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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O BEM

Há alguns séculos atrás existia um modelo de comércio chamado escambo. Uma prática comercial onde não se utilizava moeda, apenas e tão somente, a troca de um bem ou serviço por outro. Não importava o valor monetário de cada coisa, e sim, sua importância/necessidade para a outra pessoa. Portanto, uma vaca e uma galinha poderiam valer a mesma coisa, se o dono da vaca precisasse de ovos e o dono da galinha precisasse de leite, por exemplo. De certa forma, um fazia o bem ao outro suprindo a necessidade alheia. O tempo passou e, apesar de todo avanço tecnológico, científico, industrial, comercial etc, na sociedade parece que pouca coisa (ou quase nada) mudou, se levarmos em consideração o bem que fazemos às pessoas. Tenho a impressão de que o escambo ainda persiste em alguns (muitos) de nós. Uma espécie de “escambo social”. Agimos por troca. E não me refiro a bens ou serviços. Refiro-me troca de favores, de interesses, de informações, de sentimentos etc. Oferecemos APENAS o que queremos ter em troca. Achamo-nos bobos demais por dar algo que não recebemos na mesma proporção. A famosa frase de um conhecido artista de rua, “Gentileza gera gentileza”, ganhou muito mais que a boca do povo, camisetas e os textos em redes sociais. Ganhou o coração das pessoas, porém, pra alguns, de forma equivocada. Algo do tipo: “Retribuirei a gentileza na mesma medida que receber”. Acredito não ter sido essa a intenção do artista. Penso que seria um algo a mais, sabe? Um “Independente de qualquer coisa ou de como o outro é ou me trata, agirei de forma a lhe dar o melhor de mim; e assim, receber o reflexo dessa atitude. Se não der certo, continuarei da mesma forma”, parece refletir melhor o que ele queria transmitir. Mas, olhando a sociedade de hoje me questiono: a quem (ou até aonde) nosso “bem” tem alcançado? Quão longe ele consegue chegar? Qual o combustível que o alimenta? Seria o aditivado do amor ou o adulterado do interesse, da troca, da vantagem, “do toma lá dá cá”? Não é demais lembrar que quem escolhe pra quem faz o bem, bem algum faz (Mateus 5:46-48). Fazer “meio bem” é pior que não fazer nenhum. Porque quem não faz nenhum, pode perfeitamente enxergar seu erro e se consertar, alcançar as misericórdias do Senhor e enxergar o outro de forma diferente. Ao passo que quem faz pela metade e/ou com segundas intenções para beneficiar a si ou a outrem, acha que está fazendo o certo, que está acima dos outros e é merecedor “dos louros”. Ledo engano; seu arrependimento ou o fim dessa miopia moral é mais difícil. Mas, como fazer o bem, se ao nosso redor só o mal parece prevalecer? Como refletir o caráter de Cristo em nós, se os exemplos que nos cercam são totalmente opostos ou dúbios em todas as esperas da sociedade; se os valores estão se tornando relativos? Como resistir a tentação de querer somente o nosso bem, a nossa vantagem, o “nosso certo”, a nossa importância, como? A verdade é que, mesmo que de certa forma sejamos (e somos, acredite) tentados a sermos moldados pelo meio em que vivemos (Rm 7:15-25), não podemos nos dobrar a estes (Tiago 4:17). Fazer o bem não quer, necessariamente, dizer “sim” a tudo. Muitos “não’s” são verdadeiras provas de se fazer o bem, ainda que a pessoa não entenda, por ora. Alguns de Deus na minha vida foram grandes livramentos. Se pedimos forças pra agirmos certo, o Senhor não nos fará mais fortes, assim como num passe de mágicas. Nos encherá Dele e colocará situações pra usarmos isso; e não me refiro à caridade ou filantropia (Mateus 6:1-4). Não é pelo que Deus possa fazer ou já fez em nossa vida, mas pelo nosso entendimento de quem Ele é. Não somos bons porque fazemos o bem; fazemos o bem porque já fomos transformados por dentro.

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