quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

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 O tempo simplesmente passa. O desafio é viver adequadamente em todos os tempos. Vejo muitas pessoas estacionadas no passado, esquecem que esse tempo já se foi. As lembranças e as saudades sempre ficam quando vivemos bem o tempo que nos é dado. Diariamente me policio para viver o momento presente. Nem sempre é fácil. Mas confesso que gosto muito de projetar o futuro, pois um dia estarei lá. O passado é um território que não deve ser morada, mas passagem. Ele guarda memórias que nos moldaram, pessoas que marcaram, dores que ensinaram e alegrias que iluminaram. Porém, quando o ontem se torna peso, a vida perde espaço para o novo. É preciso coragem para soltar o que já não dialoga com a verdade atual, porque a alma só floresce quando se liberta do que a prende. Ao olhar para trás, o coração pode reconhecer erros e acertos sem se aprisionar a nenhum deles. Cada experiência tem um propósito, e mesmo as que doeram deixaram sementes de sabedoria. Carregar arrependimentos eternos ou reviver antigas feridas não transforma nada; apenas desgasta. O que transforma é acolher o sentido que cada vivência trouxe e seguir adiante com esse aprendizado iluminando o caminho. A saudade também tem seu lugar, especialmente quando nasce de algo bom. Ela não pesa quando compreendida; pelo contrário, torna-se lembrança macia, daquelas que aquecem em silêncio. Há amores que não nos acompanham mais, mas que deixaram marcas de ternura. Esses podem permanecer, porque se transformam em força e não em prisão. O ontem é mestre, mas não deve ser senhor. Ele ensina, mas não comanda. O hoje pede presença, pede leveza, pede espaço. A alma amadurece quando distingue o que leva e o que deixa, quando escolhe memórias que elevam e abandona narrativas que ferem. Cada amanhecer oferece a chance de renovar rotas e olhares. E quando o coração entende que não precisa arrastar histórias que já terminaram, encontra liberdade para escrever novas páginas com mais verdade, mais consciência e mais amor.

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