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domingo, 22 de outubro de 2017

GANHOS

Lembrei cá com meus botões, da minha infância, minha adolescência. Além das muitas brincadeiras na rua, infelizmente hoje extintas (seja pela violência ou troca por um aparelho eletrônico), tinham também os jogos de tabuleiro. Um dos que eu mais gostava era o tal do Banco Imobiliário. De certo que uma grande parcela dessa geração pensará que estou falando japonês. Tratava-se de um jogo de compras, vendas e negociações de propriedades, usando um dinheiro próprio fabricado para o jogo, em alguns endereços de âmbito RJ/SP. Uns mais valiosos, outros nem tanto. Tinha um bolo de cartas chamado: Sorte ou Revés (revés = reverso; aspecto ruim, desfavorável de alguma coisa; circunstância desagradável; situação inesperada que faz com que algo bom seja transformado em ruim). A carta da Sorte te dava algum benefício (monetário ou vantagens no jogo), enquanto o do Revés, por sua vez, lhe trazia algum prejuízo (também monetário ou desvantagens no mesmo). Havia uma do Revés que dizia: “Vá para prisão sem receber nada. Talvez alguém lhe faça uma visita”. Mesmo sendo uma carta ruim, o impressionante é que, quando estávamos perdendo o jogo, essa era a carta mais desejada, pois, ficaríamos presos por três rodadas e não cairíamos nas propriedades alheias pra pagar-lhes tributos. Ou seja, aquilo que era ruim, servia como alívio, tranquilidade e livramento num momento oportuno. Já ouvi que “dor é dor e só sabe quem sente”. Algo como “cada um sabe aonde o calo aperta”, entende? Então, antes de tudo, longe de mim querer julgar, medir, desmerecer ou diminuir a dor ou revés alheio; sendo este apenas motivo de uma singela e breve reflexão do assunto. Sempre me impressiono como as pessoas reagem mal a um revés. Constato, a partir daí também, que nem todos lidam bem com as perdas, com as dores, com os reveses. Por imaturidade, inexperiência, mau costume ou algum tipo de dependência (emocional, financeira ou psicológica), muitos de nós (seja sua fé e crença no que for, ou a falta dela) ficamos perdidos nas tempestades, nas tribulações, nos desertos, nas provações. Sem analisar com qual intenção ela (a dor) chegou, se desprendem de tudo que acreditaram até aquele momento, e se jogam no colo do desespero. Reveses nos negócios, nos projetos, nos estudos; reveses no namoro, no casamento, nas amizades, na família; reveses na confiança dada, na intimidade compartilhada, no objetivo a ser alcançado; reveses na prática de estar junto, de seguir o mesmo caminho, de olhar pro mesmo horizonte, de sentir o mesmo sentimento. Causam feridas, tristezas, decepções, amarguras, suicídios (e isso é mais normal, infelizmente, do que se pensa), causam lágrimas, causam dores. Passei a entender que nem todo revés em nossa vida vem pra nos prejudicar como um todo. Alguns nos trazem aprendizados, ensinos, melhorias posteriores, motivações pra futuros impulsos, fugas de ciladas, armadilhas desarmadas e promissores avanços como pessoa, como profissional, como ser humano em nossas relações. Assim como também entendi que “sorte” NÃO EXISTE. O que existe são decisões acertadas que PODEM minimizar a probabilidade de nos ferirmos (físico ou emocionalmente). Trocando em miúdos, aprendi que nem todo ganho vem de Deus; que há derrotas valiosas e ganhos nocivos; que existem diferenças em lagrimas de dor e lágrimas de alegria, de alívio, de descanso. Alguém certa vez disse que “No mundo tereis aflições…” – (Jo 16:33). Reparem que não é um “talvez tereis”; é um “com toda certeza, tereis”. Mas, a mesma Pessoa AFIRMA: “Mas, tende fé e coragem! Eu venci o mundo e vocês também vencerão”. Da mesma forma, ANTES do: “Somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou” (Rm 8:37), há um: “Por amor de Ti, somos entregues à morte TODOS os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro”. (Rm 8:36). Não estamos acostumados à ideia de perdas; não as consideramos como aprendizado. Talvez, sei lá, seja um dos males dessa “cultura da prosperidade”, da tsunami Carpe Diem (curta o momento) dessa geração, do Vive La Vida; no caso, infelizmente, viva como você bem entende. Hoje pessoas jogam com as suas histórias e ganham momentos, é verdade; mas, brincam com emoções, apostam futuros, investem relacionamentos, barganham com princípios e deixam nas mãos da “sorte” suas vidas. Há um alto preço de se querer ganhar sempre. Da mesma forma, que há um enorme valor, de se sofrer pela causa certa (2 Co 4:16-18)! Tempos de espera e de dores são preciosos; isso se no decorrer da espera e no período das dores estiver Deus. Ele é o senhor do tempo; Ele é o doutor da dor.

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