu os olhos do cego. Mas por quê?
Primeiro, precisamos lembrar que esse homem nasceu cego. Ele não havia perdido a visão — ele nunca a teve. Isso faz desse milagre ainda mais profundo, porque Jesus não apenas restaurou algo que existia, mas criou algo que nunca esteve ali. E o gesto de fazer barro aponta exatamente para isso.
Em Gênesis 2:7, Deus formou o ser humano do pó da terra. Agora, em João 9, Jesus — Deus em carne — volta a tocar o pó e o usa para criar o que faltava naquele homem.
Não foi apenas cura. Foi criação.
Não foi apenas restauração. Foi um ato divino que revela quem Jesus é: o Criador agindo outra vez no barro.
Além disso, o barro nos olhos do cego desmonta a religiosidade dos fariseus. Aquele milagre ocorreu em um sábado, e fazer barro era considerado “trabalho”. Jesus faz de propósito, porque o milagre não era apenas para abrir os olhos do cego, mas para mostrar que aqueles que se julgavam “luz” estavam, na verdade, cegos espiritualmente.
O cego enxergou.
Os religiosos continuaram cegos.
Outro ponto poderoso é que Jesus envia o homem para se lavar no tanque de Siloé — o nome significa “Enviado”. É como se Jesus dissesse:
“Lave-se naquilo que aponta para mim. A fonte da visão é o Enviado de Deus.”
O milagre também ensina que nem toda obra de Deus acontece de maneira imediata. Jesus poderia ter curado na hora, mas escolheu um processo: barro → obediência → lavar → visão.
Algumas curas e libertações na nossa vida também seguem esse caminho: Deus age, nós obedecemos, e então a obra se manifesta.
No fim, a pergunta dos discípulos — “Quem pecou para que ele nascesse cego?” — recebe a resposta que redefine o sofrimento humano:
“Nem ele pecou, nem seus pais; isso aconteceu para que as obras de Deus se manifestem na vida dele.”
Aquela cegueira não era castigo. Era palco.
E Jesus transformou dor em testemunho.
O barro nos olhos é um lembrete de que Deus usa o improvável. O que parece estranho aos olhos humanos pode ser exatamente o instrumento que Ele escolhe para revelar Sua glória.
Quando Jesus coloca barro nos olhos do cego, Ele nos ensina:
• Que Ele é o Criador que forma e transforma.
• Que o processo também faz parte do milagre.
• Que a obediência abre caminhos que a visão natural não enxerga.
• Que nada é por acaso — até a dor pode carregar propósito.
A pergunta que fica é: e nós? Temos permitido que Jesus coloque “barro” onde achamos que já não há solução? Muitas vezes Deus usa caminhos que não entendemos para nos levar à visão que tanto precisamos.
Assim como aquele homem, talvez você não compreenda tudo no começo. Mas dê o passo da obediência. Vá até o “tanque de Siloé”. Lave-se no que Jesus ordenou. Porque quando Ele toca, até o pó da terra se torna instrumento de milagre.
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