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sábado, 15 de agosto de 2015

Começou pequeno, humilde. Recém-saído do seminário, seu coração ardia pelas coisas de Deus. Orava sempre e para pregar estudava o texto como havia aprendido. Queria fazer o melhor para Deus. Seu povo era humilde. Não entendia muito bem o que ele pregava, especialmente as citações de teólogos famosos e os detalhes do original grego e hebraico que ele trazia para aprofundar a mensagem. Teve sorte. Uma igreja do centro ficou sem pastor e alguém sugeriu o seu nome. Despediu-se da congregação e aceitou o pastorado da igreja central. Sucesso absoluto. Dedicou-se ao máximo. Não tinha tempo para muita coisa, a não as coisas da igreja mesmo. “Muito serviço”, dizia para a esposa já grávida do primeiro filho. A igreja cresceu. A arrecadação aumentou. Começou a ser convidado para pregar em outras cidades, participar em alguns seminários. Dizia para esposa, gravida do seu segundo filho, que Deus estava lhe abrindo as portas. Como era de se esperar recebeu o convite para pastorear na cidade grande. Igreja com estrutura, várias secretárias, equipe pastoral. Ele se sentia como o CEO de uma mini empresa. Não tinha tempo para nada. As crianças cresciam e parece que era um azar. Sempre que havia algo na escola delas, estava acontecendo um congresso, ou a igreja estava em uma campanha especial. A esposa cobrava sua presença. Ele respondia que não podia fazer tudo. Era temporário, as coisas iriam se ajeitar. Já com o nome feito na denominação, era sempre escolhido para as assembleias nacionais. Inclusive foi votado para um dos cargos na diretoria. Seus amigos diziam que em pouco tempo ele estaria na presidência da igreja. Já não orava mais. Tendo adquirido experiência de púlpito, não estudava mais os textos. Pensava em algo durante o louvor e com maestria o desenvolvia. Poucas pessoas percebiam a superficialidade da pregação. Era inclusive elogiado pela perfeita oratória. Os filhos já jovens estavam afastados da igreja. Não podiam entender como uma igreja que fala do amor de Deus a todos tirou deles o amor do pai. A esposa, resignada, já não dizia mais nada. Limitava a ficar em casa ou visitar os pais quando podia. O povo perguntava por ela e ele dizia que estava ocupada. Ganhou o “mundo” inteiro e no processo perdeu a alma.

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