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sábado, 16 de abril de 2022

MUNDO

 O mundo em que vivemos está se tornando um lugar insuportável, em nosso tempo, quanto mais absurdo algo for, melhor será considerado, é a coroação do excesso, da extravagância e dos extremos. A verdade é que ser normal se tornou algo patológico, pois, de fato, é extremamente adoecedor andar de cabeça para cima num mundo que está de pernas para o ar. Até mesmo o exagero inusitado do cineasta Henry B. King, que afirmou ousadamente: “Falem mal, ou Falem bem, mas Falem de Mim!”, para os artesãos do caos moderno de existir, não passa de um “meme” démodé. Para os tais, a regra agora é causar, donde depreende-se: “Polarizo, Logo, Existo!”, e o que passar disso é extremamente bem-vindo. É triste, mas estamos em rota de coalização com o nada, vamos nos espatifar em coisa alguma, é sofrível contemplarmos o niilismo do ser anoréxico de razão, a alma humana desidratou-se em si mesma, tornou-se um grande vácuo engarrafado dentro de corpos esculpidos pelo cutelo das academias, bundas marombadas tomaram o poder e passaram a controlar cérebros raquíticos, é a consagração das toupeiras em um mundo amorfo e pálido. Livra-me, oh Deus, de tudo isso, parem o trem da história que eu quero descer! Diga-me, você, para onde foi a poesia e a cor púrpura do pincel do pintor? Para onde foi o devaneio de sonhos impossíveis, onde estão os ébrios embebidos pelo vinho da alegria? Ah, que tragédia, e tu bem sabes os porquês de todos terem se tornado tão tétricos, pois sim, “essas pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer”, nada mais lhes cabe na mesa onde o banquete da vida está posto. Doutra sorte, e para ser honesto, nada poderiam mesmo acrescentar, eles apenas lhe dirão que o cinza de tanto concreto que plantamos debaixo dos pés embotou-nos a visão, “não querias realismo?”, afirmam eles, “então embebeda-te com a tua porção de realidade, pois isso é tudo o que nos resta neste porão de silêncio e solidão que nos consome o ser dormente deitado sobre as cinzas das horas”. Que pobreza, que miséria, estamos comendo lixo como se fosse faisão-de-Rei, nossa maldição é termos que aplaudir o obsceno e reverenciar o explicitamente patético, o que é grosseiro se tornou chique e até a imbecilidade é reconhecida como requinte intelectual. Como bem disse meu conterrâneo Nelson Rodrigues: “Os idiotas vão tomar conta do mundo, não pela capacidade, mas pela quantidade, pois eles são muitos”... CM

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