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domingo, 13 de dezembro de 2015

IGREJA

A Igreja Evangélica Brasileira é o segundo ou terceiro maior ajuntamento de protestantes do mundo, mas não reflete essa grandeza na produção teológica. Evidente que vários fatores influenciam esse quadro, mas há um ponto que, na minha visão, é determinante no empobrecimento da teologia brasileira: o espírito de gueto. Talvez esse mal não seja apenas brasileiro, mas só posso falar daquilo que conheço. Há, infelizmente, uma forte tendência à autorreferência e, também, ao fechamento sectário em pequenos grupos. O cristianismo é muito amplo e multiforme para que a teologia viva o tempo todo em compartimentos. Vejamos alguns pontos: 1. Este texto não é contra a ideia de referência. É obvio que todos nós nos identificamos com uma ou outra teologia e procuramos valorizá-la. Este blog tem um nome que já mostra a preferência do editor. O que condeno aqui é o apego excessivo ao objeto de admiração e estudo. 2. Já li textos e livros que pretendiam trabalhar uma doutrina cristã genericamente e até exaustivamente (como a eclesiologia ou pneumatologia, por exemplo), porém só citavam autores da sua própria escola teológica. 3. Digamos que eu queria escrever ou pregar profundamente na Epístola aos Romanos. Será que posso ignorar comentários de Karl Barth ou Martyn Lloyd-Jones só porque não sou nem neo-ortodoxo e nem calvinista puritano? Será que posso ignorar dois grandes comentaristas da epístola só porque eles não são parte do meu mundo teológico? 4. Sempre procuro ler João Calvino quando quero expor um texto bíblico. Faço isso porque vejo nos comentários de Calvino uma ótima qualidade exegética e uma impecabilidade homilética, mas não porque eu seja adepto de toda a teologia do reformador francês. Pelo contrário, prefiro a soteriologia de Armínio. Todavia, por que desprezarei o melhor de Calvino só porque não sou calvinista? E, infelizmente, talvez não haja grupo mais sectário do que os calvinistas brasileiros. Talvez, ludibriados pela qualidade de muitos teólogos calvinistas (e do próprio reformador) esquecem que há vida além desse espaço. 5. E o que dizer dos nossos congressos? Sempre os mesmos nomes, os mesmos temas, os mesmos debates e até as mesmas respostas para perguntas que ninguém nem está fazendo. Ou mudamos esse quadro ou continuaremos na mediocridade. O calvinista pode aprender com o pentecostal que pode aprender com o wesleyano. O anglicano pode aprender com o puritano que pode aprender com o metodista. Sim, todos nós podemos desfrutar o melhor da teologia evangélica, basta um pouco de humildade.

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