Estar de bem consigo mesmo é muito mais do que um frase de autoajuda. É condição para harmonizar os pensamentos e, assim, redimensionar determinados impactos diários. Não abro mão de estar em paz e de silenciar o excesso de ruídos externos. Há tempo escolhi cuidar da minha alma para poder administrar melhor os diferentes problemas existenciais. Pois, entre um pensamento e outro existe um território onde a mente se aquieta e a alma finalmente respira. É um espaço tão sutil que exige sensibilidade para ser reconhecido, como quem percebe o intervalo entre dois sopros de vento. Nesse instante, nada nos prende ao passado, nada nos empurra ao futuro; somos apenas presença, inteiros, livres. A consciência verdadeira não precisa de ornamentos, basta essa pausa que revela o que há de mais essencial em nós. Vivemos cercados por pensamentos que chegam como ondas, carregando lembranças, preocupações, expectativas. Muitas vezes acreditamos que somos esse fluxo incessante, mas há algo maior por trás dele. A liberdade espiritual nasce quando descobrimos que somos o espaço onde os pensamentos acontecem, não os pensamentos em si. Nesse intervalo silencioso, a alma encontra a própria morada, esse lugar onde nenhum medo tem voz e onde a serenidade se revela de maneira natural. O autoconhecimento começa quando aprendemos a observar, não a controlar. Quando deixamos que o pensamento venha e vá, sem nos agarrarmos a ele, percebemos que a vida continua fluindo, que a mente se organiza, que o coração se acalma. A liberdade não está em eliminar os pensamentos, mas em não ser governado por eles. Permanecer nesse espaço interior, mesmo por poucos segundos, transforma a qualidade dos dias. Escolhas se tornam mais claras, emoções ganham contorno, impulsos perdem força. A alma aprende a habitar um lugar onde nada falta, porque tudo repousa na simplicidade do ser. E é nesse reconhecimento que nasce uma paz que não depende de circunstâncias, mas de presença. A morada interior não é destino distante; é esse silêncio breve que sempre esteve ali, esperando que o coração aprendesse a escutá-lo.
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