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domingo, 25 de dezembro de 2016

UM TOLO E SEU DINHEIRO

“Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós? Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:13-15). Em algum lugar, muito provavelmente na Judéia, no outono do ano anterior a sua morte, Jesus estava rodeado por uma agitada multidão de milhares de pessoas que estavam pisoteando umas outras (Lucas 12:1). Com um sentido de urgência, ele buscava preparar seus discípulos para os então inimagináveis dias negros quando a única defesa deles contra uma perseguição brutal seria temer somente a Deus e confiar nele para todas as coisas. Este momento intenso, cheio de sinceras exortações sobre as coisas celestiais, foi subitamente interrompido por uma solicitação que agitou bastante o ar no qual se introduziu. Algum homem da multidão estava pedindo a Jesus que interviesse numa disputa sobre uma herança. Pode-se imaginar que o silêncio pairou pesadamente no ar durante algum tempo. Quando o Senhor respondeu, foi uma forte repreensão. O interrogador, evidentemente, não tinha ouvido nada do que o Senhor estava dizendo. Seu coração estava totalmente preocupado com dinheiro para ter qualquer interesse em coisas eternas. O que ele queria eram os serviços deste influente mestre para cumprir sua agenda material. Seu erro não estava em buscar o que não era seu por direito (ele não é acusado de injustiça), nem em querer a ajuda de algum homem sábio e piedoso para julgar uma disputa familiar (1 Coríntios 6:5). Seu problema repousava numa obsessão tão grande por coisas materiais que ele poderia ficar em pé e ouvir as transcendentes palavras do Filho de Deus e não ver nele nada mais do que um instrumento para suas próprias ambições. Ele queria “usar” Jesus, e não segui-lo. Ele o viu, não como o Salvador dos homens, mas como um juiz banal. O Senhor não o apaziguou, e ele não nos apaziguará. Muitos de nós queremos Jesus para resolver nossos problemas, e não para mudar nossos corações. Ele não estava mais interessado no trabalho mundano que este homem tinha em mente para ele do que estava em ser o rei do pão para alguns galileus carnais (João 6:15). Ele tinha vindo para salvar os homens perdidos da destruição eterna (Lucas 19:10) e não tinha intenção de ajudar este homem a avançar na estrada da ruína abaixo. O homem que fez este pedido inconveniente devia ser lastimado. Ele pensava que suas dificuldades terminariam se apenas pudesse pegar sua herança. Ele estava convencido de que o problema era a avareza de seu irmão, quando era o seu próprio amor às coisas que o estava matando. Mas Jesus o advertiu, e a multidão ao redor, que ele era uma vítima dessa perversa filosofia (cupidez) que diz que a vida de um homem consiste na “abundância de coisas que ele possui”. Em resumo, o que se tem é o que se é. Esta idéia deles é perniciosa pois quanto mais se busca engrandecimento pela acumulação de bens mais a alma é faminta e mesquinha. Quanto maior a riqueza, maior o vazio espiritual. A palavra que Jesus usa para “vida” aqui [em grego] é zoe, vida essencial, e não bios, meio de vida (Marcos 12:44). Vivemos num mundo material e temos necessidades materiais, a falta das quais pode ameaçar nossas vidas físicas; elas, porém, não podem negar nem prover a verdadeira vida (Lucas 12:4-5). Jesus nunca condenou a riqueza, nem de sua humilde circunstância jamais a invejou, mas advertiu contra suas tentações sedutoras (Lucas 18:24-25; 16:13). Ele preveniu contra confiar nela como a essência da vida. Isso, ele disse, os matará. Paulo repetiu a advertência do seu Mestre em termos fortes: “Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males...” (1 Timóteo 6:9-10). A cobiça é aquela doença espiritual que faz com que um homem seja mais preocupado com o tempo do que com a eternidade, e a ansiedade por esta vida afoga todo o interesse na vida futura. Conforme George Buttrick observou, este é ensinamento revolucionário, e mesmo quando repetimos fielmente a advertência do Senhor não cremos nele muito profundamente. Ainda encontramos identidade e significado em nossas posses materiais e nos sentimos despidos de importância quando elas são reduzidas. Muitos de nós somos como este triste homem que se encontrou na própria presença de Jesus sem uma indicação sobre o que era a vida. Passamos nossos dias em reuniões de igrejas e aprendemos somente a servir a nós mesmos. O homem de nosso texto necessitava, como freqüentemente precisamos, ver-se como o cego simplório que ele era. Então, o Senhor mostrou-lhe o espelho em sua Parábola do Rico Tolo (Lucas 12:16-21).

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