Total de visualizações de página

terça-feira, 28 de abril de 2015

SE O JUIZ NÃO VIU

Numa partida de futebol, as regras são claras. Por isto, há uma comissão de arbitragem para vigiar os lances dos que estão em campo e mesmo à margem dele. Do lado de fora, nas arquibancadas ou nos sofás da sala, fazemos também nossos julgamentos. Todos querem vencer. Os jogadores querem sair vitoriosos. Os torcedores querem que seu time vença. Faz parte do jogo. E pode ser até que enganar faça parte do jogo. Se, do nosso time, um atacante leva um leve empurrão, cai na área e o juiz, enganado, assinala "pênalti", não questionamos e esperamos que o batedor nos faça gritar "gol'. É como se, a favor do nosso time, tudo fosse permitido. Quando isto acontece, podemos justificar: se o juiz não viu, não aconteceu! Podemos chegar ao ápice de comemorar um título obtido com um gol feito com a mão. A noção de "certo e errado" fica suspensa. Transferimos toda a moral para o juiz. Se ele não viu, o certo não foi infringido. Se ele não viu, o errado deve ser aplaudido. Assim, um bom jogador, além de ser inteligente e hábil, precisa ser bom na arte de enganar. Em nenhum outro campo somos tão condescendentes. Os mesmos que não toleram que o professo minta, que o pastor trapaceie ou que o político furte são capazes de incensar o jogador que simula uma falta para que o adversário seja punido, que retarda o jogo para continuar vencendo, que encena uma violenta cotovelada no olho quando ganhou apenas um toque suave no peito. Alguém poderá argumentar: isto é o futebol. O problema é que o argumento só prevalece para os vencedores. Os perdedores ficam indignados. Quando se calam, é para não serem alvo do deboche dos vencedores. No jogo das quatro linhas, a linha do certo e do errado não deveria depender do que o juiz viu. Sabemos que vale o que ele viu, mas nunca deveríamos achar que o errado se tornou certo porque ele não viu. A paixão não pode estar acima da moral. Em nenhum campo da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ALGO

 O homem paciente dá prova de grande entendimento, mas o precipitado revela insensatez.”  PROVÉRBIOS 14:29 Ser longânimo é o mesmo que ser ...