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sexta-feira, 18 de setembro de 2015
A ESCOLHA
O mundo é uma praça em que todos querem ter razão.
Todos pedem atenção.
Uns estão certos de que falam a verdade.
Outros sabem que mentem em busca da adesão.
Outros usam bandeiras como forma de experimentação:
se der certo, dirão que disseram; se der errado, negarão.
Outros encostam os ouvidos na pública opinião
e tornarão sua a ideia que tiver maior aceitação.
Os ouvidos entoam o refrão
de que pensam com precisão,
embora suas escolhas conheçam muita variação;
às vezes, na mesma frase fica exposta a contradição.
As palavras estão convictas que sua decisão
é baseada na lógica, na ciência, na racionalidade,
embora sejam escravas da mais forte argumentação,
que tem lógica própria, até ciência própria, em que a verdade
é assassinada no picadeiro da política e da vaidade,
em que o bom é o que vira diversão
e converte toda a sociedade
para ter a mesma sensação,
não importa se para a vida ou para a perdição.
Onde está a verdade? -- não é esta a questão,
Se, como disse Jesus, conhecer a verdade traz libertação,
muitos são os que escolhem a escravidão,
desde que sigam na mesma direção
de pensar o que todos pensam,
de ir onde todos vão,
de gostar do que dita a publicidade.
Algemas na mão,
os ouvidos alardeiam liberdade;
dotados de tornozeleiras para lhes dar orientação,
os pés garantem que estão seguros em sua limitação.
O que buscam é o aplauso da multidão,
mesmo que tenham que desfilar com uniforme de prisão.
Houve um homem no passado chamado João.
Entre as possibilidades, ele preferiu a reflexão,
embora isto lhe custasse o próprio pão.
Tanto lhe temeram que decretaram sua separação,
de Éfeso, cidade em ebulição,
para Patmos, ilha no mar da desolação.
Feliz foi. Era linda a sua visão.
Felizes são os que não choram de saudade
por terem perdido o que não tem valor na realidade.
Felizes são os que preferem ir para o silêncio junto com a verdade.
Felizes são os que, entre a passarela da ilusão
e a simplicidade do Logos da feliz razão,
preferem a verdade, mesmo que pareça solidão.
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