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terça-feira, 27 de outubro de 2015

LEI E FÉ

“Será que Deus é somente dos judeus? Não é também dos gentios? É também dos gentios, visto que Deus é um só, o qual justificará por meio da fé os da circuncisão, e também por meio da fé os da incircuncisão.” (Atos 3.30). Os israelitas eram exclusivistas e etnocentristas, mas isso era se esperar em um mundo em que todos os povos eram também exclusivistas e etnocentristas. Aliás, até hoje o problema existe; não é por acaso, por exemplo, que se diz que “Deus é brasileiro”. Assim, pensavam os judeus que o Deus que se revelou a Moisés, o Eu Sou, era o Deus deles, e cada uma das outras nações tinha o seu próprio deus ou deuses. Eles, os judeus, tinham um só, e era “propriedade” deles. A questão da promessa feita por Deus a Abraão de que ele seria pai de muitas nações e que por meio dele todas as famílias da terra seriam abençoadas, era resolvida pelos israelitas pela via supremacista. Como ensinavam os rabinos, os herdeiros de Abraão seriam os “donos do mundo” e as demais nações seriam abençoadas por Deus pelo fato de serem vassalas da nação eleita. Paulo combate essa visão na Carta aos Romanos. Primeiro, ele diz que “ninguém será justificado pelas obras da lei, porque pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm.3.20) e, “onde não há lei também não há transgressão” (4.15). Portanto, conclui, em vez de ser anulada pela fé, a lei é confirmada por ela (3.31). Infelizmente a lei não pode livrar nem mesmo o judeu da transgressão, pode somente evidenciá-la, essa é a sua função. A fé, então, torna-se necessária e imprescindível para que tanto o judeu como o não judeu seja absolvido do pecado. Segundo, ele diz que a fé exclui todo motivo de orgulho (3.27). Todo exclusivismo, etnocentrismo, supremacismo, cai por terra. Deus nivela todos, circuncisos e incircuncisos, por estabelecer uma única possibilidade de justificação: arrependimento e fé em Jesus para o perdão dos pecados. Tanto judeus como gregos estão debaixo do pecado (3.9) e necessitam ser justificados pela graça de Deus, por meio da redenção em Cristo Jesus, cujo sacrifício satisfez a justiça de Deus, que exigia a punição do pecado evidenciado pela lei (3.24,25). Assim Deus continua justo e cumpre a lei, mas ao mesmo tempo torna-se justificador, exercendo a graça (3.26). Terceiro, Paulo diz que a fé é que dá sentido à encarnação, paixão e ressurreição de Jesus: “Jesus, nosso Senhor, (....) foi entregue à morte por causa das nossas transgressões e ressuscitado para a nossa justificação” (4.25). Essa é a razão da nossa paz, da nossa esperança, da nossa perseverança, da nossa libertação, da nossa nova maneira de viver. A lei não pode dar-nos nada disso. A lei exige o sacrifício pelo pecado; a morte e a ressurreição de Jesus são a solução definitiva da demanda da lei.

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