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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

IMIGRANTES

Uma pergunta perpassa a história da humanidade: quem é o nosso próximo, a quem devemos amar? A resposta mais sincera é também a mais cruel e a mais cínica: ele é o nosso inferno, porque pode tirar de nós o que temos. Sim, nosso próximo pode ser um inferno, mas em outra medida, que é quando revela o que há de pior em nós, que é a nossa incapacidade de amar o outro. No entanto, o nosso próximo pode ser o céu da solidariedade, que se manifesta quando a sua necessidade se torna a nossa, quando nós estendemos a mão, quando a morte dele dói em nós como se fosse alguém da nossa própria família. Infelizmente, o outro pode ser o inferno. Felizmente, o outro pode ser o céu, lugar de pessoas que se veem como iguais. Somos pessoas do céu quando o drama do imigrante se torna o nosso. Venha o imigrante de perto ou fuja de longe, ele é um igual a nós. Se ele atravessou ruas ou mares para chegar à nossa calçada, devemos descer e recebê-lo. Mesmo que por aqui as coisas estejam ruins, de onde ele veio está pior; por isto, arriscou sua vida e devemos ser para ele um porto seguro, uma oportunidade de ser novamente humano. Nos tempos bíblicos, três eram as categorias de pobres, a serem amados e protegidos: a viúva, o órfão e o imigrante. O imigrante é o pior dos pobres, porque à sua escassez se soma à rejeição de que é vítima. Diante dele o nosso egoísmo pode encontrar sua face mais sombria, quando se traveste de economia e nos faz desejar que vá para longe para não tirar o nosso emprego ou o nosso sossego. O ódio se mostra em muitos disfarces. Já o amor é transparente: está no copo de água oferecido, no litro de leite aquecido, no colchão estendido, no trabalho oferecido, na casa em que é recebido, no gesto que diz ao próximo que ele é bem-vindo.

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