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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

MALDIÇÕES

 MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS: A VERDADE QUE NÃO TE CONTARAM – 


Dentre todas as falácias disseminadas nas igrejas atuais, não encontro outra mais cruel do que a doutrina conhecida como maldição hereditária. Os mestres desta linha doutrinária ensinam que certos vícios, enfermidades, e até mesmo a orientação sexual, seriam frutos de uma maldição familiar. Os filhos estariam sendo punidos por causa dos pecados de seus pais ou de seus ancestrais mais distantes. As maldições hereditárias nada mais são do que uma adaptação cristã para a doutrina do carma, porém, em vez de arcar com as consequências de suas atitudes em encarnações anteriores, a pessoa arcaria com as consequências dos erros de seus antepassados. Nada disso encontra base no evangelho. Na ocasião em que Jesus se deparou com um cego de nascença, os discípulos perguntaram quem havia pecado para que ele nascesse com aquela deficiência; se teria sido ele mesmo (provavelmente noutra encarnação), ou se teria sido os seus pais. Em outras palavras, eles queriam encontrar uma causa moral para a cegueira daquele homem. Seria carma ou maldição hereditária? Jesus respondeu que não era nem uma coisa, nem outra, mas que a sua deficiência era uma oportunidade para que se manifestassem nele as obras de Deus, e, então, o curou (João 9:1-3).


É óbvio que há enfermidades que são potencialmente hereditárias. Geralmente, quando uma pessoa é diagnosticada com um tumor cancerígeno, os médicos recomendam que se façam exames para saber se não haveria uma pré-disposição genética para desenvolver células cancerígenas. Se um dos progenitores desenvolveu um câncer, as probabilidades de que os filhos sofram da mesma enfermidade são enormes. O mesmo se dá com relação ao alcoolismo, por exemplo. Pais alcoólicos geram filhos propensos a desenvolver o vício do álcool. Porém, isso não é uma sentença, nem tampouco pode ser considerada uma maldição divina. Há razões orgânicas que nada têm a ver com pecados. 


Mesmo antes que Cristo viesse ao mundo para morrer por nossos pecados, arcando com as sanções divinas decorrentes de sua prática, tal doutrina já havia sido descartada por profetas como Ezequiel:


“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Que pensais, vós, os que usais esta parábola sobre a terra de Israel, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram? Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nunca mais direis esta parábola em Israel (...) o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” Ezequiel 18:1-4, 20


Esta passagem lança uma pá de cal no assunto. Não há como contesta-la. Mesmo assim, alguns insistem e recorrem a passagens como a que afirma que Deus “visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração” (Êxodo 34:6-7).


Ora, não vivemos mais sob a Lei de Moisés, de onde esta passagem é retirada. Afinal, somos informados pelo Novo Testamento de que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gálatas 3:13).


À luz desta passagem, torna-se impossível sustentar a doutrina das maldições hereditárias. Seria o mesmo que anular a Cruz de Cristo e voltar às práticas da Lei de Moisés. Portanto, que sentido há em promover cultos de quebra de maldições? Que amparo encontramos nas páginas do Novo Testamento para tal prática? Absolutamente, nenhum. Entretanto, querer viver sob a Lei é anular o efeito da cruz, metendo-se novamente debaixo de maldição. “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las” (Gálatas 3:9-10). Ou vivemos sob a Lei, ou vivemos sob a Graça. Não há meio termo. Ou cremos na obra consumada na cruz, ou permanecemos sob a maldição da Lei, visto ser impossível atender a todas as suas demandas. Por isso, Paulo é enfático: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes” (Gálatas 5:4). Rompa com este jugo! Não aceite que ninguém lhe diga que você ou sua família estão debaixo de alguma maldição, seja ela qual for. Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres! As únicas maldições que precisam ser quebradas hoje são a da ignorância, do preconceito e do desamor.


P.S. É importante frisar que a crucificação de Jesus foi fruto de um conluio entre autoridades romanas e sacerdotes judeus. Para Roma, Ele era um insurgente, um revolucionário que precisava ser calado pois colocava em risco o status quo. Mas para os sacerdotes, Ele era um transgressor da Lei de Moisés que merecia sofrer as sanções previstas nela, sendo a pena capital a principal delas. Por isso, Paulo diz que Ele tomou sobre si a maldição da Lei, conclamando-nos a viver única e exclusivamente sob a égide da consciência iluminada pela graça.

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