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terça-feira, 15 de agosto de 2023

CANCELAR

 A CULTURA DO CANCELAMENTO E O TRIBUNAL DAS REDES SOCIAIS 


O termo “cultura do cancelamento” tem ganhado destaque nos últimos anos no ambiente virtual e diz respeito à resposta dada por internautas a políticos, artistas, esportistas, empresas, influenciadores digitais ou qualquer outra figura pública (inclusive líderes religiosos) com o objetivo de provocar uma debandada de seguidores em reação a algum tipo de postura considerada condenável, ofensiva ou preconceituosa.


Trata-se, portanto, de uma espécie de tribunal cibernético. Trocando em miúdos: alguém se depara com uma ação que considera errada nas redes sociais; registra esta falha e posta para os seus seguidores com críticas ácidas (às vezes, desproporcionais). Em pouco tempo, cria-se uma onda de protestos que conta com a adesão de milhares de internautas, muitos deles, formadores de opinião. O estrago está feito. A pessoa criticada passa a sofrer um “cancelamento”, perdendo seguidores em ritmo acelerado. 


Não haveria punição pior para os que vivem em função de sua imagem e da repercussão de seu trabalho pelas redes sociais. 


De acordo com o dicionário Merriam-Webster, a definição do termo "cancelar" é "destruir a força, efetividade ou validade". Portanto, quando uma pessoa diz que está cancelando uma celebridade, é isso que ela está intentando fazer.


Quais as origens desse fenômeno? O que levaria alguém a ser cancelado? A cultura do cancelamento realmente funciona? Haveria precedentes que remontem a eras anteriores à cibernética?


Cancelar representa um ataque à reputação do alvo. Ele pode perder o emprego ou um contrato, perder seguidores e ter baixas representativas que afetam tanto a sua vida profissional, quanto a pessoal. 


Argumentos favoráveis à cultura de cancelamento afirmam que o movimento faz com que as manifestações das figuras públicas nas redes sociais sejam mais responsáveis. Mas seus críticos dizem que, apesar da ideia sugerir uma nobreza de intenção, na prática pode apresentar problemas, sobretudo, quando não se oferece à pessoa cancelada a oportunidade de se redimir ou de se desculpar. Sem contar que um dos elementos que podem levar a tal veredito são as fake news divulgadas por haters, trolls ou mesmo por alguém que se beneficie deste cancelamento, como por exemplo, uma empresa concorrente. 


Portanto, o cancelamento pode ser uma ferramenta útil, desde que usada com responsabilidade. Não há razão, por exemplo, de repercutir discursos de ódio, exceto com o objetivo de expô-los e contradizê-los. 


Encontramos diversas orientações bíblicas acerca disso. O próprio Jesus diz: “Não julgueis pela aparência, mas julgai segundo o reto juízo” (João 7:24). Nem tudo é o que parece. 


Por outro lado, temos que saber separar. Não preciso cancelar um artista por discordar de seu posicionamento político, a menos que ele mesmo esteja usando de sua fama para disseminar ódio e intolerância. Há que se tomar os devidos cuidados para não jogar fora a criança com a água do banho. O apóstolo Paulo diz que devemos examinar tudo, retendo o que for bom (1 Tessalonicenses 5:21). Mas por outro lado, também não podemos fazer vista grossa a certas posturas simplesmente por admirarmos a uma personalidade do mundo artístico, político ou esportivo. 


Segundo o apóstolo Paulo, “há muitos insubordinados, faladores vãos, e enganadores (...) aos quais é preciso tapar a boca; porque transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância” (Tito 1:10,11).


Não se trata de impor censura, mordaça, cerceando a liberdade de expressão, mas de não reverberar seu discurso, servindo-lhe de megafone. Por isso, concordo com medidas drásticas como as tomadas pelas redes sociais em banir pessoas que incentivem a intolerância, o preconceito e a desinformação.

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