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domingo, 25 de novembro de 2018

“O que o ímpio teme lhe acontecerá; o que os justos desejam lhes será concedido.”(Provérbios 10:24) O versículo acima traz duas das principais forças que direcionam e impulsionam nossas vidas: o Medo e o Desejo. O trecho também nos mostra a visão bíblica mais tradicional sobre o assunto, ou seja, a noção de que os pecadores atraem sobre suas vidas aquilo que temem, assim como os justos fazem com aquilo que desejam. Essa visão, porém, é facilmente desmentida, não só pela observação do nosso dia a dia, mas também (e mais importante) pela própria Bíblia. O livro de Jó, por exemplo (por sinal, o mais antigo da Bíblia), nos mostra a história de um homem que, apesar de ser chamado de “íntegro, justo, temente a Deus e que evitava o mal” (Jó 1:1) pelo próprio texto, acaba sofrendo exatamente aquilo de que tinha medo: “O que eu temia veio sobre mim; o que eu receava me aconteceu” (Jó 3:25). Além disso, o próprio discurso de Jó em sua defesa traz a observação de que, muitas vezes, os desejos dos ímpios se realizam: “Por que vivem os ímpios? Por que chegam à velhice e aumentam seu poder? Eles veem os seus filhos estabelecidos ao seu redor, e os seus descendentes diante dos seus olhos. Seus lares estão seguros e livres de medo; a vara de Deus não os vem ferir. Seus touros nunca deixam de procriar; suas vacas dão crias e não abortam. Eles soltam os seus filhos como um rebanho; seus pequeninos põem-se a dançar. Cantam, acompanhando a música do tamborim e da harpa; alegram-se ao som da flauta. Passam a vida na prosperidade e descem à sepultura em paz” (Jó 21:7-13). É possível perceber, portanto, que a concretização dos nossos medos e a realização dos nossos desejos não depende somente de sermos ímpios ou justos, mas de algo mais. E o que seria esse algo mais? A resposta, claro, está na própria Bíblia, mais especificamente em Marcos 11:23: “Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito”. Quando Jesus diz ALGUÉM, ele automaticamente elimina a separação dos homens em “ímpios” e “justos”. De fato, o que ele faz é apresentar uma Lei Geral que rege a vida das pessoas, independentemente de seu compromisso com Deus. E a Lei é: “as suas palavras definem a sua vida”. Voltando para Jó, notamos que ele era um homem que, apesar de reconhecido como justo, demonstrava, com suas atitudes, que temia que o mal se abatesse sobre ele e sua família. No primeiro capítulo do livro, percebemos que ele adotava uma rotina ditada pelo medo: “E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente” (Jó 1:4,5). Observe que o texto nos mostra que Jó DIZIA. Suas palavras confirmavam, continuamente, que ele temia, não o fato de que seus filhos tivessem amaldiçoado a Deus NO CORAÇÃO (note o nível da paranoia de Jó, seu medo dos supostos pensamentos dos filhos), já que, se fosse assim, a melhor atitude de sua parte seria ter uma boa conversa com os mesmos. Mas não, o medo de Jó não era que seus filhos pecassem, mas sim que esse pecado trouxesse como consequência a desgraça sobre sua família. Por isso sua atitude de defesa: ele realizava um sacrifício de sangue, como forma de cobrir os pecados e se proteger da ira de Deus. No final, a confissão contínua de Jó acabou fazendo com que seus temores virassem realidade, em total consonância com o ensino de Jesus em Marcos 11 (para uma visão mais profunda sobre o assunto, recomendo a leitura de Jó e o sofrimento do justo, de Rozilon Lourenço). Se entendemos, portanto, que as palavras equivocadas de um justo podem fazer com que seus temores se realizem, não seria absurdo pensar que as palavras positivas dos ímpios possam fazer de seus sonhos realidade. Deus, afinal, não é religioso, e uma de suas mais marcantes características é justamente sua bondade para com todos, até para com aqueles que não o conhecem. Como ensinou o apóstolo Paulo em sua pregação em Listra: “No passado Ele [Deus] permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou Sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações” (Atos 14:16-17). A lição que fica para nós é clara: devemos ficar atentos às nossas palavras, declarando os nossos sonhos com fé e evitando falar de nossos medos. Só assim, enchendo nosso coração de fé e lançando fora todo o medo, iremos de fato viver a vida que Deus deseja para nós.

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