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sexta-feira, 11 de março de 2016

UM DEPENDE DO OUTRO

Quero responder a esta pergunta propondo uma outra; como nos sentiríamos se fossemos convidados a apresentar, a um grupo de pessoas, alguém que não conhecemos? Sem dúvida nossa tarefa seria bem difícil devido a este desconhecimento. No evangelismo acontece o mesmo, você pode decorar versículos para as mais diversas situações, pode até decorar 500 técnicas de abordagens evangelísticas e 18000 respostas para perguntas díficeis, mas não podemos confundir evangelização com aberturas de xadrez. Saiba que, para cada pergunta, sempre haverá uma resposta e para cada resposta sua, sempre haverá uma boa pergunta. Este é o limite da apologética. Sendo assim, precisaremos estar bem seguros quanto ao que, em nosso caso a Quem, devemos apresentar em nossa prática de evangelização. Usando outro exemplo, eu posso não saber os nomes dos meus bisavós mas isso não impede que eu possa apresentar meu pai a qualquer pessoa. A razão para isso é simples, posso não ter todas as informações relacionadas a todos os membros familia mas conheço suficiente ao meu pai para apresentá-lo. Pegou a idéia? Você pode não saber de cor a genealogia de Jesus mas deve ter um relacionamento pessoal com ele que o capacite a apresentá-lo. Os apóstolos disseram desta forma; “não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” ( At. 4.20 ). Isto levanta a questão (considerando as devidas diferenças entre a experiência dos apóstolos e a nossa), sobre o que temos “visto e ouvido” , e de como isto nos impulsiona na prática da evangelização. Quando reduzimos a evangelização a técnicas de abordagem, a respostas inteligentes para perguntas dificeis, ou quando transformamos a mensagem do Evangelho em uma ” teoria sobre Jesus Cristo”, perdemos o ponto. O Reino de Deus é também relação, o Evangelho é o relato do que Deus fez (e faz!) em Cristo para viabilizar esta relação do ser humano com Deus, do ser humano consigo mesmo, do ser humano com seu próximo, do ser humano com a criação e até da criação com a própria criação. Tudo aquilo que o pecado afetou pode ser restaurado, reconciliado por meio do que Deus fez em Cristo na Cruz (Col 1. 19-20). E aqui estamos diante da difícil questão; é isso o que temos visto e ouvido? Todas as coisas sendo reconciliadas em Cristo! É isto que demonstra a nossa vida comunitária em nossa igreja local? É isso que apresenta minha vida, como resultado da decisão de seguir a Jesus Cristo, por onde ando? Chegamos ao ponto onde podemos relacionar a questão da evangelização com nossa vida devocional. Em primeiro lugar é importante afirmar que nossa vida devocional não se limita a uma dimensão de minha vida privada, restrita aos tempos tranquilos de oração e leitura bíblica. Minha vida de comunhão com os irmãos é fundamental para uma vida devocional saudável. Fomos salvos para ser parte de um povo, de uma nação santa, de uma comunidade. Quando oramos o Pai Nosso, devemos manter nossa atenção para o fato de que o Pai é nosso e não “pai meu” ( desconsiderando o aspecto comunitário desta realidade). Uma vida devocional que se imagine “independente”da qualidade de nossa relação comunitária no Corpo de Cristo, ou seja, nossa igreja local (para ser mais específico), é o mesmo que um velocista que decide usar somente uma das pernas para correr quando dispõe de duas para enfrentar sua prova. Sei que viver com os irmãos é um desafio (a começar por nós mesmos). Minha mãe dizia assim, “viver com os irmãos no céu é glória, viver com os mesmos irmãos na terra, é outra estória!” Mas não podemos esquecer de que minha vida devocional está relacionada, também, a minha capacidade de perdoar e de ser perdoado. Ninguém escapa do desafio de expressarmos, na história, os benefícios e os desafios da cruz de Cristo, no que se refere a fazer parte de um grupo de pecadores, redimidos, mas ainda pecadores. O desafio de manifestar na história, hoje, os sinais do que será perfeito um dia, quando nosso Senhor retorne. Quando entendemos que nossa vida devocional não pode prescindir da vida comunitária, podemos então dar um passo adiante para o aspecto privado da vida devocional. Nunca é demais lembrar que esta dimensão particular da vida não significa isolacionismo individualista. Vivemos no corpo de Cristo e, mesmo quando estamos sós, ainda estamos no Corpo de Cristo. Estou frisando muito este aspecto porque creio que uma das maiores deficiências que encontramos na Igreja Evangélica brasileira, é a compreensão que temos de vida comunitária. Confessamos que cremos na Trindade e não temos muita idéia do que isso signifique para a vida da igreja. Voltando a dimensão privada da vida devocional, quero dizer que nossa experiência diária de obediência a Jesus Cristo irá nos permitir a conhece-lo cada vez mais. Em diferentes situações e contextos suas promessas, orientações e consolo nos levará a uma maior intimidade com Ele. Perceba bem que enfoquei o aspecto obediência e não a oração ou a leitura bíblica. Por que será? Porque podemos ter uma leitura biblica sem obediência e uma oração que expresse nossos motivos errados, que visem nossos próprios prazeres (Tg 4.3). Foi isso que aconteceu como o povo de Israel, segundo o relato do primeiro capítulo de Isaias, onde a“prática espiritual” expressou distância de Deus e não proximidade. Podemos ter uma vida devocional que expresse indiferença e não intimidade, como o que aconteceu com a Igreja em Laodicéia (Ap.3.14). Se nossa vida devocional for marcada pela a famosa advertência de Tiago 1.22, de sermos praticantes e não meros ouvintes (enganado-nos a nós mesmos) as promessas bíblicas indicam que seremos íntimos do Senhor. Vejamos algumas destas promessas: “O Senhor confia os seus segredos aos que o temem e os leva a conhecer sua aliança” Sl.25.14; “Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.”Jo 14.21; “Voces serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno”. Jo 15.14 Isso é tudo que precisamos, amigos de Jesus Cristo que o apresentem de forma viva. Pois aquele que no passado nos falou “de muitas vezes e de muitas maneiras, aos nossos antepassados pelos profetas, nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho” (Hb 1.1), aquele que se revela em sua Palavra, e que nos torna sábio para a salvação mediante a fé (em Cristo Jesus – 2Tm 3.15), nos torna capazes , pela graça, de anunciar a mensagem singular de que “não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”(At4.12). Devocional e evangelismo estão ligados, pois não podemos apresentar alguém que não conhecemos. Em se tratando do Senhor Jesus Cristo, não o conheceremos sem uma vida marcada pela obediência a sua Palavra. Esta vida de obediência deve ser expressa numa vida devocional, comunitária e privada, pois este Evangelho é o Evangelho da reconciliação , é o Evangelho do Reino de Deus.

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