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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

HIBERNAÇÃO

 HIBERNAÇÃO EXISTENCIAL

Quão frustrante é percebermos que as pessoas à nossa volta estão adormecidas e não logramos despertá-las. Umas, porque não querem. Outras, porque não podem. Estão numa espécie de hibernação existencial. Passam pela vida, sem nem sequer notar o que ocorre à sua volta. Sentimo-nos sós na maneira como percebemos a vida. Como diz a canção “Monte Castelo” de Renato Russo, “estou acordado e todos dormem.” Será que vale mesmo a pena despertá-los? Será que não nos odiarão por causa disso?


Pergunto-me até que ponto a ignorância pode ser uma bênção. O conhecimento não traz apenas libertação, mas também muito sofrimento. Por isso, às vezes, parece preferível não saber. Mas qual o custo da ignorância? Se o conhecimento liberta, a ignorância nos faz reféns. Todavia, a questão que deve ser considerada é: quanta verdade somos capazes de suportar?


Um doente terminal, por exemplo, tem o direito de saber que está morrendo? É justo poupá-lo disso?A ignorância não nos poupa do sofrimento em si, apenas da preocupação.


Somos como a criança que se estira no banco traseiro do carro e dorme tranquilamente confiando na destreza de seu pai ao volante. Eu mesmo costumava dormir tranquilamente enquanto viajava, fosse de carro, de ônibus ou de avião. Até que numa madrugada, viajando de carro entre o Rio e Brasília, fomos surpreendidos com um boi atravessando a pista. Meu primo que estava ao volante tentou desviar-se e acabou metendo o carro numa mata a poucos metros de uma enorme pedra. Por pouco, não perdemos a vida. A partir daí, passei a ter sérias dificuldades de pregar os olhos enquanto viajo. Prefiro apreciar a paisagem, enquanto me mantenho atento a eventuais perigos.


Alguns, quando despertados, insistem em pedir “mais cinco minutinhos”. Quando se dão por si, perderam o dia. E quando menos esperam, lá se foi um ano, uma década, a vida inteira. 


Se ninguém acordar, quem avisará aos demais passageiros da iminência do perigo? Quem os preparará para enfrentar os desafios que o futuro reserva?


Sinceramente, se a ignorância for uma bênção, prefiro a maldição do conhecimento. Se eu for atingido, quero saber exatamente o que me atingiu e o que eu poderia ter feito para evitar. 


Não me esconda nada! Deixe que eu resolva como lidar com a verdade.


Mas antes de sair por aí acordando todo mundo, pense bem se você está preparado para lidar com a reação e a ingratidão de quem preferiria continuar dormindo.

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