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sábado, 21 de maio de 2016

VOCÊ É UM CRISTÃO ACIMA DO BEM E DO MAL ?

Na filosofia, temos um conceito que é chamado de excepcionalismo, que se dá quando um determinado grupo, país, pessoas em geral, etc., passam a se ver como PESSOAS ESPECIAIS, ÚNICAS, INDISPENSÁVEIS. Este excepcionalismo se mostra presente nas mais diferentes áreas humanas, pois a vontade de ser “diferenciado” é algo que a vaidade dentro de nós traz. Por exemplo, desde a época do escritor Alexis de Tocqueville, usa-se o termo excepcionalismo americano para designar a crença de muitos nos Estados Unidos de se acharem, qualitativamente, diferentes de outras nações e verdadeiros difusores no mundo dos ideais de liberdade e democracia, além do livre-comércio. Ou seja, os americanos seriam indispensáveis no mundo de acordo com tal entendimento. Sem eles, o mundo estava fadado às ruínas. No campo da política, vimos até bem recentemente, um grupo político que estava no poder que se achava como o verdadeiro representante dos pobres e minorias, uma espécie de reserva moral da nação e único apto a realizar programas sociais, a ponto de, na sua prepotência e falta de autocrítica, ser incapaz de reconhecer contribuições de outros grupos. É como se a história do Brasil tivesse sido escrita antes e depois deste grupo. E no âmbito religioso, infelizmente esses tipos de pensamentos altivos e desconectados com a realidade são extremamente danosos também. Vejamos. Hoje, por exemplo, lia um artigo de um psiquiatra amigo meu que contava que um rapaz estava em tratamento e resolveu largar imediatamente todo o tratamento caro e longo a que se submetia e o mantinha com uma certa estabilidade mental, depois de ter entrado em uma igreja. O problema é que depois de passado aquela fase inicial, os graves problemas que ele tinha voltaram e em condições pioradas. Como bem colocado pelo meu amigo, existe um lado infantilizado de nós que é despertado sempre que um “guru urbano” nos diz que somos especiais, que estamos curados, que somos “pura luz”, sendo que o desejo de se sentir especial deixa muita gente paralisada. Assim, para que fazer tratamentos médicos? Isso seria coisa de “gente fraca na fé”. É bem fascinante, neste sentido, invocarmos que somos Filhos do Rei e interpretarmos de forma extremamente triunfalista e fora do contexto, passagens como a que diz que mil cairão a minha direita e outros mil à minha esquerda (Salmo 91:7), do que querer saber, por exemplo, do aumento da gasolina, de como estamos tratando na rotina do nosso dia a dia meu semelhante, minha família, etc. A sorte é que, no caso que citei, ainda havia tempo para retomar o tratamento. Em alguns casos que já soube, ocorreram até mortes, principalmente naqueles casos em que o líder de forma extremamente irresponsável e carnal, manda o seu fiel largar os remédios e tratamentos, pois a cura se deu ali de imediato, após ele orar pela pessoa, ainda que Deus não tenha falado nada daquilo, sendo mera projeção, desejo de ver a pessoa bem, quando esse líder está agindo de boa-fé. Quando está de má-fé, é apenas um mero charlatão e que, inclusive, deveria responder criminalmente por seus atos. Atente-se que eu não duvido em nada da obra maravilhosa que Deus pode fazer em nossas vidas, mas, não vejo em nenhum lugar da Bíblia um convite para que deixemos de lado o bom-senso e nos desconectemos do que nos rodeia e vivamos em uma espécie de “misticismo cristão”, sem equilíbrio, de acharmos que somos superiores, estando acima do bem e do mal. Outra situação que vejo em algumas igrejas é aquela ideia de que Deus só se manifesta ali, porque em outras “não há o fogo”, etc. Ou seja, essa visão excepcionalista de algumas denominações parece querer comunicar que Deus se confunde com uma mera instituição religiosa, que o Espírito de Deus não é livre para atuar como quer, onde quer, e quando lhe aprouver. É querer colocar Deus dentro de uma caixinha, e isso é absurdo. Uma igreja que age assim tende com o passar do tempo a virar uma espécie de SEITA, tal é o exclusivismo que seus membros se impõem. Por fim, acho extremamente perigosa a atitude que vejo em alguns irmãos que se acham melhores que os outros, de julgarem quem pensa diferente, ou têm um estilo de vida em desacordo com o Evangelho, de “filhos das trevas” e isolá-los muitas vezes. Quem nunca conheceu um cristão que não fala em seu trabalho e na sua família com outros que não compartilham da mesma fé, por eles serem “do mundo”? E depois ainda culpam as “perseguições do diabo” por serem vistas como pessoas intragáveis, chatas? Ora, se é certo que em Efésios 5:5-14, o apóstolo Paulo faz uma clara distinção entre os filhos das trevas e os filhos da luz, o que eu questiono é se somos nós que devemos rotular essas pessoas diferentes de nós desta forma, ou se o julgamento é algo exclusivo de Deus. Creio que Deus nos convida apenas a amarmos verdadeiramente estas pessoas, o que não significa, em absoluto, concordar com suas obras, seus feitos, mas não nos colocando como seres especiais, superiores, pois todos nós somos pecadores, e se há algo de diferente em nós, isso não é obra nossa, mas, sim obra do Espírito Santo em nossas vidas, para que ninguém se vanglorie

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